A obstipação crónica ou prisão de ventre é um problema de saúde que acontece frequentemente aos idosos. Este desconforto digestivo crónico pode afetar seriamente a vida do idoso.
Esta situação pode fazer com que não queiram comer ou fazer exercício e pode tornar os idosos rabugentos e pouco cooperantes.
Pode também causar comportamentos indesejados em pessoas com Alzheimer ou demência como retirar a roupa em momentos inapropriados.
Os idosos têm maior probabilidade de ter obstipação crónica por diversas razões.
Desde os efeitos secundários de medicamentos como opiáceos para a dor, antidepressivos, anticonvulsivos e anti-histamínicos.
Ou outros problemas de saúde como tumores, doença de Parkinson, ou problemas de tiroide, até ao abrandamento ou enfraquecimento do sistema digestivo devido ao envelhecimento ou fragilidade.
O tratamento mais comum para a prisão de ventre é a utilização de medicamentos, mas existem algumas estratégias que podem ajudar, sem aumentar a quantidade de medicamentos que, por norma já costumam ser em grande quantidade na vida dos idosos.
O que é a obstipação?
A regularidade intestinal ótima pode variar de pessoa para pessoa. Mas mais de 3 dias sem um movimento intestinal é demasiado tempo. Durante este tempo as fezes tornam-se mais duras e mais difíceis de passar.
Os sintomas da obstipação incluem:
- Poucos movimentos intestinais
- Esforço para ter um movimento intestinal
- Fezes pequenas ou duras
- Sentimento de que tudo não saiu
- Abdómen inchado ou dor abdominal
- Vómito
Quando é que a obstipação é grave nos idosos?
A obstipação é uma preocupação de saúde muito comum que afeta pessoas de todas as idades, mas particularmente os idosos.
Costuma existir um estereótipo relacionado com as pessoas idosas que se relaciona com a função dos intestinos, mas a realidade é que todas as pessoas experimentam episódios de obstipação em algum momento das suas vidas.
A definição médica de obstipação é quando uma pessoa tem menos de 3 movimentos intestinais por semana, consistindo em fezes duras e secas que são difíceis de passar.
A tensão frequente durante o processo de eliminação das fezes é também um sintoma. Uma pessoa com obstipação queixa-se frequentemente de desconforto abdominal, inchaço e uma sensação de evacuação incompleta do intestino.
A obstipação crónica é caracterizada pela presença destes sintomas durante pelo menos três meses, durante pelo menos os 12 meses anteriores.
Existem muitas dúvidas sobre quanto tempo pode uma pessoa idosa passar sem um movimento intestinal.
Mas infelizmente, não existe uma resposta única e definitiva, uma vez que o metabolismo, dieta, estado de saúde, regime de medicação e outros fatores que influenciam cada pessoa são únicos.
É importante manter a vigilância se uma pessoa idosa alterar a sua frequência habitual para ir à casa de banho ou se queixar de desconforto.
Isto é particularmente importante para os idosos com demência que podem não ser capazes de articular que se sentem com prisão de ventre ou se lembram quando foi o seu último movimento intestinal.
Em caso de dúvida a melhor solução é discutir esta questão com o médico para obter recomendações personalizadas para lidar com casos de obstipação grave.
Por vezes a obstipação pode apresentar-se como um sintoma de outro problema de saúde. É importante procurar a causa subjacente e a sua manifestação, especialmente se os sintomas forem recorrentes ou de longa duração.
As causas possíveis incluem doenças intestinais, tais como diverticulite, síndrome do intestino irritável ou falta de fibra e água na dieta.
O que causa a obstipação crónica nos idosos?
As escolhas de estilo de vida como dieta e exercício físico desempenham um papel muito importante na digestão lenta. Mas, para as pessoas idosas, muitos destes fatores que contribuem para a obstipação são muito frequentes.
Por exemplo, a atividade física limitada é comum em idosos com problemas de mobilidade e os que estão acamados ou necessitam de repouso prolongado na cama.
Outro fator importante é que os idosos geralmente têm um mecanismo da sede mais fraco e muitas vezes sofrem de desidratação sem sequer o saberem.
Esta situação é ainda mais preocupante no caso dos idosos com demência que normalmente não consomem líquidos suficientes.
Muitas condições médicas crónicas e os medicamentos utilizados para as tratar contribuem também para a obstipação.
Por exemplo, condições que afetam os níveis hormonais ou os nervos e músculos em torno do cólon podem interferir com a capacidade de ter movimentos intestinais regulares.
A eliminação infrequente pode ser causada por desequilíbrios hormonais devidos a diabetes e problemas da tiroide, problemas neurológicos associados à doença de Parkinson, AVC e esclerose múltipla, bem como problemas com os músculos da zona pélvica.
Inúmeros medicamentos utilizados para tratar estes e outros problemas de saúde apresentam a obstipação como um efeito secundário.
Antidepressivos, anticonvulsivos, anti-histamínicos, antiácidos, diuréticos, bloqueadores dos canais de cálcio e suplementos de ferro são alguns dos medicamentos que mais frequentemente podem causar problemas.
Outro tipo de medicamentos tem um impacto especialmente negativo pelos seus efeitos no sistema digestivo.
É o caso, por exemplo, dos analgésicos narcóticos ou opioides, que são notórios por interferir na digestão, mas são frequentemente prescritos para idosos com doenças como artrite, cancro, neuropatia e fibromialgia, bem como após uma lesão, cirurgia ou infeção
Qualquer um destes fatores pode contribuir para a irregularidade, mas a obstipação é inevitável quando várias destas situações estão presentes ao mesmo tempo.
A obstipação crónica pode ser curada?
A maioria dos profissionais de saúde prefere tratar a obstipação de forma mais conservadora no início, na esperança de que a questão se resolva por si só.
Uma primeira estratégia é encorajar uma pessoa a incorporar mais fibra na sua dieta, exercitar mais e aumentar a sua ingestão de líquidos, especialmente de água.
Embora estas medidas possam trazer alívio para algumas pessoas, podem não ser eficazes ou realistas para pessoas idosas com múltiplas comorbilidades que têm movimentos intestinais difíceis ou pouco frequentes há algum tempo.
Embora possa ser contraintuitivo, é importante ter mente que o uso de laxantes pode exacerbar os sintomas em alguns casos.
Estes medicamentos de venda livre destinam-se a ajudar o intestino a mover as fezes e são tipicamente o remédio para as pessoas com prisão de ventre.
Contudo, os amaciadores de fezes são frequentemente preferidos aos laxantes estimulantes e aos laxantes osmóticos, que podem causar efeitos adversos como desequilíbrios eletrolíticos e síndrome do intestino preguiçoso.
A utilização de demasiados laxantes estimulantes atrasa demasiadas vezes os movimentos naturais, tornando o intestino preguiçoso e quando isto acontece, o intestino já não é capaz de passar fezes sem o uso de medicamentos laxantes.
Cada vez mais, a medicação será necessária para estimular qualquer tipo de movimento, o que pode ser difícil de reverter. O intestino consiste em muitos músculos que desempenham um papel na evacuação, mas estes não podem ser reforçados da mesma forma que outros músculos do corpo.
Apesar de ser considerado necessário deixar passar três meses de obstipação crónica, é importante procurar ajuda médica logo que os sintomas comecem a interferir com as atividades diárias e com a qualidade de vida.
Há diferentes causas e diferentes tipos de obstipação, muitas das quais podem e ocorrem de facto, particularmente em idosos, não havendo nenhuma formula mágica que trate todas estas causas de só vez.
Pode parecer inútil, mas manter um diário alimentar e rastrear os movimentos intestinais, como a frequência, tempo, sintomas e descrição, pode ajudar o médico a obter uma imagem precisa da dieta e dos sintomas.
Uma lista completa de medicamentos e o historial médico também contribuem para excluir causas subjacentes e decidir se são necessários testes de diagnóstico para recolher mais informações.
Os tratamentos possíveis podem incluir uma mudança no programa de laxantes, medicação prescrita, entre outras intervenções.
Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para corrigir algumas perturbações intestinais subjacentes, como por exemplo, prolapso ou bloqueio, mas a intervenção cirúrgica só raramente é recomendada para obstipação crónica grave e intratável que não responde a outros tratamentos menos invasivos.
6 remédios caseiros que podem ajudar a obstipação em idosos
A obstipação pode muitas vezes ser resolvida com soluções menos invasivas e métodos mais acessíveis a qualquer pessoa.
Mas se a situação não melhorar num breve período de tempo, é importante falar com o médico, para verificar se a obstipação é um sintoma de um estado de saúde mais grave.
Evitar a obstipação com alimentos
Evitar comer alguns alimentos como:
- Arroz branco e outros grãos refinados
- Bananas não maduras
- Chá
- Queijo
- Chocolate
Comer e beber regularmente outro tipo de alimentos
Eis alguns exemplos:
- Feijões
- Grãos inteiros
- Legumes
- Frutos frescos e secos
- Nozes
- Alimentos com fibra
- Água
A água suaviza as fezes e estimula o intestino. No entanto, se o médico considerar que a obstipação é causada por um problema nervoso ou muscular, pode recomendar que o idoso coma menos fibra e, em vez disso, use medicamentos que adicionem água ao cólon para amolecer as fezes.
Exercício regular e vigoroso
O exercício e a atividade física regular são excelentes para a saúde em geral, tendo também um papel importante para ajudar a regular o sistema digestivo.
Estabelecer uma rotina diária
Estabelecer uma hora de banho regular e também responder imediatamente à necessidade de ir à casa de banho pode fazer uma grande diferença na saúde do intestino.
É uma boa estratégia ter uma rotina diária onde o idoso pelo menos tenta ir à casa de banho todos os dias à mesma hora. Mas sempre que existir a necessidade, devem ir imediatamente.
Tomar um suplemento diário de fibra solúvel
Adicionar um suplemento de fibra solúvel a bebidas pode ajudar o transito intestinal a funcionar melhor.
As fórmulas disponíveis são mais fáceis de tomar porque se dissolvem completamente, não são granulosas e não engrossam as bebidas. Também existem opções sem sabor que podem ser adicionadas a qualquer bebida.
Se o médico considerar que a obstipação é causada por um outro problema de saúde, pode recomendar que o idoso consuma mais ou menos fibra, consoante o necessário e pode recomendar a utilização de medicação.
Uso correto de laxantes
O uso a longo prazo de laxantes estimulantes não deve prejudicar o cólon ou causar dependência se forem usados em quantidades recomendadas.
Evidentemente, é essencial que o médico assistente prescreva o laxante, recomende uma dose apropriada e continue a monitorizar o idoso enquanto estiver a tomar o laxante.
A melhor altura para consultar o médico sobre um possível caso de obstipação é sempre o mais cedo possível, assim que surgirem os primeiros sinais de desconforto por parte do idoso. Não se deve adiar discutir a obstipação frequente ou contínua com o médico do idoso.
Se, entretanto, o idoso já tentou uma combinação de mudanças alimentares, exercício e remédios de venda livre e mesmo assim, o idoso não está a sentir qualquer alívio, o melhor é consultar o médico para excluir outras condições médicas.
Conclusão
A obstipação nos idosos é um problema de saúde que raramente é discutido com os cuidadores e só relutantemente mencionado aos médicos durante as consultas.
Apenas uma minoria das pessoas com obstipação procura ajuda médica, em geral, mas o problema agrava-se no caso dos idosos.
No entanto, esta atitude pode mascarar as questões sobre as consequências, causas e tratamento, o que, muitas vezes também resulta na incapacidade de obter um alívio eficaz para o problema.
Na maioria das vezes, tratamentos relativamente simples mostram ser adequados e alguns remédios caseiros, ainda que não resolvam completamente podem ajudar muito a aliviar os sintomas.
Nos casos ainda mais complexos, como os que envolvem uma desordem de origem muscular na pélvis, a opção é recorrer a medicação que geralmente tem um efeito eficaz.
A obstipação crónica pode acompanhar uma longa lista de problemas médicos como uma estricção ou tumor, perturbações neurológicas como a doença de Parkinson ou esclerose múltipla, ou condições metabólicas como problemas da tiroide, ou baixos níveis sanguíneos de magnésio.
A obstipação também pode ser um efeito secundário de medicamentos, especialmente opiáceos, bem como alguns antidepressivos, anticonvulsivos e anti-histamínicos.
Embora haja a ideia de que o não esvaziamento diário do intestino pode resultar numa autointoxicação, em que a absorção de substâncias venenosas produzidas a partir de alimentos parcialmente digeridos e subprodutos alimentares nos intestinos, pode ser prejudicial.
Esta situação tem sido associada a uma série de doenças, incluindo tensão arterial elevada, artrite, aterosclerose, doença da vesícula biliar, vários cancros e doenças de pele. Mas um movimento intestinal diário não é essencial para uma boa saúde.
Até ao momento não há provas de que a comida que fica no intestino conduza à acumulação de toxinas.
A situação de obstipação é considerada quando menos de três movimentos intestinais por semana, ou movimentos intestinais duros, secos e pequenos que são dolorosos ou difíceis de passar, resultando frequentemente em dor ou inchaço abdominal.
Comer mais alimentos com bastante fibra pode ser muito eficaz na contenção da obstipação.
Beber bastante água durante o dia e beber um copo cheio de água antes de dormir para ajudar a amolecer as fezes e outro após o despertar para estimular o intestino, pode fazer uma grande diferença.
A utilização de laxantes estimulantes durante muitos anos e com mais de uma dúzia de vezes a dose sugerida pode danificar os nervos e músculos do cólon, pode ser prejudicial, mas os laxantes não mostraram qualquer dano ao cólon quando são tomados em quantidades recomendadas.
Em alternativa aos laxantes, outros remédios mais suaves revelam-se muitas vezes úteis. Um exemplo é o exercício, quanto mais vigorosamente for feito, melhor. Outro é estabelecer uma hora de banho regular e responder prontamente ao impulso de defecar.
No entanto, a capacidade de prevenir a obstipação pode diminuir com a idade.
Por isso um suplemento diário de fibras solúveis dissolvido em sumo ou água e uma dose duas vezes por dia de um amaciador de fezes, podem ser utilizados com segurança por um longo tempo e pode ser muito útil.
Por muito boa que a fibra dietética seja utilizada normalmente para manter um intestino saudável, pode ser prejudicial quando a causa da obstipação é fraqueza muscular ou um problema nervoso.
Nestes casos, é melhor comer menos fibra e substituir por medicamentos com água para ajudar a amolecer as fezes.
Outras estratégias que se podem usar são, por exemplo, exercícios respiratórios profundos 10 vezes por dia e massagem abdominal acima do cólon duas vezes por dia, que podem trazer algum alívio quando a situação fica mais complicada.
Nunca é demais sublinhar a importância de consultar um especialista quando a obstipação persiste e não responde adequadamente às medidas de autoajuda de dieta, exercício e remédios de venda livre ou caseiros.
Só assim se pode garantir que o idoso receber todo o cuidado possível para ter mais conforto e qualidade de vida.
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Referências:
- Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia
- Dailycaring.com
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