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Cancro do estômago: O que é, como tratar e como prevenir?

Cancro do estomâgo

O cancro do estômago é muito frequente em Portugal, em particular no Norte do país, mas nas últimas décadas verificou-se uma diminuição da incidência deste tumor no país.

Esta evolução positiva está provavelmente associada à alteração dos hábitos alimentares da população e à melhoria dos cuidados de saúde, onde se inclui um acesso mais facilitado a exames de despiste como a endoscopia.

Outro fator que contribui para a diminuição de incidência da doença tem a ver com os processos de conservação da comida, que têm melhorado ao longo do tempo e são utilizados de uma forma mais generalizada.

Portugal tem realizado ensaios clínicos para tentar descobrir e testar novas metodologias para prevenir, detetar, diagnosticar e tratar o cancro do estômago.

O Japão, apesar de ser a terceira maior economia do mundo, é o que registra o maior número de casos da doença em todo o planeta.

O que é cancro do estômago?

O que é o cancro gástrico

O cancro do estômago, também conhecido por cancro gástrico tem origem nas células da camada interior do estômago, mas pode desenvolver-se em qualquer parte do órgão, resultando da divisão descontrolada das células epiteliais do estômago, que constituem o tumor.

As células cancerígenas, muitas vezes, invadem os tecidos circundantes e disseminam-se para outros órgãos adjacentes ou distantes como os pulmões ou ovários.

Existem 3 tipos diferentes de cancro do estômago:

  • Adenocarcinoma: corresponde a 95% dos casos e tem origem nos tecidos glandulares. Tem um crescimento rápido e agressivo, com capacidade para gerar metástases.
  • Linfoma: ocorre em 3% dos casos e afeta os linfócitos, as células responsáveis por proteger o corpo de infeções e doenças.
  • Leiomiossarcoma: menos frequente, ocorre em cerca de 2% dos casos e afeta os tecidos musculares.

Quais as causas de cancro do estômago?

Causas do tumor gástrico

O tumor desenvolve-se como os outros tumores, a partir de um erro de ADN nas células que faz com que se multipliquem rápida e descontroladamente, mas as causas específicas do cancro do estômago não estão ainda completamente esclarecidas.

Algumas causas possíveis são:

  • Infeção pela bactéria Helicobacter Pylori: não há uma clara evidência de que as úlceras de estômago tenham uma relação direta com o surgimento de cancro do estômago, no entanto, alguns estudos sugerem que esta bactéria, responsável pela inflamação do estômago, também conhecida como gastrite e pelas úlceras, constituem um importante fator de risco para o desenvolvimento da doença.
  • Sexo: esta doença tem uma incidência 2 vezes superior nos homens do que nas mulheres.
  • Consumo de tabaco.
  • Idade: tem uma maior incidência nas pessoas com mais de 55 anos.
  • Ingestão de alimentos mal armazenados e mal preparados: fumeiro, secagem, salga ou vinagre.
  • Alimentação rica em sal e pobre em vegetais e frutas.
  • Antecedentes familiares: ter um familiar de primeiro grau que tenha tido cancro aumenta a probabilidade de desenvolver a doença.
  • Gastrite crónica: inflamação do estômago, sobretudo se esta for associada a anemia perniciosa.
  • Existência de pólipos do estômago.
  • Alterações nas células epiteliais do estômago.
  • Exposição a pós e fumos.

Qual o tratamento do cancro do estômago?

Tratamento do tumor gástrico

O tratamento da patologia vai depender de vários fatores. O médico poderá apresentar várias opções de tratamento tendo em conta o tamanho, localização e extensão do tumor, o estádio da doença, o estado geral da pessoa e de outros fatores.

O doente pode fazer apenas um tipo de tratamento ou uma combinação de tratamentos:

Cirurgia

É o tratamento mais comum. É feita uma gastrectomia, o cirurgião remove uma parte ou a totalidade do estômago e se necessário, também algum do tecido circundante.

Quimioterapia

Utilização de fármacos para matar as células cancerígenas. A quimioterapia pode ser constituída apenas por um fármaco, ou por uma associação de fármacos.

Estes podem ser administrados oralmente, sob a forma de comprimidos, ou através de uma injeção na veia. Estes fármacos entram na corrente sanguínea e circulam por todo o organismo. Este tipo de tratamento designa-se por terapêutica sistémica.

O tratamento por quimioterapia é feito por ciclos de tratamento, repetidos com uma regularidade específica, de acordo com cada situação em particular.

As sessões podem ser feitas durante um ou mais dias, existindo de seguida um período de descanso, para recuperação, que pode ser de vários dias ou mesmo semanas, antes da sessão seguinte.

A maioria dos doentes faz o tratamento em regime de ambulatório, que pode ser no hospital, consultório médico ou no domicílio. No entanto, em algumas circunstâncias, os doentes ficam internados no hospital, enquanto fazem a quimioterapia, esta situação depende do tipo de fármaco, e do estado geral de saúde da pessoa a tratar.

A quimioterapia pode ser combinada com radioterapia e cirurgia. Quando é aplicada antes da cirurgia, é chamada de terapêutica neoadjuvante e tem como objetivo a diminuição do tamanho do tumor.

A quimioterapia administrada logo após a cirurgia, é chamada de terapêutica adjuvante. Aqui, o objetivo é destruir as células cancerígenas remanescentes, e prevenir a reincidência do tumor, no estômago ou noutro local.

A quimioterapia também é usada como paliativo nos casos de doença avançada, o intuito é controlar a doença e sua sintomatologia.

Radioterapia

Radioterapia para o tratamento do cancro do estômago

É um tratamento local, atingindo apenas as células cancerígenas na zona afetada. São usados raios de elevada energia, para matar as células cancerígenas. Por vezes, a radioterapia é aplicada depois da cirurgia, para destruir células cancerígenas que possam ter ficado na área do tumor.

Quando a radioterapia é externa, a radiação provém de uma máquina. Para este tratamento, a maioria das pessoas vai ao hospital ou clínica. Geralmente, os tratamentos são realizados durante 5 dias por semana, durante 5 a 6 semanas. A radioterapia também pode ser usada como paliativo para aliviar a dor.

Imunoterapia

É uma forma de tratamento que “ajuda” o sistema imunitário a atacar, e destruir, as células cancerígenas. Também contribui para o organismo recuperar de alguns efeitos secundários do tratamento.

Está a ser estudada em associação a outros tratamentos, para prevenção da recorrência do cancro do estômago. Para administrar alguns tipos de imunoterapia, o doente pode ter que ficar no hospital.

Ensaios clínicos

Muitos doentes são tratados no âmbito de ensaios clínicos. Os ensaios clínicos possibilitam a descoberta de novas abordagens para a prevenção, deteção, diagnóstico e tratamento do cancro do estômago que sejam seguras e eficazes.

São desenhados e realizados para responder a importantes questões científicas e fazem comparações entre métodos ou tratamentos recentes com outros largamente estudados e já instituídos.

Devido ao progresso obtido através dos ensaios clínicos, muitas pessoas tratadas para o cancro do estômago, vivem agora com mais tempo e com melhor qualidade de vida do que no passado.

Quais os sintomas do cancro do estômago?

Sintomas do cancro gástrico

Os sintomas de cancro do estômago podem ser similares aos sintomas de outras doenças e vagos, o que torna esta doença difícil de ser detetada precocemente. Por isso, é sempre recomendável que os sintomas sejam verificados e avaliados por um médico.

Os sintomas que podem ser associados à doença são:

  • Indigestão ou sensação de ardor ou azia
  • Desconforto ou dor no abdómen
  • Náuseas e vómitos
  • Diarreia ou obstipação
  • Dilatação do estômago, após as refeições
  • Perda de apetite
  • Fraqueza e cansaço
  • Hemorragia com vómito de sangue ou sangue nas fezes
  • Enfartamento depois de comer
  • Perda de peso
  • Sangue nas fezes
  • Dificuldade para engolir
  • Icterícia
  • Acumulação de líquido na cavidade abdominal
  • Sensação de saciedade após a ingestão de pequenas quantidades de comida
  • Dor de estômago
  • Vómito com sangue
  • Sangue nas fezes

Como é feito o diagnóstico?

Diagnóstico médico do tumor do estômago

O médico irá pedir a realização de vários exames complementares para estabelecer o diagnóstico. Além das perguntas relacionadas com a história clínica e familiar do doente, bem como a execução de um exame físico, o médico pode ainda pedir análises sanguíneas, raios-X ou outros exames.

Um dos exames que pode ser feito é a análise histológica do tumor, para identificar em que nível de desenvolvimento se encontra o tumor. Estes níveis compreendem uma escala de 4 estádios:

Estádio 1: o tumor está limitado à camada de tecido que reveste o interior do estômago, no entanto, as células cancerosas também podem espalhar-se para os gânglios linfáticos adjacentes.

Estádio 2: o tumor está maior, tendo crescido para dentro da camada muscular da parede do estômago. Tem possibilidade de se espalhar.

Estádio 3: o cancro pode infiltrar todas as camadas do estômago. Ou pode ser um tumor menor que se espalha de forma mais ampla para os gânglios linfáticos.

Estádio 4: o tumor cria metástases e espalha-se para outros órgãos.

Outros exames:

Biópsia:  o patologista examina o tecido retirado do estômago pela endoscopia, ao microscópio para verificar a existência de células cancerígenas. É o único método seguro para a deteção de cancro.

Pesquisa de sangue oculto nas fezes (FOBT): o tumor pode provocar hemorragias que não se conseguem ver, e sangra. Com este exame clínico, podem ser detetadas pequenas quantidades de sangue nas fezes. Se for detetado sangue, serão necessários testes adicionais para encontrar a origem do sangue.

Radiografia: é realizada depois da pessoa ter bebido uma solução de bário, um líquido grosso e esbranquiçado semelhante a uma papa. O bário delimita o estômago, no raio-X, ajudando o médico a encontrar tumores ou outras áreas anómalas. Durante o exame, o médico pode bombear ar para o estômago, de modo a tornar mais visíveis os tumores pequenos.

Endoscopia: exame feito ao estômago e ao esófago, que utiliza um tubo fino e iluminado, o gastroscópio, que é inserido através da boca, seguindo pelo esófago até ao estômago. Através do gastroscópio, o médico pode ver o interior do estômago. Se encontrar uma área anormal, pode remover algum tecido, através do gastroscópio, para fazer uma biópsia.

Quais as complicações?

As complicações do cancro do estômago

As complicações mais proeminentes são resultado dos tratamentos, que podem ser agressivos para o organismo. O tratamento pode danificar células e tecidos saudáveis e podem surgir efeitos secundários, que dependem principalmente do tipo de tratamento aplicado e a sua extensão.

Algumas complicações que podem surgir são:

Relacionadas com a cirurgia: limitação das atividades diárias, alimentação por via endovenosa, dificuldade temporária ou permanente, para digerir determinados alimentos, cãibras, náuseas, diarreia e tonturas depois de comer.

Decorrentes da quimioterapia: maior probabilidade de desenvolvimento de infeções, de fazer hematomas sangrar facilmente, fraqueza e cansaço, falta de apetite, náuseas e vómitos, diarreia e feridas na boca e lábios.

Relacionadas com a radioterapia: pele vermelha, seca e sensível na área tratada, náuseas e vómitos, cansaço.     

Cancro do estômago tem cura?

Cancro do estômago tem cura

As hipóteses de cura do cancro do estômago variam de acordo com o nível de gravidade e extensão do tumor.

O diagnóstico atempado ou precoce tem grande importância, dado que a profundidade de invasão da parede do estômago pelo tumor, invasão dos nódulos linfáticos e a existência de metástases ou não, determinam a chance de cura.

Nos estádios mais avançados, com existência de metástases, a possibilidade de cura é pequena, com menos de 5% em cinco anos, nas fases mais iniciais podem chegar a obter-se taxas de cura de 97 a 99%.

Como podemos prevenir o cancro do estômago?

Prevenir o tumor do estômago

Dado ainda não ser possível detetar a doença precocemente, para uma boa prevenção do cancro do estômago, é essencial adotar um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, rica em frutas e legumes e pobre em alimentos defumados, salgados ou de conserva e carnes gordas.

A prática de exercício físico e abstinência de álcool e tabaco, são outras medidas importantes para a prevenção da doença.

Conclusão

Conclusão do tumor gástrico

Apesar de o cancro do estômago ter ainda uma incidência relevante em Portugal, é uma doença curável numa grande parte dos casos.

Numa doença como esta em que é difícil de identificar no estado inicial, o diagnóstico atempado é essencial para se atingir um patamar sem doença e assim se alcançar a cura.

A fase de evolução da doença no momento em que é diagnosticada é fundamental para o sucesso do tratamento, porque quanto menos avançada estiver a doença e mais localizada for, maior a possibilidade de ser superada. Quanto mais inicial for a patologia, mais fácil será controlar a progressão da doença.

Atualmente a grande maioria dos doentes com cancro de estômago na fase inicial podem ser curados e os doentes em fase intermédia têm boas hipóteses de cura.

Nunca é demais lembrar que a adoção de um estilo de vida saudável com uma alimentação equilibrada, exercício físico regular e a abstenção de consumo de álcool e tabaco, também fazem parte da equação que pode evitar o desenvolvimento ou dificultar o progresso do cancro do estômago.

Nos centros Mais que Cuidar pode encontrar uma gama completa de produtos e serviços que dão uma ajuda importante no apoio e na qualidade de vida dos doentes com cancro, prestando cuidados de saúde ao domicílio (apoio domiciliário, fisioterapia, enfermagem) e produtos de apoio para comprar ou alugar.

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Referências:

*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.

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