As hormonas libertadas pela tiroide têm uma influência considerável em quase todos os tecidos e órgãos do corpo humano, assumindo um papel regulador de muitas funções do organismo.
Em Portugal cerca de 10% da população sofre de doenças da tiroide e quando esta glândula produz hormonas em excesso, todo o organismo se ressente e estamos perante um caso de hipertiroidismo.
Embora possa ocorrer nas mulheres e nos homens, afeta sobretudo o sexo feminino, sendo mais frequente entre os 30 e os 50 anos, mas apresenta um maior número de casos à medida que a idade aumenta, sobretudo por volta dos 60 anos.
Quando a doença se manifesta por um aumento de volume da tiroide que é visível na zona do pescoço junto à garganta, é também designada como bócio.
As hormonas produzidas pela tiróide são fundamentais na regulação do organismo, contribuindo para a regulação da tensão arterial, funcionamento da digestão, frequência cardíaca e regulação da temperatura do corpo, entre muitas outras.
Por isso, quando há excesso de produção hormonal todas as funções orgânicas são aceleradas, o que provoca mal-estar e acaba também por fragilizar a saúde em geral.
Saiba mais sobre o hipertiroidismo e quais são os sintomas da doença neste artigo.
O que é o hipertiroidismo?
O hipertiroidismo é uma doença provocada pelo excesso de produção de hormonas da tiroide.
A tiroide é uma glândula localizada no pescoço que produz várias hormonas que desempenham importantes funções no organismo, como a regulação do metabolismo e da temperatura corporal.
Quando a tiroide produz hormonas em excesso e estas são libertadas na corrente sanguínea, o que vai afetar vários órgãos e funções do organismo.
Quando se dá o oposto e a tiroide não é capaz de produzir quantidades suficientes de hormonas necessárias à manutenção das reações químicas que mantêm as necessidades normais do organismo para viver, ocorre o hipotiroidismo.
Quais são as causas?
Em cerca de 70 a 80% dos casos de hipertiroidismo a causa é uma doença autoimune chamada doença de Graves ou bócio tóxico difuso.
No entanto, até ao momento não foi identificada uma razão específica que leva o sistema imunitário, quando inicia uma produção elevada de anticorpos, a despoletar a estimulação excessiva da tiroide, provocando a produção de hormonas em excesso.
Estes anticorpos alterados vão atuar sobre as células normais da tiróide, precipitando a sua hiperatividade. Apesar de ser a mais frequente, esta doença não é a única causa que leva ao hipertiroidismo. Outras causas podem ser encontradas:
- Inflamação da tiroide
- Tumores benignos da tiroide ou da gandula pituitária
- Ingestão excessiva de iodo
- Tumores nos testículos ou nos ovários
- Ingestão em excesso da hormona da tiroide por tratamento incorreto
- Historial da doença na família
Qual é o tratamento?
Para esta doença não existe só um tratamento. Dos diversos tratamentos disponíveis, a melhor opção para cada doente deve ser debatida como o médico endocrinologista, que irá individualizar a terapêutica de acordo com a gravidade da doença, a idade e historial de alergias do paciente.
Cada tratamento tem riscos e benefícios associados que devem ser amplamente debatidos entre o médico e o paciente.
Após o início do tratamento, deve ser feita uma monitorização regular e um acompanhamento médico frequente.
Essencialmente, existem 3 tipos de tratamento:
Medicamentos
Os medicamentos ajudam a diminuir a quantidade de hormonas que estão em circulação no sangue, controlando assim a sua produção. Estes medicamentos devem ser usados com cuidado e com acompanhamento médico, sendo que as doses variam de acordo com cada caso.
Os medicamentos betabloqueantes podem ajudar a melhorar alguns dos sintomas, no entanto não reduzem a produção de hormonas e o seu uso deve ser suspenso assim que a doença esteja controlada.
Ingestão de iodo
Este tipo de tratamento permite curar o hipertiroidismo através da atuação sobre as células da tiróide, levando à diminuição da sua capacidade de produção, o que por sua vez, permite normalizar a quantidade de hormonas que circulam no sangue.
O iodo é administrado oralmente e atua lentamente sobre a glândula, causando lesões nas células.
A administração da substância é acompanhada por medicamentos e acompanhamento médico. Este tratamento pode ser repetido durante um período de tempo.
Frequentemente a repetição desta terapêutica leva à destruição da tiroide ou à diminuição da sua função, nestes casos é necessário que o doente continue tratamento até ao final da vida com as hormonas da tiroide através de comprimidos, para manter os níveis normais no organismo.
Cirurgia
Para alguns doentes a opção de tratamento mais adequada é a cirurgia. O procedimento consiste na remoção de parte ou da totalidade da glândula.
A escolha por este tratamento tem de ser ponderada pelo médico e pelo doente, dado que, nos casos em que é feita a remoção da totalidade da tiroide, o paciente tem que receber tratamento hormonal até ao fim da vida.
Quais são os sintomas do hipertiroidismo?
A doença pode provocar uma grande variedade de sintomas com diferentes níveis de gravidade, que se assemelham a outras doenças, por isso é muito importante consultar o médico para que este possa fazer o diagnóstico mais adequado, caso surjam alguns destes sintomas:<
- Ansiedade
- Irritabilidade
- Insónias
- Palpitações
- Tremores nas mãos
- Cansaço muscular, sobretudo nos braços e coxas
- Suor excessivo
- Emagrecimento com aumento do apetite
- Irregularidades menstruais
- Hiperatividade
- Aumento do trânsito intestinal
- Intolerância ao calor
- Aumento da frequência cardíaca
- Olhos proeminentes e alterações na visão
- Arritmias
- Nervosismo
- Nódulos visíveis no pescoço na zona da tiroide
- Tiroide com volume aumentado
- Fadiga e fraqueza muscular
- Queda de cabelo
- Diarreia
- Pele fria e húmida
- Pele avermelhada
- Náuseas e vómitos
- Comichão
- Pele fina
- Alteração das unhas
No caso particular dos idosos, os sintomas podem ser mais discretos e incluir outro tipo de sintomas como arritmia cardíaca, apatia, confusão mental e anorexia.
Como é feito o diagnóstico?
Tendo em conta que os sintomas do hipertiroidismo são semelhantes a outras doenças, o exame médico é muito importante para chegar ao diagnóstico.
O médico fará, em primeiro lugar, um exame físico que pode envolver a palpação da zona do pescoço para verificar a existência de nódulos ou o volume da tiróide, a auscultação cardíaca e a verificação de tremores nas mãos.
Poderá também ser solicitada a realização de análises ao sangue para verificar os níveis hormonais e o funcionamento da tiroide. Para complementar, o médico pode também pedir a realização de uma ecografia ou uma cintigrafia da tiroide.
Quais são as complicações?
A complicação mais grave da doença é a tempestade tiroideia, em que ocorre um aumento acentuado dos sintomas do hipertireoidismo, provocado por uma infeção ou situação de stress. Nesta situação, pode ocorrer febre e dor abdominal, sendo necessário internamento no hospital.
Outras complicações possíveis são:
- Risco aumentado de desenvolvimento de osteoporose
- Insuficiência cardíaca
- Arritmia crónica
- Frequência cardíaca acelerada
O hipertiroidismo tem cura?
O hipertiroidismo pode ser facilmente controlado com tratamento e acompanhamento médico, não implicando qualquer risco de vida. Alguns sintomas mais leves podem ser controlados com o mínimo de intervenção farmacológica.
Quando a doença é despoletada por fatores autoimunes, pode trazer mais complicações e afetar a qualidade de vida do doente, por isso é extremamente importante procurar ajuda médica o mais precocemente possível.
Como fazer a prevenção?
Não é possível fazer uma prevenção ativa da doença. No entanto, é aconselhável procurar o médico assim que surgem os sintomas, sobretudo se houver um aumento visível da glândula ou a presença de nódulos no pescoço.
Análises sanguíneas regulares com verificação dos níveis hormonais pode ser uma forma de monitorização, facilitando um possível diagnóstico precoce.
Conclusão
Estima-se que mais de um milhão de portugueses é afetado por distúrbios da tiroide.
Da ansiedade às palpitações ou queda de cabelo, os sintomas do hipertiroidismo são muito parecidos a outros problemas de saúde comuns, o que leva muitas vezes à desvalorização da doença ou à atribuição dos sintomas a outra patologia.
Por esta razão, quando existe um problema com a tiroide, é muito frequente que passe despercebido. Embora seja possível detetar algum distúrbio desta glândula através de análise sanguíneas.
Como o seu diagnóstico não é fácil, o tratamento também pode demorar, mas assim que este começa é habitual haver uma melhoria significativa dos sintomas logo a seguir. Por isso é extremamente importante consultar o médico assim que possível.
Por outro lado, podem também praticar-se uma série de medidas que ajudam ao bem-estar do doente, como adicionar calorias e proteínas à dieta para compensar a perda de peso ou de massa muscular.
Estas alterações devem ser debatidas com o médico, porque na maior parte dos casos, são alterações temporárias, já que quando a doença fica controlada cessa a necessidade de complementar a alimentação.
Em algumas situações pode haver aumento excessivo de peso, nestes casos é importante manter uma dieta equilibrada com menor quantidade de calorias.
A ingestão de cálcio e vitamina D pode ajudar a minimizar o efeito do excesso de hormonas, que provocam alterações nos ossos, levando ao aparecimento de osteoporose. A dose recomendada é 1000 miligramas de cálcio por dia, para adultos com idades entre os 19 e 50 anos e homens dos 51 aos 70 anos.
No caso das mulheres com 51 anos ou mais ou homens com mais de 71 anos, os valores recomendados aumentam para 1200 mg por dia. Quanto à vitamina D, as doses diárias recomendadas são 600 Unidades Internacionais para adultos entre os 19 e 70 anos e 800 para quem tem 71 anos ou mais.
Nunca é demais lembrar a importância do exercício físico que ajuda a melhorar o tónus muscular, a diminuir o apetite, a aumentar os níveis de energia e a melhorar o sistema cardiovascular. A sua prática ajuda a pessoa com problemas na tiroide a sentir-se melhor.
E como em corpo são, mente sã, as técnicas de relaxamento também podem ser um fator importante para manter uma atitude mental positiva em relação à doença. Por outro lado, o stress é um dos fatores que contribui para o desenvolvimento da doença autoimune que pode provocar o hipertiroidismo.
No essencial é importante debater com o médico qual a abordagem terapêutica mais adequada a cada caso, porque o hipertiroidismo pode afetar grandemente a qualidade de vida do doente e com o tratamento certo essa qualidade pode ser facilmente restabelecida.
O importante é cuidar, porque Juntos Cuidamos Melhor!
Nos centros Mais que Cuidar pode encontrar uma gama completa de produtos e serviços para apoiar e dar conforto às pessoas com hipertiroidismo, prestando cuidados de saúde ao domicílio (apoio domiciliário, fisioterapia, enfermagem) e produtos de apoio para comprar ou alugar.
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Referências:
- Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo
- Associação das Doenças da Tiroide
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.