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Cancro do Fígado: Sintomas

cancro do fígado: causas e sintomas

O cancro do fígado tem caraterísticas muito particulares.

Porque nas fases iniciais os sintomas são quase inexistentes ou pouco percetíveis e, no entanto, tem um período de evolução muito rápido, ou seja, é um tumor que duplica o seu volume muito rapidamente. Assim é um cancro que chega a um estado mais grave de forma silenciosa.

É o sexto tumor do aparelho digestivo mais comum, surgindo com mais frequência entre os 50 e os 60 anos.

Em Portugal estima-se que surjam cerca de 1000 novos casos por ano, afetando sobretudo os homens e pessoas que sofrem de cirrose, hepatite B ou C, ou que ingerem esteróides anabolizantes.

Na Europa, cerca de 10 em cada mil homens e 2 em cada mil mulheres vão ter cancro do fígado em algum momento da vida.

Por outro lado, o fígado é um dos órgãos mais afetados por metástases de outros cancros. Entre 30 a 70% dos doentes com cancro desenvolvem metástases no fígado.

O cancro colorretal é, geralmente, o que origina mais metástases no fígado. Quando os doentes são diagnosticados com este cancro, cerca de 25% já tem metástases no fígado, e mesmo quando o tumor é removido cerca de 30% dos doentes ainda podem desenvolver tumores neste órgão.

Saiba quais são os sintomas do cancro do fígado e porque é tão importante fazer uma boa prevenção com este artigo.

O que é o cancro do fígado?

O cancro do fígado consiste num tumor maligno que se desenvolve nas células que formam o fígado e tanto podem ser os canais biliares como os vasos sanguíneos que estão no órgão.

Geralmente é um tumor bastante agressivo e podem existir dois tipos:

Cancro do fígado primário

O tumor tem origem no próprio fígado. É pouco comum e apresenta vários subtipos:

  • Hepatocarcinoma: é o tipo mais frequente e desenvolve-se nas células que revestem o fígado, as células epiteliais.
  • Hepatoblastoma: desenvolve-se nas células embrionárias do fígado
  • Sarcoma: tem origem nas células presentes nos vasos sanguíneos ou músculos do fígado

Cancro do fígado secundário ou metastático

O tumor desenvolve-se noutro órgão, mas espalha-se para o fígado através de metástases.

Em cerca de 35% dos casos de cancro são criadas metástases no fígado. Os cancros mais frequentes onde isto acontece são o cancro do pâncreas, cancro colorretal, cancro do estômago, cancro do esófago, cancro da mama e cancro do pulmão.

Quais as causas?

As causas diretas que levam ao desenvolvimento do cancro do fígado ainda não são conhecidas. No entanto, alguns fatores de risco têm sido identificados como potenciais contribuições para o desenvolvimento da doença.

Os principais fatores de risco são:

  • Infeção pelo vírus da hepatite C ou hepatite B
  • Historial da doença na família
  • Cirrose provocada pelo consumo excessivo de álcool
  • Obesidade
  • Diabetes
  • Consumo de alimentos com fungo que se desenvolve em leguminosas ou frutos secos

Qual é o tratamento?

O tratamento a aplicar vai depender da gravidade e do estádio de evolução do tumor.

Assim, se o tumor estiver apenas localizado no fígado e numa fase inicial, o tratamento mais frequente é a cirurgia para remover a zona do fígado que está afetada.

Caso o tumor esteja apenas no fígado, mas já evolui para uma fase mais grave, o tratamento escolhido é normalmente o transplante associado a radioterapia.

Quando o tumor já tem metástases, pode ser aplicada quimioterapia, radioterapia e outro tipo de tratamentos.

Em qualquer dos casos, o tratamento com cirurgia está quase sempre incluído, quer seja para retirar a parte afetada ou a totalidade do órgão.

Os tratamentos com quimioterapia e radioterapia podem ser aplicados antes da cirurgia para alcançar uma redução do tamanho do tumor, para ajudar à remoção, ou depois da cirurgia, para eliminar quaisquer células cancerígenas que possam ter permanecido no organismo.

A cirurgia para remover a parte do fígado que tem cancro designa-se por hepatectomia parcial. Quando o fígado é removido na totalidade e é substituído através de transplante pelo de um dador, a cirurgia designa-se hepatectomia total.

O tratamento por radioterapia pode ser feitos de duas formas:

Radioterapia externa

A radiação é aplicada através de um acelerador linear no peito e abdómen.

Radioterapia interna

Pequenas esferas radioativas são injetadas por cateter na artéria do fígado e vão bloquear o fluxo de sangue na artéria, causando assim o enfraquecimento do tumor. Nesta terapia apenas o local afetado pelo tumor é atingido pela radiação.

Outros tipos de tratamento são:

Terapia com medicamento

Esta terapia dirigida usada no tratamento do cancro do fígado, utiliza inibidores de tirosina quinase que bloqueiam várias proteínas que ajudam as células cancerígenas a crescerem ou os tumores a formar novos vasos sanguíneos para se alimentarem.

Ao bloquear estas proteínas é possível ajudar a parar o crescimento e multiplicação das células cancerígenas no fígado.

Imunoterapia

São utilizados medicamentos que conseguem ajudar a reduzir os tumores mesmo em pessoas com cancro avançado e metástases.

Em alguns casos o tratamento pode remover ou mesmo destruir o cancro e por isso completar o tratamento pode ser ao mesmo tempo stressante e entusiasmante.

Pode haver alívio por terminar o tratamento, mas é difícil também não haver preocupação com uma possível reincidência, o que é uma preocupação muito comum.

Para muitas pessoas, o cancro pode nunca desaparecer completamente, ou pode voltar a aparecer noutra parte do corpo.

Estas pessoas podem ainda receber tratamentos regulares com quimioterapia, radioterapia, ou outras terapias para ajudar a manter o cancro sob controlo durante o máximo de tempo possível. Aprender a viver com um cancro que não desaparece pode ser difícil e muito stressante.

Mesmo depois de o tratamento estar concluído, o acompanhamento médico continua a ter que ser feito. Por isso, é muito importante ir a todas as consultas de acompanhamento.

Durante estas consultas o médico fará perguntas sobre o estado do doente e poderão ser feitos exames e análises ao sangue, testes de função hepática ou ressonância magnética.  Todos estes testes irão ajudar a procurar sinais de cancro que ainda possam existir ou efeitos secundários do tratamento.

Alguns destes efeitos secundários do tratamento podem durar muito tempo ou podem mesmo não aparecer até anos depois de ter terminado o tratamento. As visitas médicas são uma boa altura para fazer perguntas e falar sobre quaisquer alterações ou problemas ou mesmo preocupações.

É importante que o sobrevivente de cancro do fígado, informe o médico sobre quaisquer novos sintomas ou problemas, porque podem ser causados pelo regresso do cancro, por uma nova doença, ou por um segundo cancro.

No caso do tratamento por cirurgia ou transplante e não havendo sinais de cancro, a maioria dos médicos recomenda um acompanhamento com testes de imagem e análises de sangue de 3 a 6 meses nos primeiros 2 anos, depois de 6 a 12 meses.

 Este acompanhamento é necessário para verificar a recorrência ou propagação do cancro, bem como os possíveis efeitos secundários de certos tratamentos.

Em relação ao transplante, este pode ser muito eficaz no tratamento do cancro e na substituição de um fígado danificado. Mas este é um procedimento importante que requer um acompanhamento muito próximo após o tratamento.

Além da monitorização da recuperação da cirurgia e a procura de possíveis sinais de cancro, a equipa médica irá observar cuidadosamente o corpo para se certificar de que não haverá rejeição do novo fígado.

É necessário tomar medicamentos fortes para ajudar a prevenir a rejeição. Estes medicamentos podem ter os seus próprios efeitos secundários, incluindo o enfraquecimento do sistema imunitário, o que pode aumentar a probabilidade de contrair infeções.

A equipa de transplantes deve chamar a atenção para possíveis sintomas e efeitos secundários e quando é necessário contactá-los. É muito importante seguir atentamente as instruções dadas pela equipa.

Nos casos de cancro do fígado provocado por hepatite B ou C, depois do tratamento o médico poderá administrar um tratamento antiviral, com medicamentos para ajudar a controlar a infeção pelo vírus.

Quais são os sintomas do cancro do fígado?

Os sintomas do cancro do fígado são muitas vezes parecidos com sintomas de outras doenças, quando surgem sinais mais evidentes, por vezes o tumor já está muito avançado.

Neste sentido, quando existem vários fatores de risco associados a alguns sintomas é importante fazer um acompanhamento médico regular para que seja possível detetar quaisquer alterações que o fígado possa sofrer o mais precocemente possível.

Estes são alguns dos sinais e sintomas que podem surgir:

  • Dor ou desconforto no lado direito da barriga
  • Dor na omoplata direita
  • Enjoos frequentes
  • Perda de apetite
  • Sensação de estômago muito cheio
  • Vómitos
  • Pele ou olhos com tom amarelo
  • Perda de peso
  • Cansaço extremo
  • Inchaço na barriga

Como é feito o diagnóstico?

Para fazer o diagnóstico o médico fará inicialmente um exame físico ao abdómen bem como a consulta do historial clínico do doente.

De seguida o médico irá solicitar exames complementares que podem incluir análises ao sangue, ecografia e ressonância magnética.

A ressonância magnética permite verificar qual é a extensão do tumor nos pacientes com cirrose hepática, bem como verificar o estado dos vasos sanguíneos no fígado.

Por último, o médico solicita uma biópsia aos tecidos afetados pelo tumor no fígado. Apenas quando é recolhida esta amostra dos tecidos que depois é observada ao microscópio, se pode confirmar o diagnóstico.

A biópsia é feita através da introdução de uma agulha fina no fígado pelo abdómen com a ajuda de uma ecografia ou TAC.

Em alternativa também pode ser realizada uma laparoscopia, em que é introduzido um aparelho através de uma incisão no abdómen, que retira uma parte dos tecidos afetados do fígado para ser depois analisada.

Quais são as complicações?

A complicação mais comum de um tumor do fígado primário é o desenvolvimento de metástases.

Outras complicações possíveis podem surgir depois da cirurgia e podem ser, por exemplo: infeções, formação de coágulos sanguíneos, acumulação de líquido no abdómen, sangramento, surgimento de feridas, alterações neurológicas e insuficiência hepática.

As pessoas que tiveram cancro do fígado ainda podem ter os mesmos tipos de cancro que as outras pessoas têm. Podem, inclusive, correr um maior risco para desenvolver certos tipos de cancro.

Alguns estudos indicam que existe um risco acrescido para os sobreviventes de cancro do fígado de desenvolver outros tipos de cancro como:

  • cancro da cavidade oral
  • Cancro dos ovários
  • Cancro dos rins
  • Cancro da tiróide

Para as pessoas diagnosticadas com cancro do fígado antes dos 50 anos de idade, parece haver um risco acrescido destes segundos cancros:

Até ao momento, não se sabe exatamente qual é o grau de risco do desenvolvimento destes segundos cancros.

O cancro do fígado tem cura?

O cancro do fígado pode ter cura nos casos em que há apenas um tumor no fígado que não atingiu os vasos sanguíneos ao redor.

Nestes casos pode-se utilizar a cirurgia para remover a parte do fígado que está afetada pelo tumor, desde que a função hepática se mantenha estável.

Quando a função hepática está comprometida, sobretudo devido a cirrose, pode-se fazer um transplante e retira-se a totalidade do fígado bem como o tumor que o afeta, substituindo por outro órgão através de um dador.

Qual a prevenção do cancro do fígado?

A melhor forma de prevenir o desenvolvimento do cancro do fígado é evitar o aparecimento de uma cirrose por consumo excessivo de álcool e evitar o desenvolvimento de hepatite B ou C.

No caso da cirrose, o ideal é evitar o consumo de álcool de uma forma geral, ou em alternativa reduzir ao máximo o seu consumo. Em relação à hepatite, a forma mais eficaz de prevenção é tomar a vacina.

Quer os doentes com cirrose, mesmo que não seja provocada por álcool, quer os doentes com hepatite, devem fazer exames de sangue e ecografia ao fígado de forma regular, a cada 6 meses ou 1 ano para que possa ser feita uma vigilância consistente de possíveis alterações no órgão.

Conclusão

Receber um diagnóstico de cancro do fígado pode ser verdadeiramente assustador, mas o efeito de um cancro não diagnosticado pode ser ainda mais devastador.

Em muitos casos o diagnóstico de cancro do fígado é feito apenas numa fase avançada da doença, quando os sintomas já são muito evidentes.

 Nestes casos a recuperação pode ser difícil de alcançar, quando o tumor é detetado precocemente a sua remoção total pode ser possível.

Depois de completar o tratamento, o médico deve ainda ser consultado regularmente para relatar quaisquer novos sintomas ou problemas, porque podem ser causados pela propagação ou regresso do cancro, ou por uma nova doença ou segundo cancro.

Por isso é tão importante fazer uma boa prevenção, limitando a incidência dos fatores de risco, através da redução do consumo de álcool, controle e tratamento da hepatite B e C.

Através da aplicação da vacina e de medicamentos respetivamente e a adoção de um estilo de vida saudável, evitando o consumo de tabaco, a obesidade e a diabetes.

Apostando na prevenção, o cancro do fígado pode ser uma doença que se pode evitar, tratar e, em alguns casos, até curar.

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Referências:

  • Liga Portuguesa Contra o Cancro
  • American Cancer Society

*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.

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