Melhores padrões de vida, melhores cuidados de saúde, maior consciência da importância de uma dieta saudável e a prática regular de exercício físico levam a que cada vez mais pessoas vivam mais tempo.
Contudo, os idosos, e em particular os idosos frágeis, são um dos grupos da população que são mais vulneráveis a acidentes, particularmente dentro e fora de casa.
As pessoas com mais de 65 anos de idade são as que correm maior risco, sofrendo tanto a maior taxa de mortalidade como as lesões mais graves.
A nível mundial, as lesões são uma importante causa de morte entre os idosos, resultando em 946 000 mortes anuais entre adultos com 60 anos ou mais.
A importância das diferentes causas para a ocorrência de lesões varia consoante a região. As lesões de guerra estão entre as 15 principais causas de morte de idosos na região do Mediterrâneo Oriental, por exemplo.
As lesões autoinfligidas e as quedas são mais comuns nos países da Europa com baixo e médio rendimento e na região ocidental do Pacífico e China. Por sua vez, as lesões provocadas pelo transito automóvel são mais comuns no Sudeste Asiático e na Índia.
A nível mundial, as lesões autoinfligidas estão entre as quinze principais causas de morte de pessoas com 60 anos ou mais.
A maioria dos acidentes nos grupos etários mais velhos atinge geralmente mais as mulheres do que os homens.
Muitos dos acidentes fatais e não fatais que acontecem às pessoas mais velhas são atribuíveis, total ou parcialmente, a fragilidade e a problemas de saúde.
Tudo isto pode diminuir a capacidade de detetar ou mesmo prevenir os riscos. É importante chamar a atenção quer dos idosos quer dos seus cuidadores para fatores com potencial perigo e hábitos pouco seguros, para que se possa reduzir a probabilidade de ocorrência de acidentes.
Que tipo de lesões ocorrem com mais frequência?
A grande maioria dos acidentes fatais e não fatais envolvendo pessoas idosas são as quedas.
Quase três quartos das quedas na faixa etária dos 65 anos e acima resultam em lesões no braço, perna e ombro.
Os idosos são também mais suscetíveis de ferir mais do que uma parte do corpo, com 25% das quedas a causar ferimentos em mais do que uma parte do corpo, em comparação com uma média de 16% entre todos os grupos etários.
Uma em cada cinco quedas entre mulheres com 55 anos ou mais resulta em fratura ou fraturas que requerem tratamento hospitalar.
Outras lesões principais sofridas são contusões ou esmagamentos, cortes, feridas resultantes de perfuração e deformação ou torção de uma parte do corpo.
Embora a maioria das quedas não resulte numa lesão grave, ser incapaz de se levantar expõe a pessoa que cai ao risco de hipotermia e de feridas de pressão.
Onde acontecem a maior parte dos acidentes?
Os acidentes mais graves envolvendo as pessoas mais velhas acontecem geralmente nas escadas ou na cozinha. O quarto e a sala de estar são os locais mais comuns para acidentes em geral.
A maior proporção de acidentes são as quedas de escadas ou degraus com mais de 60% das mortes resultantes deste tipo de acidentes.
Quinze por cento das quedas acontecem a partir de uma cadeira ou fora da cama e um número semelhante é causado por um escorregamento ou tropeção, como por exemplo, queda sobre um tapete ou um objeto.
Que acidentes acontecem e como prevenir?
Existem vários tipos de acidentes que afetam principalmente os idosos:
- Quedas
- Acidentes relacionados com incêndios
- Intoxicação
- Queimaduras e escaldões
- Hipotermia
Quedas
O risco de queda em casa aumenta com a idade. Um número substancial de quedas deve-se a razões não especificadas e enquanto o idoso se movimenta. Isto pode refletir instabilidade física associada a problemas de saúde em geral.
A causa de uma queda é frequentemente multifatorial, envolvendo tanto perigos ambientais como uma condição médica subjacente.
Força, equilíbrio e marcha, declínio da visão, problemas de saúde mental e deficiências na dieta são todos fatores de risco que contribuem.
Embora os medicamentos prescritos raramente sejam a causa de quedas, podem também ser um fator de risco importante.
As quedas afetam mais de um terço das pessoas com mais de 65 anos de idade e 40% das pessoas com mais de 80 anos.
A incorporação de pequenas mudanças na rotina diária pode ser benéfica na prevenção de um acidente em casa.
Para além de remover os perigos que podem causar tropeções e quedas, o envolvimento em atividade física regular, desenvolver e manter a força e o equilíbrio, é também particularmente importante à medida que envelhecemos.
Exercícios concebidos para melhorar a força muscular, podem reduzir o risco de uma queda, melhorando a postura, a coordenação e o equilíbrio.
É importante ter em atenção por parte do idoso no que respeita a quedas:
A importância de utilizar o equipamento certo para levar a cabo a tarefa em mãos
Perda de equilíbrio através de movimentos bruscos, por exemplo, sair da cama ou de uma cadeira demasiado depressa
O perigo de escorregar e tropeçar criado por tapetes gastos, pisos ou caminhos escorregadios, superfícies irregulares e artigos deixados fora do sítio ou em local de passagem.
Calçado solto ou usado de forma inadequada. Sapatos bem ajustados podem ajudar com equilíbrio e estabilidade
Agarrar em barras de apoio e ter lugar, um banco por exemplo, para sentar na casa de banho e na cozinha pode ser uma vantagem se ocorrerem vertigens
Os líquidos derramados sobre o chão devem ser limpos imediatamente para evitar a possibilidade de escorregadelas.
Fogo
Muitas pessoas com mais de 65 anos de idade morrem em incêndios para os quais são chamados bombeiros.
A fraca mobilidade, o mau olfato e uma tolerância reduzida ao fumo e às queimaduras contribuem para a mortalidade.
As principais fontes de ignição incluem fogões, materiais, velas, fogos a carvão, aquecedores e cobertores elétricos.
Intoxicação
Uso de medicamentos e exposição a gases, principalmente monóxido de carbono e gás de gasoduto, canalizado ou em bilha, causam predominantemente envenenamento acidental de pessoas com mais de 65 anos.
Melhor forma de prevenir estes acidentes:
- Mandar verificar regularmente os dispositivos de queima de gás em casa por um perito
- Fazer a limpeza de chaminés pelo menos uma vez por ano
- Estar consciente dos perigos de exceder as doses de medicamentos prescritos.
- Tomar cuidado com os materiais para fumar e evitar fumar na cama
- Instalar um guarda-fogo
- Utilizar corretamente cobertores elétricos e controlá-los regularmente
- Colocar um alarme de fumo, de preferência de funcionamento principal ou um com uma bateria de dez anos
- Não secar a roupa em guarda-fogo ou aquecedores
Queimaduras
Para as pessoas idosas, a taxa de risco de acidentes graves envolvendo queimaduras e escaldões é inferior à de outros grupos etários.
No entanto, os idosos correm o maior risco de lesões fatais causadas por estes acidentes quatro a cinco vezes maior do que a população no seu conjunto.
As condições pré-existentes contribuem frequentemente para as suas mortes.
As queimaduras de contacto com fontes de frio ou calor para os maiores de 65 anos podem revelar-se fatais. A sua fragilidade e a fraca saúde são muitas vezes fatores que contribuem para isso.
As principais fontes de calor incluem radiadores, fogos elétricos e fogões. Muitas vezes são lesões escaldantes, envolvendo o uso de chaleiras.
A melhor forma de prevenir estes acidentes:
- Incentivar a utilização de uma chaleira protegida por material não inflamável ou uma chaleira sem fios
- Cuidado ao encher e despejar chaleiras ou jarros e ferver apenas água suficiente para as necessidades imediatas
- Utilizar aquecedores de parede em vez de chaleiras
- Tentar não transportar líquidos quentes para além do necessário
- A água para o banho não deve ser superior a 46° C para ajudar a prevenir os escaldões.
- Colocar uma válvula misturadora termostática
- Quando for para tomar banho, ligar primeiro a água fria
- Usar sempre pratos quentes com luvas de cozinha e virar as panelas para o ponto mais longe da pessoa
- Assegurar que as garrafas de água quente são de boa qualidade e não mostram sinais de desgaste.
Hipotermia
A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal cai para 35° C. É o principal fator que contribui para a causa de morte de mais de 400 pessoas na faixa etária superior a 65 anos, todos os anos.
O custo associado ao aquecimento adequado no Inverno é, sem dúvida, um fator importante.
Algumas estratégias preventivas são:
- Vestir várias camadas finas de roupa
- As fibras naturais como a lã são mais quentes do que os tecidos sintéticos
- Comer refeições regulares e tomar bebidas quentes durante o dia
- Movimentar-se a intervalos regulares
Conclusão
As atitudes e comportamentos dos que estão a envelhecer agora e no futuro podem estar a mudar de forma a aumentar os riscos de ocorrência de acidentes para os idosos.
Por exemplo, um estudo feito na Austrália concluiu que muitas pessoas idosas não se identificam como sendo velhas e, portanto, não reconhecem o risco que correm com quedas.
Uma ênfase crescente na manutenção de um estilo de vida anteriormente associado aos jovens é cada vez mais evidente.
Como resultado do envelhecimento da população e da ênfase na mobilidade, estima-se que, até 2030, uma em cada quatro pessoas elegíveis para conduzir terá 65 anos ou mais, e os condutores com 65 anos ou mais representarão 25% dos condutores envolvidos em acidentes com vítimas mortais, por exemplo.
Por outro lado, a população de idosos está a crescer rapidamente. Em abril de 2002, as Nações Unidas emitiram o World Population Ageing 1950-2020.
Neste documento os resultados indicam que os idosos são o segmento da população que mais cresce a nível mundial, crescendo a uma taxa de 2% ao ano.
Em 2050, o mundo terá mais de 2 mil milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Pela primeira vez na história da humanidade, haverá mais pessoas com 60 anos ou mais do que o número de pessoas com menos de 15 anos de idade.
Tanto para as nações em desenvolvimento como para as desenvolvidas, um planeamento para lidar com o envelhecimento da população é fundamental.
Os acidentes entre os idosos são um problema significativo e crescente. Dado o rápido aumento do número de indivíduos nesta população, é imperativo investir agora para compreender como prevenir lesões e planear mudanças sociais e ambientais que poderão diminuir os acidentes entre os idosos.
O desenvolvimento de estratégias para prevenir quedas entre os idosos, por exemplo, têm demonstrado ser eficazes e devem ser adotadas de forma mais generalizada a outro tipo de acidentes.
Para a prevenção de outro tipo de acidentes como o suicídio e os acidentes de automóvel, embora seja mais difícil encontrar estratégias mais eficazes, é igualmente importante criar condições para que sejam evitados também.
Apesar de nem sempre ser possível evitar os acidentes, uma prevenção eficaz pode fazer uma grande diferença e salvar muitas vidas.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
- Organização Mundial de Saúde
- Age UK
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.