A gestão de medicamentos pode ser uma das tarefas mais difíceis para os idosos e para os seus prestadores de cuidados. É um processo complexo e muitas vezes, os medicamentos e as quantidades mudam ao longo do tempo.
É fundamental que as pessoas idosas tomem apenas os medicamentos prescritos, exatamente como foi indicado pelo médico e que tenham a confirmação quer do médico quer do farmacêutico de que não haverá interações e complicações medicamentosas potencialmente perigosas.
Caso o idoso não tenha autonomia é necessário que os seus cuidadores tenham as recomendações médicas em consideração.
A gestão de medicamentos é especialmente importante para pessoas com múltiplas doenças e enfermidades que necessitam de cuidados de saúde mais complexos.
Tomar uma grande quantidade de medicamentos também conhecido como polifarmácia, é particularmente comum entre os idosos devido à prevalência de múltiplos problemas de saúde.
Por isso, é muito importante evitar possíveis complicações medicamentosas, sobretudo numa população mais fragilizada pela idade e pelas doenças.
À medida que as pessoas envelhecem, o seu risco de problemas relacionados com medicamentos aumenta. Isto acontece por várias razões.
Em primeiro lugar, porque resulta de naturalmente terem mais problemas de saúde. Uma grande parte das pessoas com 65 anos ou mais tomam cinco ou mais medicamentos, o que também aumenta a complexidade da gestão e da planificação da toma dos respetivos medicamentos.
Por outro lado, os idosos são mais suscetíveis a apresentarem efeitos secundários dos medicamentos devido às alterações físicas que acompanham o envelhecimento.
Estas alterações incluem um aumento de doenças crónicas, tais como colesterol elevado, artrite, doença arterial coronária, tensão arterial elevada e diabetes.
Além disso, outros fatores associados ao envelhecimento, como a perda de memória e diminuição da visão, podem levar a erros na toma da medicação, como tomarem um remédio errado ou esquecerem-se de tomar.
Os idosos correm também um risco mais elevado de interações medicamentosas, que são em parte atribuíveis ao aumento do número de medicamentos. Quanto mais medicamentos são tomados, maior a probabilidade de existirem interações com outros medicamentos, alimentos ou álcool.
Dicas para gerir a medicação
Há várias estratégias que se podem adotar para diminuir as hipóteses de excesso de medicação e reações negativas aos medicamentos.
Ter em mente algumas dicas simples para uma utilização segura dos medicamentos, é o primeiro passo para garantir uma melhor gestão dos medicamentos.
Outro ponto importante é perguntar sempre ao prestador de cuidados de saúde, enfermeiro ou farmacêutico quando há alguma dúvida sobre os medicamentos.
Eis algumas dicas:
Fazer uma lista
Manter uma lista de todos os medicamentos que se tomam, tanto os não sujeitos a receita médica como os prescritos, é uma boa estratégia.
Esta lista deve incluir todos os medicamentos, incluindo os que necessitam de receitas médicas, medicamentos de venda livre, remédios à base de plantas, vitaminas e outros suplementos, bem como cremes, bálsamos e pomadas.
Deve-se também anotar as doses e para que servem e levar a lista sempre que o idoso for a uma consulta com um profissional de saúde.
Caso seja necessário poderá também fazer-se uma lista de perguntas sobre os medicamentos, especialmente nas circunstâncias em que há falta de memoria ou falta de tempo na consulta.
Revisão regular dos medicamentos
Uma revisão regular dos diferentes medicamentos com o médico ou com o enfermeiro assistente é fundamental.
Desta forma, os prestadores de cuidados de saúde, saberão quais os novos medicamentos e suplementos que estão a ser tomados ou quaisquer alterações que tenham sido feitas.
Pode também verificar-se se os medicamentos podem estar a causar efeitos secundários, ou se podem causar efeitos secundários, se forem tomados juntamente com um novo medicamento.
Ler atentamente todas as prescrições e rótulos
Ler as bulas e as receitas é essencial para facilitar a toma adequada dos medicamentos.
É possível obter as seguintes informações:
- Instruções sobre como tomar a medicação
- O que deve ou não ser tomado com cada medicamento
- Possível potencial para interações medicamentosas
Cuidados com os efeitos secundários
Perguntar ao médico que efeitos secundários os medicamentos podem causar e prestar atenção se ocorrem ou não.
Se ocorrer uma má reação a um medicamento, ou se o medicamento não está a funcionar, o prestador de cuidados de saúde, deve ser informado o mais rapidamente possível.
No entanto, não se deve deixar de tomar um medicamento sem primeiro verificar com o médico ou enfermeiro.
É especialmente importante quando se começa a tomar um novo medicamento ou a mudar a rotina de medicação, prestar atenção aos efeitos secundários.
Prestar também muita atenção a quaisquer sinais de tonturas, falta de sono, sensação de fraqueza, perturbação do estômago ou dor.
Contactar o médico assim que o idoso se sentir doente e informar a medicação que está a tomar e do que se pensa que possa ser o problema.
Cuidados com os medicamentos de venda livre
Os medicamentos de venda livre são vendidos em farmácias, postos de abastecimento ou lojas específicas e podem ser comprados sem receita médica.
Contudo, só porque se podem comprar estes medicamentos sem receita médica, não significa que sejam mais seguros ou que tenham menos efeitos secundários do que um medicamento com receita médica.
Alguns destes medicamentos podem piorar o estado de saúde, causar efeitos secundários ou podem interagir com outro medicamento que esteja a ser tomado.
Exemplos de medicamentos de venda livre incluem:
- Medicamentos para a dor
- Medicamento para alergias
- Medicamento para o ácido do estômago
Algumas etiquetas ou rótulos destes medicamentos, podem não ser claros para os idosos. É melhor verificar com o médico, enfermeiro ou farmacêutico qual deve ser a dose correta de qualquer medicação de venda livre e ter o cuidado de não tomar mais do que o recomendado.
Revisão da medicação durante a hospitalização
Se o idoso estiver no hospital, é necessário informar a equipa médica do hospital de todos os medicamentos com prescrição e venda livre, vitaminas, suplementos e outros produtos que o idoso toma em casa.
Enquanto o idoso estiver no hospital, a equipa médica do hospital será responsável por lhe dar os medicamentos de que necessita. Não deverão ser tomados quaisquer medicamentos por conta própria durante a estadia no hospital.
Por vezes, poderão ser prescritos novos medicamentos durante a estadia no hospital. Verificar se é necessário continuar a tomá-los depois de deixar o hospital.
Cuidados com medicamentos inapropriados
Existem certos medicamentos que podem ser inadequados para os idosos tomarem. Desta forma, em muitos casos, as pessoas idosas devem evitar tomar ou utilizá-los com precaução.
Sempre que for prescrito um novo medicamento a um idoso convém perguntar porque é que o medicamento está a ser prescrito e se é um medicamento apropriado para a sua idade e para o seu estado de saúde.
Se um medicamento que está a ser tomado não for a melhor opção, deve-se perguntar ao médico se pode haver uma alternativa mais segura.
No entanto, um medicamento pode ser uma escolha razoável, ainda que não seja o mais indicado. A forma como cada pessoa responde a um medicamento pode ser diferente da forma como outras pessoas respondem a ele.
Os medicamentos que podem ser potencialmente inadequados, podem também ser escolhas razoáveis para algumas pessoas mais velhas.
Tomar a medicação de forma adequada
Uma grande parte dos idosos podem não seguir as recomendações do médico ou enfermeiro sobre como utilizar corretamente os seus medicamentos.
Para os idosos, algumas das dificuldades em tomar medicamentos incluem:
Dificuldade de leitura e de compreensão das indicações nos rótulos. A impressão pode ser demasiado pequena e as instruções podem ser pouco claras.
Será melhor falar com o farmacêutico sobre as instruções quando se for buscar os medicamentos á farmácia.
Problemas ao abrir recipientes ou os frascos de medicamentos, verter medicamentos ou mesmo encher um copo de água. São outros exemplos de dificuldades. O farmacêutico poderá ajudar com uma tampa de medicamentos que seja fácil de abrir, ou outra embalagem.
Os prestadores de cuidados de saúde devem dar indicações e informação suficiente sobre a importância de tomar os medicamentos corretamente.
Esta informação é especialmente importante para medicamentos utilizados para tratar condições de saúde que não apresentam sintomas óbvios, tais como tensão arterial elevada ou nível de colesterol alto.
Verificar com o prestador de cuidados de saúde para que é que a medicação é prescrita e como é que beneficia a saúde.
Ter em atenção os possíveis efeitos secundários de certos medicamentos. Este é especialmente o caso dos medicamentos receitados mais recentemente ou os associados a efeitos secundários graves.
Falar com o farmacêutico sobre os efeitos secundários que devem ser tidos em consideração e se são comuns ou não ou se são prejudiciais.
Alguns idosos podem ocultar do médico ou do prestador de cuidados que não estão a tomar os medicamentos corretamente ou a seguir instruções.
Há muitas razões possíveis por trás deste comportamento. Algumas pessoas idosas podem não ter meios para pagar os seus medicamentos.
Outras podem não compreender ou não se lembrar com que frequência devem tomar os seus medicamentos, quanto devem tomar ou quanto tempo devem continuar a tomá-los.
Se existirem dificuldade em tomar os seus medicamentos o mais aconselhável é verificar e falar com o médico.
É provável que o prestador de cuidados de saúde tenha soluções alternativas para ajudar a resolver muitos dos desafios de medicação.
Os medicamentos são feitos para gerir muito bem as condições de saúde, mas não funcionam se não forem utilizados corretamente.
Colocar lembretes
O esquecimento de tomar medicamentos prescritos pode afetar o modo como o corpo está a funcionar e pode levar o idoso a ficar mais suscetível a ficar doente.
Colocar lembretes ou ter alguém que seja responsável por lembrar, pode ajudar.
Deixar uma nota escrita à vista, preparar um calendário e um sistema para que seja possível manter a par das datas de recarga da receita ou adquirir o hábito de tomar o medicamento ao mesmo tempo todos os dias, são tudo boas estratégias.
Pré-selecionar os comprimidos em caixas doseadoras
Para quem toma vários tipos de medicamentos, existem recipientes organizados por dia da semana.
Ter os dias da semana marcados permite colocar os comprimidos que são precisos e que é necessário tomar todos os dias num recipiente de modo a que estejam todos no mesmo lugar e não possibilita esquecimentos.
As caixas doseadoras de medicamentos são um objeto indispensável para quem toma muitos comprimidos ou medicamentos.
Agendar consultas médicas frequentes
As necessidades de cuidados de saúde estão em constante mudança no corpo.
É possível que os sintomas tenham mudado e que já não seja preciso tomar um determinado medicamento.
Ou o medicamento prescrito pode não estar a funcionar, pelo que terá de se encontrar uma solução alternativa.
À medida que se envelhece, torna-se cada vez mais importante visitar frequentemente o médico e a outros profissionais de saúde para acompanhar o estado de saúde e resolver quaisquer problemas, incluindo manter a lista de medicamentos atualizada.
Verificar quais os medicamentos a tomar em conjunto
É importante certificar de que o médico prescreve medicamentos que são seguros para serem tomados ao mesmo tempo. Por vezes a dosagem de vários medicamentos é demasiado forte ou contém demasiados efeitos secundários para serem tomados ao mesmo tempo.
Saber se é necessário tomar alimentos ou líquidos com certos medicamentos
Normalmente os medicamentos exigem ser tomados com o estômago cheio. No entanto, isto nem sempre é verdade.
Quando se tomam vários medicamentos ao mesmo tempo deve-se ter a certeza se é necessário comer ou beber antes ou depois de tomar a medicação.
Certificar primeiro também se não há problema em tomar múltiplos medicamentos ao mesmo tempo ou se estes precisam de ser distribuídos ao longo do dia.
Medicamentos entregues ao domicilio
Além de lembrar de tomar medicamentos, é ainda mais importante certificar de que as receitas são prescritas e aviadas na altura certa.
É importante ter a receita e ir ter os medicamentos a tempo para não perder alguns dias de medicação devido a um atraso.
Marcar no calendário, se ajudar, para mais facilmente lembrar de quando é necessário pedir novas receitas.
Caso não haja muita capacidade de mobilidade, existem serviços de entrega de medicamentos em casa, o que pode ser feito com alguma rapidez e previne atrasos na toma da medicação.
Eliminar os medicamentos velhos
Os medicamentos têm datas de validade. É preciso prestar muita atenção à validade porque tomar medicamentos fora de prazo pode causar efeitos secundários graves.
Eliminar os medicamentos fora de prazo e pedir ao médico novas receitas caso seja necessário.
Conclusão
À medida que envelhecemos, o nosso corpo muda na forma como interage com os medicamentos. Mesmo pessoas muito saudáveis podem reagir de forma diferente aos medicamentos em alturas diferentes da vida.
Tirar o máximo partido dos medicamentos é possível com uma estreita cooperação com o médico e outros profissionais de saúde.
As pessoas mais velhas tomam frequentemente múltiplos medicamentos, vitaminas e suplementos para tratar diferentes sintomas e condições de saúde, o que pode aumentar o risco de uma grande mistura de medicamentos.
Em alguns casos, estas simples misturas podem tornar-se perigosas e mesmo fatais. O uso regular de cinco ou mais medicamentos é designado como polifarmácia.
Outros fatores que aumentam o risco de problemas de saúde relacionados com a má administração de medicamentos em adultos mais velhos incluem diferentes aspetos.
As interações medicamentosas podem ter resultados negativos. Determinados medicamentos não podem ser tomados em conjunto ou com alimentos ou bebidas.
Por exemplo, as bebidas alcoólicas e os citrinos alteram os efeitos de alguns medicamentos. Em alguns casos, tomar múltiplos medicamentos pode aumentar o risco de queda e lesões relacionadas com quedas, tais como fraturas da anca.
Múltiplas condições de saúde e múltiplos médicos assistentes podem contribuir para uma maior dificuldade em fazer a gestão dos medicamentos.
Os idosos que têm mais do que um problema de saúde ou que consultam vários médicos podem receber mais medicamentos do que necessitam se os seus cuidados não forem cuidadosamente monitorizados e coordenados.
Doenças mentais ou problemas de memória podem também levar os idosos a tomar mais medicamentos do que necessitam.
Um idoso pode debater-se com a sua medicação, ou esquecer de a tomar ou tomar duas vezes a mesma medicação, o que também pode ser um sinal de que algo mais pode estar a acontecer com a sua cognição, o que tem que ser avaliado por um médico.
Mesmo sem quererem, os idosos podem interromper o tratamento. Os idosos podem involuntariamente esquecer-se de seguir as instruções do médico.
Os que tomam vários medicamentos podem deliberadamente optar por saltar doses, não pedir receitas médicas ao médico, ou interromper o tratamento por razões financeiras.
Os idosos têm menos tolerância a medicamentos do que os adultos mais jovens. Mudanças na forma como os corpos processam a medicação podem levar a diferentes efeitos secundários.
No entanto, o timing dos novos efeitos secundários pode fornecer pistas para as causas. Se um sintoma começa após um novo medicamento, é provável que seja um efeito secundário desse novo medicamentos.
Procurar o conselho de um médico, enfermeiro ou farmacêutico, é fundamental e poderá acontecer que a receita ou a dose do medicamento é alterada. No entanto, os idosos não devem alterar as dosagens ou tentar um medicamento diferente por si próprios.
O envelhecimento também pode alterar a dosagem que é necessária antes de os medicamentos começarem a ser eficazes.
Por causa disto, o médico deve reavaliar regularmente os medicamentos que o idoso está a tomar para ver se são necessárias novas receitas médicas. Por exemplo, muitos idosos perdem gradualmente o apetite e experimentam uma perda de peso que tem impacto na dosagem dos medicamentos.
Todas as alterações notadas e que possam estar relacionadas com os medicamentos durante o tratamento, devem ser reportadas ao médico ou ao cuidador.
Embora a polifarmácia seja um problema crescente à medida que a população envelhece, é importante adotar medidas que podem ajudar o idoso a organizar-se e a praticar uma melhor gestão da medicação.
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Referências:
- HealthinAging
- a Place for Mom
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