As quedas podem parecer quase um facto inevitável no processo de envelhecimento, mas há muitas coisas que se podem fazer e estratégias que se podem adotar para reduzir o risco de queda nos idosos.
Fazer uma boa prevenção de quedas mantém os idosos saudáveis e independentes durante o máximo de tempo possível e também reduz o stress dos prestadores de cuidados.
Conversar com os idosos sobre os riscos de queda e, fazer pequenas alterações na vida diária ou mudanças simples em casa podem reduzir significativamente as probabilidades de ocorrência de quedas.
No entanto, é muito importante reduzir o risco de queda, uma grande parte dos idosos são hospitalizados devido a quedas ou em resultado de lesões provocadas por quedas.
Para muitos idosos, uma queda pode causar lesões graves, como fraturas da anca, ossos partidos e ferimentos na cabeça, resultando geralmente em problemas significativos na mobilidade, saúde, independência e bem-estar.
Por outro lado, após a primeira queda, os prestadores de cuidados referem um aumento significativo da carga de cuidados, do medo de cair e de depressão por parte dos idosos.
Formas de prevenir quedas nos idosos
Para prevenir quedas é necessária uma abordagem multifatorial, ou seja, ter em consideração vários fatores, como as circunstâncias especificas de cada idoso, bem como, fatores sociais e económicos.
Estes são alguns exemplos de estratégias que podem ser utilizadas para reduzir o risco de queda:
Manter a atividade física
Planear um programa de exercício que seja adequado para cada idoso. O exercício regular melhora e fortalece os músculos. O exercício também ajuda a manter as articulações, os tendões e os ligamentos flexíveis.
Atividades ligeiras de suporte de peso, como caminhar ou subir escadas, podem retardar a perda óssea causada pela osteoporose, uma doença que torna os ossos fracos e com maior probabilidade de se partirem
Exercícios de equilíbrio
Experimentar exercícios de equilíbrio e de força. Ioga, pilatos e tai chi podem melhorar o equilíbrio e a força muscular. Levantar pesos ou utilizar bandas de resistência para aumentar a força, também pode ajudar.
À medida que as pessoas envelhecem, normalmente perdem o equilíbrio, a força e a flexibilidade, o que aumenta o risco de queda. O mais importante é que o idoso não caia ou se magoe enquanto faz exercício.
Por razões de segurança, o idoso deve colocar-se ao lado de uma cadeira estável ou de um balcão de cozinha ou mesa fortificada.
Na primeira vez que for executado um novo exercício, é aconselhável que alguém fique perto ou agarre ao idoso até ter a certeza de que consegue fazer o exercício sozinho em segurança.
Para os idosos menos estáveis, um cinto de marcha pode ajudar a estabilizar em segurança.
Exercícios de equilíbrio para prevenir quedas
Os exercícios de equilíbrio reduzem o risco de queda dos idosos, aumentando a capacidade de se manterem equilibrados enquanto caminham ou realizam atividades diárias.
São exercícios simples e podem ser feitos facilmente em casa, sendo que alguns minutos de exercício todos os dias podem fazer uma grande diferença.
Posição de uma perna
Ficar de pé com os pés juntos e os braços ao lado do corpo.
Dobrar uma perna na altura do joelho para levantar o pé para trás. Equilibrando-se na outra perna.
Manter-se de pé durante 10 segundos e depois regressar à posição inicial. Repetir com a outra perna.
Levantar um braço e uma perna em conjunto
Ficar de pé com os pés juntos e os braços ao lado do corpo. Com a mão direita, segurar nas costas de uma cadeira para apoio, se necessário.
Levantar o braço esquerdo para cima. Em seguida, levante a perna esquerda do chão, mantendo-a direita. Manter a posição durante 10 segundos e, em seguida, regressar à posição inicial. Repetir no outro lado do corpo.
Andar colando o calcanhar aos dedos de trás
Ficar de pé com um pé diretamente à frente do outro, de modo a que ambos estejam na mesma linha reta imaginária.
Dar um passo em frente, colocando um pé diretamente à frente do outro, do calcanhar aos dedos. Caminhar ao longo dessa linha imaginária.
Para obter apoio ao equilíbrio, começar a praticar este exercício na cozinha, para poder caminhar e agarrar o balcão. Ou então, segurar a mão de alguém para maior apoio e segurança.
Controlo da utilização de medicamentos
Falar com um médico ou farmacêutico para obter informação sobre os efeitos secundários dos medicamentos que o idoso está a tomar. Se um medicamento provoca sonolência ou tonturas, informar o médico ou farmacêutico.
Prestar atenção aos medicamentos comuns que causam quedas
Para reduzir o risco de queda do idoso, é essencial efetuar revisões regulares da medicação. Isto porque muitos medicamentos de uso comum estão associados a um aumento do risco de queda.
Ao perceber melhor a situação medicamentosa do idoso poderá ser mais fácil falar com o médico para tentar reduzir ou eliminar a utilização destes medicamentos.
Estes são alguns exemplos de medicamentos que os idosos costumam tomar e podem provocar quedas mais facilmente:
Medicamentos que afetam a função cerebral
Estes medicamentos são frequentemente designados por psicoativos. Afetam a função cerebral e tendem a causar sonolência. Podem também causar ou agravar a confusão, especialmente em pessoas com problemas de memória ou demência.
Medicamentos para dormir ou para a ansiedade estão neste grupo e devem ser usados com precaução.
Os medicamentos sedativos sujeitos a receita médica que são normalmente prescritos para tratar insónias ou problemas de sono, também podem causar problemas.
Os antipsicóticos, que são normalmente prescritos para controlar comportamentos difíceis na doença de Alzheimer e noutras demências e também podem ser prescritos a pessoas com depressão, podem provocar problemas de equilíbrio ou sonolência.
No mesmo patamar encontram-se os anticonvulsivantes, que são medicamentos para as convulsões e estabilizadores do humor e podem ser utilizados para gerir comportamentos difíceis na doença de Alzheimer ou noutras demências
Os antidepressivos, normalmente prescritos para tratar a depressão ou a ansiedade e os analgésicos opioides ou narcóticos, cujos medicamentos mais comuns incluem a codeína, a morfina, o fentanil e a metadona causam frequentemente sonolência e outros efeitos secundários.
Ainda nos medicamentos que podem causar um maior risco de queda incluem-se os anti-histamínicos, os medicamentos para a bexiga hiperativa, medicamentos para vertigens, enjoos ou náuseas, medicamentos para a comichão e alguns relaxantes musculares.
Embora a relação entre estes medicamentos e a ocorrência de quedas ainda não esteja totalmente comprovada, como causam sonolência e outros efeitos secundários graves, é aconselhável ter cautela e procurar aconselhamento médico para o seu uso.
Medicamentos que afetam a tensão arterial
Estes tipos de medicamentos podem causar ou agravar uma queda súbita da tensão arterial. Uma descida da tensão arterial pode aumentar o risco de queda ao fazer com que uma pessoa se sinta tonta ou desmaie.
Os medicamentos prescritos para tratar a tensão arterial elevada, podem afetar o movimento do idoso e contribuir para uma queda. Neste caso, também é aconselhável procurar conselho médico.
Existem ainda outros medicamentos que afetam a tensão arterial, como é o caso dos alfa-bloqueadores que são frequentemente prescritos para ajudar os homens com próstata aumentada a urinar.
Medicamentos que reduzem o açúcar no sangue
Os idosos que têm diabetes tomam medicamentos para baixar o açúcar no sangue. O baixo nível de açúcar no sangue causado por estes medicamentos está associado a um aumento das quedas.
A maioria dos medicamentos para a diabetes pode causar ou agravar a hipoglicemia, ou seja, níveis demasiado baixos de açúcar no sangue.
Se o idoso já estiver a tomar algum destes medicamentos, não é aconselhável fazer quaisquer alterações sem falar com o médico. A interrupção súbita de um medicamento pode causar danos graves.
É recomendável que os idosos parem de tomar os medicamentos sempre que possível, e mudem para alternativas mais seguras ou reduzam os medicamentos para a dose eficaz mais baixa possível.
O médico do idoso deve considerar cuidadosamente os prós e os contras da utilização de um medicamento associado a um maior risco de queda. Por vezes, os benefícios para a saúde e bem-estar valerão a pena. Noutros casos, uma alternativa pode ser uma melhor escolha.
Quando um destes medicamentos está a ser utilizado, os médicos devem rever regularmente a necessidade e a dosagem.
Outras formas de prevenir quedas
Além da prática de exercício e da redução de medicamentos, existem ainda outras estratégias que se podem realizar para minimizar o risco de queda, o mais possível.
Estes são alguns exemplos do que pode ser feito:
Remover objetos ou situações perigosas de casa
Observar a casa e procurar potenciais riscos de queda, para a tornar mais segura.
Algumas coisas que se podem fazer são:
- Retirar caixas, jornais, fios elétricos e fios de telefone das zonas de passagem
- Retirar mesas, porta-revistas e suportes para plantas das zonas principais de passagem
- Fixar os tapetes soltos com fita adesiva de dupla face, tachas ou um suporte antiderrapante
- Em alternativa retirar os tapetes soltos de casa
- Reparar os soalhos de madeira e as alcatifas soltas
- Guardar a roupa, a loiça, a comida e outros objetos de primeira necessidade em locais de fácil acesso
- Limpar de imediato os líquidos, gorduras ou alimentos derramados
- Utilizar tapetes antiderrapantes na banheira ou no duche
- Utilizar um assento de banho, que permita sentar durante o banho
Iluminar bem a casa
- Manter a casa bem iluminada para evitar tropeções em objetos que são difíceis de ver
- Colocar luzes de presença no quarto, casa de banho e corredores
- Colocar um candeeiro ao alcance da cama para o caso de o idoso ter de se levantar a meio da noite
- Criar acesso para os interruptores de luz que não estejam perto das entradas das divisões
- Trocar os interruptores tradicionais por interruptores que brilham no escuro ou iluminados
- Acender as luzes antes de subir ou descer escadas
- Guardar as lanternas em locais fáceis de encontrar em caso de falta de eletricidade
Fazer um teste à visão e audição
Mesmo pequenas alterações na visão e na audição estão associadas a um maior risco de quedas.
Quando o idoso comprar novos óculos ou lentes de contacto, deve dedicar algum tempo para se habituar a eles. É aconselhável também usar óculos ou lentes de contacto de acordo com as indicações do oftalmologista.
Verificar se o idoso necessita de um aparelho auditivo, e caso seja necessário garantir que assenta bem e funciona bem.
Dormir o suficiente
A falta de sono pode provocar um maior cansaço o que por sua vez aumenta a probabilidade de queda.
Evitar ou limitar o consumo de álcool
O consumo excessivo de álcool pode provocar problemas de equilíbrio e quedas, que podem resultar em fraturas da anca ou do braço e outras lesões.
Levantar lentamente
Levantar demasiado depressa pode fazer com que a pressão arterial baixe. Isso pode fazer com que o idoso se sinta vacilante e caia.
É recomendável que os idosos verifiquem a tensão arterial quando estiverem deitados e de pé, para perceber melhor os níveis de tensão arterial.
Utilizar dispositivos de assistência
Se o idoso precisar de ajuda para se sentir estável quando anda a utilização correta de bengalas e andarilhos pode ajudar a evitar quedas.
Outros dispositivos de apoio também podem ajudar a prevenir quedas:
- Corrimões em ambos os lados das escadas
- Pisos antiderrapantes para degraus de madeira
- Um assento de sanita elevado ou com apoios para os braços
- Barras de apoio no duche ou na banheira
- Um assento de plástico resistente para o duche ou banheira e um chuveiro de mão para tomar banho sentado
Se o médico recomendar usar uma bengala ou andarilho, é importante que o idoso tenha o tamanho certo. As rodas do andarilho devem rolar suavemente. Isto é excecionalmente importante quando está a caminhar em áreas que não conhece bem ou onde os passeios são irregulares.
Um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional pode ajudar a decidir quais os dispositivos de assistência à mobilidade que podem ser úteis e ensinar a utilizar em segurança.
É necessário ter cuidado quando o idoso andar em superfícies molhadas ou geladas. Estas podem ser muito escorregadias. Utilizar um produto para derreter o gelo ou areia para limpar as áreas geladas junto às portas e passagens.
Manter as mãos livres
O idoso pode utilizar um saco a tiracolo, uma pochete ou uma mochila para ter as mãos livres para mais facilmente agarrar aos corrimões, caso seja necessário.
Escolher o calçado correto
Mudar de calçado pode também ser uma estratégia de prevenção de ocorrência de quedas. Saltos altos, chinelos e sapatos com solas escorregadias podem fazer escorregar, tropeçar e cair.
O mesmo acontece se o idoso andar só com meias. Em vez disso, usar sapatos corretamente ajustados, robustos e planos com solas antiderrapantes.
O calçado adequado pode também ajudar a reduzir as dores nas articulações. Para apoiar totalmente os pés, usar sapatos antiderrapantes, com sola de borracha e de salto baixo. Não andar nas escadas ou no chão com meias ou sapatos e chinelos com solas lisas.
Informar sempre o médico se o idoso tiver caído desde a última consulta, mesmo que não tenha sentido dores quando caiu. Uma queda pode alertar o médico para um novo problema de saúde ou para problemas com a sua medicação ou visão que podem ser corrigidos.
O médico pode sugerir fisioterapia, um auxiliar de marcha ou outras medidas para ajudar a evitar futuras quedas.
Conclusão
O risco de cair e os problemas relacionados com as quedas aumenta com a idade. No entanto, muitas quedas podem ser evitadas.
Existem muitas formas de prevenir a ocorrência de quedas, mas fazer exercício, gerir os medicamentos, fazer exames à visão e tornar a casa mais segura são algumas das medidas essenciais para evitar uma queda.
Muitos idosos têm medo de cair, mesmo que nunca tenham caído antes. Este medo pode levá-los a evitar atividades como caminhar, ir às compras ou participar em atividades sociais.
Mas manter a atividade física é importante para manter o corpo saudável e ajuda a prevenir quedas. Ao cuidar da saúde em geral, podem existir menos probabilidades de cair.
Na maior parte das vezes, as quedas e os acidentes não acontecem sem motivo. As alterações físicas e as condições de saúde, e por vezes os medicamentos utilizados para tratar essas condições, tornam as quedas mais prováveis à medida que prossegue o processo de envelhecimento.
De facto, as quedas são uma das principais causas de lesões entre os idosos. No entanto, o medo de cair não precisa de ser impeditivo de se fazer uma boa estratégia de prevenção de quedas para um melhor bem-estar e maior qualidade de vida dos idosos.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
- Better Health While Aging
- National Insitute On Aging
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.