Quais os benefícios dos animais de companhia para os idosos?
Envelhecer pode trazer muita solidão e isolamento, para os idosos também se pode tornar cada vez mais difícil sair de casa e participar em atividades que eram muito apreciadas anteriormente.
Mas, os idosos podem encontrar uma fonte de conforto e companheirismo nos animais de estimação. Os animais de companhia são uma fonte de amizade e podem mesmo ser considerados parte da família.
Especialmente no caso dos idosos que sofrem de depressão, solidão e falta de contactos sociais, os animais de estimação podem ser muito terapêuticos, melhorar a qualidade de vida e aliviar problemas emocionais e físicos.
Vários estudos têm demonstrado que acariciar e até falar com um animal de estimação faz baixar a tensão arterial e o ritmo cardíaco, o que pode levar a um aumento da esperança de vida.
O mesmo acontece no caso de pequenos robôs cobertos por pelo macio que podem ser utilizados em ambiente hospitalar onde os animais não podem entrar.
Quando uma pessoa acaricia um animal de estimação, ocorre uma reação química e é produzido um elevado nível de hormonas que melhoram o humor, como a serotonina, a prolactina e a oxitocina, ajudando assim a aliviar o stress.
No entanto, é necessário ter em atenção algumas considerações nas circunstâncias dos idosos e dos animais, antes de estes serem adotados. É importante garantir em primeiro a segurança e conforto de idosos e animais.
Benefícios dos animais de companhia para os idosos
Cuidar de um animal poder uma grande variedade de benefícios para os idosos além da companhia. Estes são alguns dos benefícios mais importantes:
Incutir rotinas saudáveis
Cuidar de um animal de companhia pode dar às pessoas idosas um verdadeiro sentido de objetivo e incentivar o desenvolvimento de rotinas, o que pode ser muito útil para alguns idosos.
Por exemplo, ter horas ou períodos de tempo fixos durante o dia em que um animal de estimação é normalmente alimentado, brinca, exercita, é escovado ou acariciado pode ajudar a estruturar o dia de uma pessoa e dar-lhe motivos para ser mais ativo e passar tempo ao ar livre.
Ter um cão é uma responsabilidade, mas não precisa de ser cansativo. A rotina de cuidar de um animal de estimação pode dar estrutura e objetivo à vida diária. Talvez o idoso nem sempre se queira levantar da cama, mas o animal de estimação vai querer que o faça.
Melhoria da saúde física
Passear um cão ou brincar com um gato regularmente podem ser atividades suaves que ajudam os idosos a manter a sua mobilidade e a melhorar a saúde geral e a condição física ao longo do tempo.
Esta atividade pode resultar num aumento dos níveis de energia, numa melhoria da saúde do coração, ser útil para gerir a artrite ou outras doenças das articulações e ajudar a aumentar a força e a resistência. Também pode ajudar a melhorar o sono dos idosos.
Para além destes benefícios, alguns estudos revelaram também que passar tempo com animais de companhia pode baixar a pressão arterial e os níveis de colesterol em algumas pessoas, o que pode reduzir os riscos de acidente vascular cerebral ou doença cardíaca.
Proporciona uma opção de fazer exercício de forma fácil e acessível, mesmo que seja apenas caminhar. As pessoas beneficiam da prática regular de exercício físico, independentemente da sua idade.
Mas é difícil entrar numa rotina regular de exercício e é muito desistir. Ter um cão pode ser uma ótima maneira de tornar as caminhadas uma parte regular dos planos diários de atividades.
Melhoria do funcionamento cognitivo
Cuidar das necessidades de um animal de estimação significa que os idosos têm de utilizar a sua função cognitiva para coisas como recordar as horas das refeições do animal, quaisquer medicamentos de que possa necessitar, juntamente com coisas como escovar ou tratar, consultas no veterinário, entre outras.
Esta estimulação mental pode ter um impacto semelhante ao dos jogos cerebrais para idosos, ajudando a manterem-se mais alerta e a manterem a saúde cognitiva durante mais tempo.
Diminuição do stress
As pessoas mais velhas com animais de companhia apresentam geralmente menos stress do que as pessoas que não têm animais.
Talvez seja por causa dos passeios regulares ou da sensação de ter um amigo para partilhar os desafios da vida, ou o ato de cuidar de um outro.
Bem-estar mental e emocional
Sabe-se que passar algum tempo na companhia de animais ajuda a reduzir o stress, a ansiedade e, em alguns casos, pode também ajudar a combater a depressão, em pessoas de qualquer idade.
A interação com os animais de estimação pode estimular a libertação de endorfinas, que naturalmente ajudam a melhorar o humor e a dar uma perspetiva mais positiva das coisas.
Os animais também podem ser muito divertidos, fazendo os seus donos rir e trazendo alegria, conforto e apoio emocional.
Sair de casa
Ter um animal de companhia, e particularmente um que requer atividade regular ao ar livre, ajuda o idoso a manter-se ligado ao mundo. É necessário ir ao veterinário ou levar um animal para lavar e cortar as unhas, por exemplo.
Todas estas atividades implicam interações sociais. Ter um animal de estimação é uma boa maneira de o idoso se manter envolvido no que o rodeia.
Proporcionar companhia e combater a solidão
Muitas pessoas sentem-se sozinhas de vez em quando, mas para alguns idosos, em especial, isto pode ser algo que pode ter muitos impactos negativos na qualidade de vida.
Podem ter perdido um cônjuge, um parceiro de longa data ou um amigo, podem ter mobilidade reduzida ou condições médicas que os mantenham mais em casa, ou as suas circunstâncias podem ter mudado e estão agora a passar mais tempo sozinhos do que costumavam.
Para algumas pessoas, ter um animal de estimação como companhia pode ajudar muito nesta situação. Os animais de estimação oferecem amor incondicional, bem como companhia, e podem ajudar a reduzir os sentimentos de isolamento.
Existem muitas atividades que se podem fazer com os animais ou pelos animais, que vão desde passeios ou a ida a eventos comunitários e projetos de caridade geridos por organizações que se dedicam aos animais e ao ambiente.
Pode ser difícil conhecer pessoas novas, mas os animais de estimação são um ótimo quebra-gelo para os idosos.
Incentivo à interação social
Para muitas pessoas idosas, pode ser bastante difícil conseguir interações sociais regulares, mas ter um animal de estimação pode ser uma grande ajuda.
Passear com um cão significa, normalmente, conhecer e conversar com outros donos de cães em parques ou espaços verdes, o que pode ajudar a criar um sentido de comunidade e de pertença, além de os animais de companhia serem uma ótima forma de quebrar o gelo e iniciar conversas com estranhos.
Desenvolver novos interesses
Ter um animal pode expor o idoso a uma série de novos interesses e atividades. Como por exemplo, a limpeza do parque do bairro onde se passeiam os cães ou levar os animais de companhia para passar algum tempo com doentes ou crianças.
Proteção
Ter um cão pode proporcionar uma segurança significativa. Os potenciais ladrões afastar-se-ão de uma casa com um cão a ladrar.
Relação de reciprocidade e cuidado
Tanto o idoso como o animal de companhia precisam um do outro. O desejo de ser útil e de ter valor não desaparece quando chega a reforma ou a idade mais avançada. Pode ser muito gratificante cuidar de outro ser vivo.
Investir na vida
Ter um animal de estimação significa também fazer uma promessa de continuar a estar envolvido com outra vida e com a própria vida. Este compromisso é uma das decisões mais positivas que se pode tomar à medida que se envelhece.
Como fazer a melhor escolha para animal de companhia?
É muito importante que as pessoas idosas que estão a pensar em ter um animal de companhia reflitam sobre o tipo de animal adequado às suas circunstâncias e estilo de vida.
Diferentes tipos de animais necessitam de diferentes níveis de cuidados e as tarefas envolvidas podem ser mais adequadas a algumas pessoas do que a outras.
Por outro lado, idosos com mobilidade reduzida ou com problemas do foro cognitivo como a doença de Alzheimer ou outro tipo de demência podem não ter capacidade para cuidar de outro ser vivo, por isso é necessário verificar primeiro todas as condições.
Algumas considerações a ter em conta incluem:
- Os cães precisam de exercício regular, treino e só devem ser deixados sozinhos durante algumas horas de cada vez
- Se o idoso estiver quase sempre imóvel, um gato pode ser a melhor opção porque não tem necessidade de ser levado a passear
- Os gatos tendem a ter menos necessidades de cuidados do que os cães, mas podem ainda precisar de alguém para tratar da sua caixa de areia, das suas necessidades de saúde e para lhes dar refeições e afeto
- As aves e os pequenos animais, como coelhos ou porquinhos-da-índia, precisam de muito espaço para serem felizes, normalmente precisam de viver em pares ou grupos de um só sexo e o seu espaço de vida precisa de ser limpo regularmente
- Os animais de companhia mais jovens podem ter consideravelmente mais necessidades de cuidados do que os que já são adultos
Por exemplo, o treino para ir à casa de banho e gerir a energia interminável de um cão bebé, bem como satisfazer as suas necessidades de socialização e outras necessidades de formação durante a infância e a adolescência, pode ser uma tarefa bastante difícil.
Na mesma linha, os gatinhos podem ser muito enérgicos e travessos e podem ser bastante destrutivos em casa.
Muitos centros de acolhimento de animais estão sempre à procura de pessoas que possam oferecer um lar tranquilo e seguro para sempre aos animais de estimação adultos que estão ao seu cuidado.
Considerações a ter em conta antes de adotar um animal
Além do tipo de animal de estimação mais adequado para uma pessoa na velhice, há outras ainda outras considerações importantes a ter em conta que é importante ponderar.
Estas são algumas das considerações:
Custos financeiros
Há muitos custos que devem ser tidos em conta para cuidar de um animal de companhia, tais como:
- Alimentação
- Produtos como tigelas, camas, coleiras, brinquedos
- Produtos como roupa de cama para pequenos animais, guloseimas ou produtos para mastigar ou outros
- Despesas de limpeza corte de pelo e unhas, se o animal necessitar de cuidados profissionais
- Tratamento veterinário de rotina, como vacinas, tratamentos contra pulgas e vermes, esterilização ou tratamento dentário
Exigências físicas
Ter um animal de companhia pode ser fisicamente exigente, dependendo da raça e do tipo de animal. As pessoas mais ativas podem cuidar de um cão.
No entanto, as pessoas com dificuldades de mobilidade ou locomoção ou problemas de saúde podem querer considerar um gato ou um cão pequeno que possa usar uma caixa de areia ou resguardos em casa para evitar o esforço da atividade física.
Situação individual da habitação
Nem todos os apartamentos ou casas permitem que os residentes tenham animais. Garantir que o animal de estimação que escolher adotar é permitido pelo contrato de arrendamento.
Além disso, muito importante ter em mente que certos animais se adaptam bem a espaços mais pequenos, como gatos e cães mais pequenos, mas animais maiores, como golden retrievers, precisam de mais espaço para viver e brincar.
Doenças
Se um animal de companhia tiver um acidente ou ficar doente, as despesas inesperadas com o veterinário podem acumular-se rapidamente.
Muitos donos optam por fazer um seguro para animais para ajudar a cobrir o custo de quaisquer contas veterinárias grandes e inesperadas, mas há sempre exclusões na cobertura, por isso é importante compreender exatamente o que será e o que não será coberto por uma apólice individual antes de a comprar.
Além disso, os animais que desenvolvem doenças crónicas podem necessitar de tratamento a longo prazo ou de medicação e ajuda dos veterinários para as gerir, também devem ser tidos em consideração.
A maioria dos veterinários exige o pagamento do tratamento assim que este é administrado e os pedidos de indemnização do seguro podem demorar algum tempo a ser processados, pelo que ter acesso a fundos numa emergência é outra coisa a considerar.
Existem em Portugal algumas clínicas com cuidados veterinários low cost, convém ter a informação de onde as clínicas estão situadas e os seus contactos, para uma eventual necessidade.
Os aspetos práticos que têm que se considerar
Ter a responsabilidade de cuidar de um animal é algo que pode não ser adequado a todos os idosos e ao seu estilo de vida, por isso é importante considerar este facto antes de o idoso se comprometer a ter um animal de estimação.
Alguns aspetos a considerar incluem:
- As pessoas idosas com problemas de mobilidade podem achar difícil cuidar ou limpar o animal de companhia se tiverem dificuldade em inclinar-se para o chão e voltar a levantar-se
- O equipamento do animal de estimação em casa pode constituir um risco potencial de tropeçar para algumas pessoas idosas se não for gerido e organizado cuidadosamente
- Se o animal de estimação for um cão, considerar as necessidades específicas de exercício, requisitos de treino e níveis de energia, para saber se é a melhor escolha de animal de companhia para o idoso
As pessoas mais velhas que possam estar a sofrer alterações na visão ou perda de audição podem beneficiar mais com um tipo específico de animal de estimação do que com outro para ajudar a manter a segurança e a qualidade de vida quer dos idosos quer dos animais.
O que fazer quando o idoso não pode cuidar do animal de companhia?
Para as pessoas mais velhas que adotam um animal de estimação, é possível que este sobreviva ao dono ou que necessite de cuidados adicionais se a saúde ou as circunstâncias do dono se alterarem e este já não puder prestar os cuidados necessários ao animal.
Nalguns casos, o dono pode ter de prolongar a sua estadia no hospital ou mesmo ter de ir para um lar de idosos, pelo que é importante que exista um plano para o animal de estimação neste caso.
Alguns lares ou casas de repouso para idosos permitem que os animais de estimação venham com os seus donos, mas isto tende a ser a exceção e não a regra.
Se a pessoa idosa tiver adotado originalmente o seu animal de companhia de uma organização pode existir a possibilidade de o animal ser devolvido à organização de salvamento no caso de o proprietário já não poder cuidar dele, mas não há garantia de que isso possa acontecer e é uma situação rara.
Para os donos de animais de companhia mais idosos que ainda vivem em casa, mas que talvez precisem de cuidados extra para o seu animal de estimação que já não possam prestar, poderão existir profissionais ou passeadores de cães que prestem esses cuidados como parte da sua atividade, juntamente com familiares, amigos ou vizinhos que queiram e possam ajudar.
O mais importante é não provocar uma situação que leve ao abandono do animal ou a colocar a vida do animal de companhia em perigo.
Obter os benefícios de um animal de companhia sem ter um
Se uma pessoa idosa gostaria de ter uma interação regular com um animal de estimação, mas não se sente capaz de assumir a responsabilidade de ter um, existem algumas opções alternativas.
Acolhimento temporário
Existem campanhas para estimular o acolhimento temporário de animais de companhia em Portugal, mas não têm ainda muita expressão.
Algumas organizações de acolhimento e salvamento de animais procuram lares de acolhimento para os animais que estão ao seu cuidado enquanto esperam por um novo lar. Isto significa que o animal está num ambiente caseiro enquanto espera pelo seu lar definitivo.
Cuidar temporariamente dos animais de familiares, amigos ou vizinhos
Um acordo informal para ajudar a cuidar do animal de companhia de um familiar, amigo ou vizinho pode ser uma ótima alternativa para uma pessoa idosa passar tempo de qualidade com um animal de estimação e obter muitos dos benefícios, mas sem a responsabilidade de ser dono.
Por exemplo, passar tempo com o cão de um vizinho enquanto o dono está a trabalhar, ou tomar conta do gato de alguém enquanto o dono está de férias.
Conclusão
Cuidar de um animal de estimação é uma das formas mais comuns de interação dos idosos com os animais. Uma grande parte dos adultos com mais de 50 anos têm pelo menos um animal de estimação em casa.
Alguns estudos demonstraram que que ter um animal de companhia pode proporcionar soluções importantes de apoio social e emocional aos idosos, o que pode reduzir a angústia e a solidão e melhorar a qualidade de vida em geral.
Os animais de companhia podem ter um impacto profundo na vida dos idosos, proporcionando companhia, apoio emocional e inúmeros benefícios para a saúde.
Os animais podem ajudar a aliviar a solidão, promovem um sentido de propósito e melhoram o bem-estar geral. A presença de um animal de estimação pode trazer alegria, felicidade e um entusiasmo renovado pela vida.
Uma das vantagens mais significativas de ter um animal de estimação para os idosos é a companhia que eles proporcionam.
Os idosos podem sofrer a perda de entes queridos ou mudanças no seu círculo social.
Estas mudanças podem levar a sentimentos de isolamento e solidão. Um animal de companhia, seja um cão, um gato, um pássaro ou mesmo um pequeno hamster, torna-se uma companhia constante e reconfortante.
Os animais oferecem amor incondicional e não fazem julgamentos, ajudando os idosos a sentirem-se menos sozinhos e oferecendo objetivos concretos, uma rotina estável e responsabilidade.
Ao pensar em adotar um animal de companhia, é importante considerar primeiro as vantagens e comparar com as responsabilidades e os custos que lhe estão associados.
É importante considerar sempre a segurança, o conforto e o bem-estar quer do idoso quer do animal de companhia. Por isso, se o idoso não tem condições físicas ou cognitivas para cuidar com responsabilidade do animal será melhor não adotar.
Idosos com demência ou outro tipo de doença do foro cognitivo podem não ter condições fisicas e mentais para cuidar de um animal de companhia.
Em alternativa, adotar com consciência e cuidado e procurar um animal que se adapte ao estilo de vida e circunstâncias do idoso, para evitar situações de abandono no futuro e proporcionar ao idoso e ao animal de companhia uma melhor qualidade de vida e bem-estar.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
- One Health Organization
- National Institutes for Health
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.