Sabia que os doentes com afasia podem sentir dificuldade em perceber mensagens faladas ou escritas, não conseguirem identificar imagens e objetos e/ou estarem impedidos de comunicar através da fala, escrita e/ou do gesto?
É difícil imaginarmos estar numa situação em que queremos falar com alguém e não conseguirmos ou alguém estar a falar connosco frases simples e nós não conseguimos entender.
As afasias são distúrbios na linguagem, causados por algum tipo de lesão cerebral que compromete vários aspetos da comunicação, nomeadamente a expressão oral e na maioria dos casos também influenciam a leitura e a escrita.
Existem diversos tipos de afasia (de Broca, de Wenicke, Motora, entre outros), dependendo da localização da lesão cerebral, sendo uma sequela frequente do Acidente Vascular Cerebral, de traumatismos crânio-encefálicos e, embora mais rara, de tumores cerebrais ou de doenças infecciosas.
Reconhecer o tipo de afasia é imperativo na definição de uma estratégia de recuperação O diagnóstico do tipo de afasia habitualmente é feito pelo médico essencialmente por quatro provas:
- análise do discurso,
- identificação de objetos por contato visual,
- repetição de palavras,
- e compreensão de ordens simples.
Um dos profissionais de saúde mais especializado e envolvido no tratamento desta patologia é o terapeuta da fala. Mais à frente vai perceber porquê.
Descubra mais sobre a afasia, o que é, como reconhecer os seus sinais, as diferenças entre cada tipo, quais os tratamentos e como lidar com uma pessoa com esta doença neste guia completo que vai gostar de ler. Confira!
O que é afasia
A afasia é um distúrbio da fala / comunicação, que afeta a produção ou compreensão do discurso, independentemente de ser verbal ou escrito. Pode-se caracterizar por uma perda parcial ou total da capacidade de expressão e até da compreensão.
A origem da afasia é uma lesão cerebral, sendo o AVC a causa mais comum em indivíduos mais velhos. Mas as lesões cerebrais como traumatismos, tumores e infeções, também podem resultar em afasia. Esta é a sequela mais comum em pessoas que sofrem algum tipo de trauma cranioencefálico.
Veja também: Sintomas de AVC, causas e tratamentos
Tenha em mente que:
O cérebro é composto por mais do que uma área dedicada à fala, e é a localização e a extensão da lesão que vão determinar o tipo de afasia. Para a maioria das pessoas, é no hemisfério esquerdo que se localizam as áreas da fala, no entanto, uma pequena percentagem dos canhotos realiza esta função com o hemisfério direito.
Pela sua complexidade, as afasias são estudadas por várias áreas: neuropsicologia, medicina e linguística.
Estima-se que em Portugal existam mais de 40 000 pessoas afetadas pela Afasia.
Qual a diferença da Afasia, Apraxia e Disartria
Ainda que se encontrem todas associadas a problemas na comunicação, seja ela verbal ou escrita, existem diferenças claras entre estes três diagnósticos.
Afasia e apraxia
Enquanto a afasia se encontra associada a lesões cerebrais que impedem a comunicação, a apraxia diz respeito à incapacidade de realizar tarefas que exigem a memorização de padrões ou sequências de movimentos.
As pessoas com apraxia são incapazes de recordar ou realizar uma série de movimentos, apesar de a nível físico, disporem da capacidade para a realização das tarefas.
Afasia e disartria
Também a afasia e a disartria são diferentes, sendo a última caracterizada por dificuldades apenas na articulação das palavras. Sem interferência na compreensão, escrita e outras questões de linguagem, a disartria causa o problema da fala, afetando os nervos e músculos relacionados.
As dificuldades causadas pela disartria encontram-se na pronunciação física de sons e palavras, tratando-se de um problema motor.
Quais são os 8 tipos de afasia mais comuns?
A afasia pode ser caracterizada por vários tipos, dependendo das alterações ocorridas na capacidade de comunicação. Provas de avaliação testam:
- a fluência do discurso,
- a compreensão,
- a aptidão para a repetição de palavras,
- e a identificação de objetos.
Os diversos tipo de afasia, como a Afasia de broca, afasia de Wernicke, afasia de condução, são definidos consoante as alterações que são registadas a nível, sintático, semântico, fonético ou pragmático.
De acordo com a neuropsicologia, é possível distinguir dois grandes grupos de afasias, segundo as lesões cerebrais de localização precisa: o grupo das afasias de expressão e o das sensoriais ou de receção.
Veja a seguir quais são os tipos de afasia mais comuns:
Afasia motora ou de Broca
Sendo uma afasia de expressão, a afasia de Broca acontece nas regiões frontais do hemisfério. Esta área do cérebro é responsável pela união das palavras na construção de frases.
Quando o trauma causa afasia motora de expressão, o doente deixa de conseguir formar uma frase completa e de entender as frases ditas pelas outras pessoas.
Fora da construção frásica ficam elementos como:
- os artigos (a, o),
- verbos de ligação (ex.: ser e estar),
- e as conjunções (ex.: e, mas, logo, porque).
Em resumo, a afasia de Broca caracteriza-se por ser uma expressão verbal pouco fluída e reduzida, associada a esforço, frases curtas e ausências gramaticais.
Tendencialmente, a capacidade cognitiva dos pacientes com afasia de Broca de compreender a fala, é melhor que a capacidade de expressão, apesar de mesmo assim, poder apresentar dificuldades com frases mais elaboradas.
Todos estes problemas causados por esta afasia verificam-se também a nível da escrita.
Afasia sensorial ou de Wernicke
A afasia de Wernicke ocorre na zona posterior do hemisfério esquerdo e caracteriza-se por um distúrbio principalmente a nível da compreensão.
Ainda que normalmente não se verifiquem alterações na articulação e fluência, a fala apresenta-se aumentada. Este transtorno na exposição passa despercebido ao doente.
Apesar de articular as palavras sem dificuldade, os pacientes que sofrem desta afasia podem falar de maneira incoerente, e usar palavras fora do contexto, ou que nem existam (transformações afásicas ou parafasias). Isto acontece sem o paciente saber e impede a compreensão da outra pessoa.
Por outro lado, quando não se verifica um excesso de expressão, é possível denotar a falta de vocábulos. Também a capacidade de repetição e denominação são resultados da afasia sensorial.
No entanto, o distúrbio mais profundo é o da compreensão, variando de acordo com o grau de gravidade do trauma. Ainda que consigam ler e escrever, o paciente escreve como fala, o que resulta em palavras desconhecidas, e textos incompreensíveis.
Afasia de condução
A afasia de condução surge de traumas que afetam as áreas de Broca e de Wernicke, causando dificuldades na criação de respostas adequadas. Apesar de o paciente com afasia de condução conseguir compreender o que lhe é dito, praticamente sem alterações, a capacidade de responder encontra-se comprometida.
A origem do distúrbio surge da deformação do sistema fonológico, que se reproduz no dano da repetição, escrita ditada e leitura em voz alta e da reprodução de ritmos. A afasia de condução é ainda influenciada pela presença de parafasias (uso de palavras completamente estranhas ao contexto, de que resulta a falta de sentido) na expressão verbal.
Alguns pacientes podem ter problemas em compreender comunicações mais complexas. Mas os doentes com esta característica podem ter mais facilidade em falar e compreender com relativa normalidade. No entanto, são de esperar algumas pausas na fala, por dificuldade em encontrar a palavra apropriada, ou até substituí-la por outra, fora do contexto.
A leitura é outra das grandes alterações na afasia de condução, mas a escrita é preservada, ainda que com vários erros.
Afasia anómica ou nominal
A afasia anómica ou nominal é utilizada para designar pacientes com uma incapacidade persistente de fornecer as palavras exatas (anomia) para as coisas sobre as quais desejam falar – particularmente os substantivos e verbos significativos.
Isto resulta num discurso, que embora seja fluente na forma gramatical e na produção, encontra-se cheio de descrições de palavras e expressões de frustração.
O doente com afasia anómica entende bem a fala e, na maioria dos casos, lê corretamente. A dificuldade em encontrar as palavras desejadas é tão evidente na escrita quanto na fala.
Na incapacidade de utilizar a palavra que desejam, os pacientes com afasia nominal descrevem as características e funcionalidades do que pretendem dizer.
Afasia motora transcortical
Muito semelhante em vários factores com a afasia de Broca, na afasia motora transcortical, os pacientes têm dificuldade em se expressar porque não conseguem formar as palavras. No que diz respeito à espontaneidade, a expressão fica muito reduzida, lenta e curta, decorrendo com esforço.
Já a nível de repetição existe mais facilidade, com a compreensão a estar parcialmente assegurada. Os doentes com afasia motora transcortical têm dificuldades em falar, mas repetem bem.
A escrita pode apresentar dificuldades, mas a leitura e a compreensão estão seguras, apesar de poderem não compreender o que estão a ler.
Afasia sensorial transcortical
A afasia sensorial transcortical é um tipo raro de distúrbio, que impede o paciente de compreender o que é dito pelas outras pessoas, mas que consegue falar de maneira fluente.
Resulta de lesões em zonas circundantes da área de linguagem do Wernicke, uma área essencial na apreensão da linguagem.
Mesmo sem conseguir perceber o que as palavras ou frases significam, uma pessoa com afasia sensorial transcortical consegue repetir palavras e frases.
A habilidade de ler pode ter vários graus de interferência e geralmente a perceção da escrita encontra-se seriamente transformada. Quando tentam escrever, os doentes com este tipo de afasia fazem-no como falam, o que resulta numa escrita imperceptível.
Afasia transcortical mista
Este é um tipo raro de afasia. À semelhança da afasia de Broca severa, a afasia transcortical mista aplica-se a doentes com fala dispersa e laboriosa. No entanto, esta afasia causa limitações na compreensão da fala, impedindo também a leitura ou escrita acima do nível básico.
Mas se a compreensão, a fala e a escrita são afetadas, a repetição e o canto de músicas familiares são possíveis para as pessoas com afasia transcortical mista.
Normalmente, neste tipo de afasia as área da linguagem principais não são afetadas, mas as circundantes, conhecidas como áreas da associação de línguas sofrem traumas.
Considera-se que o isolamento das áreas de Broca e Wernicke causadas por essas lesões as deixem isoladas do sistema linguístico. É por isso que existe falha na produção de fala espontânea e a compreensão da fala e escrita.
O derrame cerebral é a causa mais comum da afasia transcortical mista.
Afasia global
Como o nome já sugere, a afasia global dá-se quando, por exemplo um AVC, afeta tanto as regiões frontais quanto as posteriores do hemisfério cerebral esquerdo.
Desta lesão, resulta um misto das afasias de Wernicke e de Broca, o que significa alterações a nível da secção e da expressão. Assim, o doente revela problemas na compreensão, com fala incoerente em determinados momentos, e dificuldade de expressão.
A afasia global é a forma mais grave de afasia, e diz respeito a pacientes que podem produzir poucas palavras reconhecíveis e entender pouco ou nenhum idioma falado. As pessoas com afasia global não sabem ler nem escrever.
Esta afasia pode ser notória imediatamente após o doente sofrer um derrame e pode melhorar rapidamente se o dano não for extenso. Uma lesão cerebral maior pode resultar em incapacidade grave e duradoura.
Quais são as principais causas da afasia?
- Acidente Vascular Cerebral (AVC)
- Infeções (Ex.: Meningite)
- Traumatismos craneoencefálicos
- Tumores cerebrais
Como é feito o diagnóstico da Afasia?
Os médicos possuem os conhecimentos para identificar a afasia através de uma conversa com o doente. Esta conversa pretende avaliar a facilidade do paciente em falar, compreender e expressar-se.
No entanto, para uma maior padronização, são avaliados quatro campos para o diagnóstico da afasia:
- Fluência do discurso
- Nomeação (identificação de objetos por contato visual)
- Repetição de palavras
- Compreensão de ordens simples
Além deste diagnóstico é imprescindível a avaliação e identificação do trauma cerebral. Para este último efeito são utilizadas a ressonância magnética (RM) ou a tomografia axial computadorizada (TAC).
Quais são os principais sintomas da afasia?
Os sintomas da afasia variam consoante a área do cérebro afetada e da extensão da lesão. Se algumas pessoas revelam dificuldades na fala, outras demonstram incapacidade em acompanhar uma conversa.
Enquanto alguns doentes sofrem afasias muito ligeiras, que não são notadas num primeiro momento, outros vêem as suas capacidades de comunicação e compreensão afetadas severamente.
O tipo de sintoma é tão variado quanto o tipo de afasias e de lesões, mas os obstáculos comunicativos são comuns a todos os indivíduos. As pessoas que sofrem deste distúrbio podem adquirir dificuldades na recordação de palavras e nomes, sem que a exista qualquer impacto na sua inteligência.
Ao contrário do que acontece com o Alzheimer, que é uma doença degenerativa, a dificuldade encontra-se no acesso aos pensamentos e ideias, e não no desenvolvimento do raciocínio.
A dificuldade de comunicação das pessoas com afasia leva a que sejam confundidas com doentes mentais. É comum os doentes com afasia apresentarem também paralisia nas pernas ou nos braços direitos.
Como a afasia se manifesta no doente com AVC?
A causa mais comum da Afasia é o Acidente Vascular Cerebral, assim como a afasia é a sequela mais comum em doentes que tenham sofrido um AVC.
O derrame cerebral é a principal causa de morte em Portugal (e de incapacidade crónica), estimando-se que cerca de 50% dos sobreviventes apresentam dificuldades de comunicação.
É comum os doentes que sofreram de num AVC terem dificuldade em expressar emoções através da linguagem, problemas na compreensão do que ouvem e obstáculos a nível da escrita, leitura, cálculo e frustração.
Todas as dificuldades causadas pela afasia no doente com AVC causam um grande impacto a nível social, económico e psicológico.
A afasia gera dificuldades na noção de identidade, na auto-estima e nas relações interpessoais e sociais, gerando depressão, limitação física e isolamento.
Como a afasia se manifesta no Parkinson?
A doença de Parkinson é uma doença degenerativa e progressiva, que afeta lentamente, áreas específicas do sistema nervoso central.
É reconhecida por tremores no corpo, membros e cabeça, causados pelos músculos. A doença de Parkinson causa rigidez muscular, lentidão de movimentos e perdas e equilíbrio.
Num grande número de pessoas desenvolve-se demência, e é nos quadros de quadros de demência mais graves que surge a Afasia Progressiva Primária (APP).
Veja também: Mal de Parkinson: Sintomas, causas e tratamentos
Esta é uma versão de afasia que se qualifica como uma patologia neurodegenerativa que provoca a perda gradual da linguagem e que se encontra diretamente relacionada com a demência.
Quais são os tratamentos para Afasia?
Para o tratamento da afasia devem ser considerados alguns fatores, como a causa, tamanho e localização da lesão, a idade do doente e a extensão de linguagem comprometida.
A maior parte da recuperação ocorre no primeiro mês depois do trauma, seguido dos 6 meses seguintes. Apesar de a evolução reduzir após este tempo, a mesma continua.
O primeiro tratamento deve ser definido pelo médico e destina-se à lesão. Após reparado o dano cerebral, existem diversas terapias que podem auxiliar a recuperação do paciente com afasia:
Fisioterapia
O fisioterapeuta intervém na avaliação e na reabilitação da mobilidade e da força muscular dos membros inferiores e superiores, como os braços, as mãos, as pernas e os pés de forma a reorganizar e a melhorar o funcionamento dos movimentos.
Desta forma, avalia e executa técnicas de reabilitação:
- da postura corporal,
- da marcha,
- dos movimentos de sentar, levantar, andar, vestir, comer, entre outros.
Atuando tanto nos problemas motores do doente afásico como também nas alterações respiratórias.O profissional de fisioterapia também atua na prevenção das complicações que a diminuição ou a ausência de movimento das pernas e dos braços pode provocar, como a trombose venosa, a dor, alterações respiratórias, úlceras de pressão e contraturas.
Veja também: Escaras (Úlceras de Pressão): Causas, sintomas e tratamentos
Por outro lado, o fisioterapeuta orienta o doente com afasia e a sua família para os cuidados e procedimentos que procuram otimizar:
- a marcha,
- a autonomia,
- a mobilidade,
- e a independência do doente no seu dia-a-dia.
Ortoprotesia
O ortoprotésico estuda, constrói, adapta e aplica dispositivos biomecânicos. Ajuda a adaptar o domicílio do doente com afasia e o local de trabalho de forma a reduzir barreiras. As suas intervenções incluem o estudo e a adaptação de produtos de apoio, tais como:
- Camas articuladas
- Colchões de conforto e preventivos de feridas
- Cadeiras de rodas
- Cadeiras de banho
- Poltronas, cadeirões e sofás
- Almofadas de prevenção de feridas
- Auxiliares de marcha: andarilhos, muletas, bengalas
- Ortóteses
Veja também: Ortóteses: O que são, quais os tipos e para que servem
Psicologia
É do âmbito da sua atuação a realização de avaliações psicológicas e fazer o acompanhamento psicológico, bem como fazer a identificação e reabilitação de alterações cognitivas do doente afásico. Desta forma, as suas avaliações, técnicas e exercícios incluem:
- Treino cognitivo,
- Ensino de estratégias,
- Funções cognitivas.
Terapia da fala
O terapeuta da fala atua na avaliação e na reabilitação de todos os aspetos relacionados com a linguagem e com os processos cognitivos:
- A atenção auditiva e visual;
- A perceção auditiva e visual; a memória verbal e não verbal;
- O cálculo;
- A expressão oral; a escrita; a compreensão da linguagem oral e também a compreensão da linguagem escrita (leitura);
- Os aspetos multimodais da linguagem como os gestos, a mímica facial, a entonação da fala, o olhar e os movimentos do corpo e da cabeça.
Além disso, este profissional de saúde também utiliza técnicas e estratégias para melhorar a articulação das palavras e a voz (nos casos de disartria e disfonia) e a deglutição (nos casos de disfagia) do doente com afasia.
A reabilitação realizada pelo terapeuta da fala visa a utilização de estratégias compensatórias, a reconstrução da linguagem, a reorganização das habilidades de comunicação presentes, apesar da afasia, e dos aspetos relevantes nas atividades de vida para uma melhor comunicação, interação e sociabilização.
Terapia ocupacional
A intervenção do terapeuta ocupacional incide na avaliação e na reabilitação da coordenação motora fina para aumentar a segurança, a independência e a eficiência nas atividades de vida diária do doente com afasia.
Atividades relacionadas com os cuidados de higiene pessoal (banho, escovar os dentes, pentear os cabelos), como a alimentação (levar o copo à boca, adaptar os talheres, cortar a comida com a faca), com o vestir-se, com o cozinhar, entre outras, são o foco da atuação da terapia ocupacional.
Veja também: As 7 regras da higiene do sono
Enfermagem
Os enfermeiros intervêm na reeducação funcional motora, treino de atividades de vida diária e ensino sobre otimização ambiental.
As suas principais intervenções no processo de reabilitação do doente com afasia incluem:
- Promover o Autocuidado
- Controlo da tensão arterial
- Apoio à mobilidade e locomoção
- Estimulação cognitiva
- Alimentação
- Treino e controlo de esfincteres
- Ensino ao doente, familia e cuidadores
- Posicionamento e transferências
- Cuidados com a pele e prevenção de escaras.
- Aconselhamento sobre uso de ajudas técnicas e produtos de apoio: camas articuladas, colchões ortopédicos, cadeiras de rodas, poltronas e cadeirões, cadeiras de banho, andarilhos, muletas, bengalas, ajudas na transferência, etc.
Como lidar com uma pessoa com afasia?
O médico deve conduzir a família da pessoa com afasia para que esta não se afaste e não exclua o doente. É importante ter presente que a pessoa não teve uma redução de inteligência, mas sim uma falha na comunicação.
A equipa de saúde composta pelo médico, terapeuta da fala, enfermeiro, psicólogo habitualmente elabora um plano de reabilitação com estratégias orientadoras para os familiares e cuidadores.
Deixamos de seguida algumas dicas:
- Uma das maneira de ajudar na integração de um doente com afasia e a simplificar a sua expressão, é utilizar perguntas de ‘sim’ e ‘não’. Parafrasear durante a conversa também é um auxílio.
- Apoiar o acompanhamento de um terapeuta da fala durante a recuperação é importante e pode ter um efeito motivador.
- O paciente deve sentir-se o mais confortável possível durante esta fase, longe da perceção do desespero que possa estar a causar.
- É preciso ter em mente que não se deve utilizar linguagem infantil, nem corrigir o discurso da pessoa.
- A pessoa com afasia necessita de toda a atenção, não devendo haver precipitações. É necessário saber ouvir e esperar pela resposta. Não há consenso sobre se é benéfico ou não preencher a palavra que o doente quer dizer mas não consegue, pois isso pode interferir com a fase expressiva em que ele pára para decifrar o que foi dito.
- Para muitos doentes com afasia é uma vitória dizer uma só palavra, pelo que o elogio pode preencher os espaços que parecem uma eternidade no conflito interno da pessoa que se quer expressar.
Conclusão
A afasia pode causar problemas de comunicação severos a curto, médio e longo prazo e têm como origem uma lesão cerebral. Ainda que prejudique amplamente a comunicação entre o doente e os seus familiares, a afasia não representa um problema no raciocínio.
Reconhecer os sintomas da afasia pode ajudar a identificar uma lesão que não é perceptível a olho nu e que deverá ser assistida com a máxima rapidez. Ao mesmo tempo, reconhecer o tipo de afasia é imperativo na definição de uma estratégia de recuperação.
Saber lidar com um doente com afasia é essencial para potenciar a sua capacidade de cura, rejeitando comportamentos que podem exacerbar o sentimento de frustração causado pela dificuldade de expressão.
Como vimos, no tratamento e na reabilitação do doente com afasia deve estar envolvida uma equipa multidisciplinar composta pelo médico, enfermeiro, fisioterapeuta, ortoprotésico, psicólogo, terapeuta ocupacional e terapeuta da fala, entre outros.
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Referências
- Livro Escrita e Afasia – A linguagem escrita na afasiologia – de Ana Paula Santana da Editora Plexus
- Livro Assessment of Aphasia de Otfried Spreen e Anthony H. Risser da Oxford University Press
- Livro A Semiologia das Afasias de Edwiges Maria Morato da Cortez Editora
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.