Sabe o que é a artrite reumatóide? É uma doença reumática crónica, auto-imune que atinge as articulações sobretudo as das mãos e dos pés podendo provocar deformações incapacitantes.
Em Portugal atinge cerca de 40 000 pessoas e a sua incidência é maior nas mulheres do que nos homens.
A Rita tem 48 anos e há cerca de 4 meses começou a sentir dor, calor, inchaço e vermelhidão ao nível das mãos acompanhado por períodos de cansaço. Foi ao seu médico de família que a encaminhou para um reumatologista. Após várias semanas em estudo com vários exames foi-lhe diagnosticado artrite reumatóide.
Qual o impacto que a artrite reumatóide pode causar na vida das pessoas? Existe cura? Quais os sinais e sintomas, as causas e os tratamentos? Saiba tudo sobre artrite reumatóide neste guia completo gratuito que elaborámos para si. Confira!
O que é artrite reumatóide?
A Artrite Reumatóide é uma doença crónica, inflamatória, auto-imune que se caracteriza pela inflamação das articulações, em particular as das extremidades dos membros (dor e inchaço nas mãos e pés) e que pode levar à destruição do tecido articular e periarticular.
Além do envolvimento das articulações, também pode existir uma componente sistémica, com agressão de outras estruturas do nosso organismo (exemplo pele, coração, pulmões, rins e vasos sanguíneos).
Os doentes com Artrite Reumatóide frequentemente sentem dor e dificuldade em mobilizar as articulações, mas os sintomas podem ser muito variados. A supressão da inflamação nos estágios iniciais da doença, ou seja o tratamento precoce, pode resultar em melhoria substancial do prognóstico a longo prazo.
A AR também denominada de artrite inflamatória, faz parte das doenças reumáticas crónicas e não é considerada uma doença rara. A sua prevalência (frequência) varia de 0,5-1,5% da população nos países industrializados. Em Portugal estima-se que afete 0,8 a 1,5% da população, ou seja, cerca 40 mil doentes.
A ocorrência global da Artrite Reumatóide é duas a quatro vezes maior em mulheres do que em homens. O pico de incidência nas mulheres é após a menopausa, mas pessoas de todas as idades podem desenvolver a doença, incluindo adolescentes.
Artrite reumatóide sintomas
Os sintomas da Artrite Reumatóide (AR) são variáveis de pessoa para pessoa. Não existe uma AR igual e cada um tem a doença de forma diferente.
Em algumas pessoas, a AR pode ser ligeira e durar alguns meses ou anos, desaparecendo sem causar grande impacto ou dano. Noutros casos, pode ser moderada e existirem crises de agravamento ocasional, sendo que existem períodos sem queixas.
Outras pessoas sentem a doença como sendo grave com crises frequentes e com a actividade da doença a durar anos ou toda a vida, com atingimento grave das articulações e incapacidade muito importante.
Os principais sinais e sintomas da AR são:
- Inchaço, dor, calor, edema e vermelhidão nas articulações sobretudo mãos e punhos;
- Rigidez nas articulações, especialmente pela manhã provocando uma sensação de prisão dos movimentos
- Frequentemente, a doença começa como uma poliartrite simétrica (mais de 4 articulações inchadas e dolorosas, nos dois lados do corpo)
- Cansaço
- Diminuição da força no local das articulações afetadas
- Sintomas de gripe
- Febre
- Suores
- Perda de peso
Se não for tratada, a inflamação conduz à destruição progressiva das articulações e sua perda de função. Com a destruição da cartilagem articular os doentes podem desenvolver deformidades em articulações periféricas tais como: os dedos em pescoço de cisne, desvio ulnar e Hallux Valgus (joanetes).
Partes do corpo mais afetadas pela AR
A artrite reumatoide pode começar de forma súbita, com muitas articulações inflamadas ao mesmo tempo. Habitualmente começa a atingir diferentes articulações gradualmente. A inflamação costuma ser simétrica, com articulações em ambos os lados do corpo afetadas de forma quase igual.
A AR pode afetar qualquer articulação, no entanto, as primeiras articulações a serem atingidas, são as pequenas articulações das:
- Mãos
- Pulsos
- Dedos
- Pés
- Dedos dos pés
- Joelhos
- Ombros
- Cotovelos
- Tornozelos
- Ancas
Por outro lado, a AR é uma doença auto-imune que pode afetar muitos órgãos e há outras manifestações da doença tais como:
- Sistema renal: Raramente envolvido, mas pode ocorrer nefropatia tóxica (pela toma de anti-inflamatórios não esteróides).
- Sistema Nervoso: Pode ocorrer compressão de nervos periféricos pelo edema articular, sendo comum o “síndrome do túnel cárpico”. Mais raramente, pode ocorrer subluxação atlanto-axial (das duas primeiras vértebras cervicais) o que poderá conduzir a comprometimento da medula espinhal.
- Sistema respiratório: pode ocorrer inflamação pleural (membrana que cobre os pulmões), e alterações dos pulmões e vias aéreas.
- Sistema cardiovascular: Pode ocorrer a inflamação da membrana que cobre o coração (pericárdio), o que é pouco frequente. Estudos recentes mostram que a AR contribui para o aumento do risco cardiovascular, existindo um aumento do risco de enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
- Olhos: Secura ocular (Síndrome seca secundária, chamada “Síndrome de Sjögren secundária”); inflamação ocular (esclerite e episclerite).
- Pele: úlceras de perna e lesões cutâneas eritematosas (avermelhadas).
- Nódulos reumatóides: tumefações subcutâneas (debaixo da pele) não dolorosas que ocorrem na maioria das vezes nos cotovelos, joelhos e dorso das mãos. Surgem sobretudo em pessoas com a doença de longa evolução.
- Fígado: A presença de hepatomegália discreta (aumento das dimensões do fígado) e enzimas hepáticas (transamínases) elevadas são comuns.
- Outras manifestações: Podem ainda ocorrer distúrbios da tiróide, osteoporose e depressão.
O aparecimento de outras doenças pode aumentar o risco de desenvolver complicações de AR e pode aumentar ainda mais a morbidade e mortalidade, por exemplo, desenvolver diabetes, que associada a AR conduzem a mais complicações cardíacas.
Tipos de Artrite
Artrite Reactiva
A artrite reactiva (antigamente denominada de Síndrome de Reiter) faz parte da família das espondilartrites e é definida como uma artrite (inflamação das articulações) que surge entre dias a semanas após uma infecção bacteriana sobretudo gastrointestinal ou genito-urinária. É uma doença pouco comum que tipicamente ocorre em jovens adultos, atingindo do mesmo modo homens e mulheres.
As infecções mais frequentemente reconhecidas como causadoras de artrite reactiva são:
- Gastrointestinais por Salmonella, Shigella, Campylobacter, Yersinia, Clostridium difficile;
- Genito-urinárias por bactérias como Chlamydia trachomatis;
- Respiratórias por Chlamydia (ou Chlamydophila) pneumoniae;
- Existem também casos reportados de infecções por Escherichia coli e por Mycobacterium bovis
No caso das infecções urogenitais os sintomas mais frequentes são: a dor pélvica, o ardor ao urinar e um corrimento vaginal ou peniano tipo pus ou aquoso. Em alguns doentes com uretrite infecciosa a infecção pode não dar manifestações.
A diarreia é a manifestação mais característica das infecções gastrointestinais que podem causar artrite reactiva.
O intervalo de tempo entre a infecção e o início das manifestações da artrite reactiva é habitualmente de 1 a 4 semanas. Existem manifestações articulares e extra-articulares que são iguais quer a infecção prévia seja gastrointestinal quer seja genito-urinária.
Os sintomas de artrite reactiva são a dor e o inchaço das articulações. Normalmente as queixas envolvem um pequeno número de articulações (3 ou menos), sobretudo joelhos, tornozelos ou articulações do pé, embora as extremidades superiores, coluna vertebral e articulações sacroilíacas também possam ser afectadas.
Outros doentes podem sofrer de entesite (inflamação à volta do local de inserção de ligamentos e tendões no osso) que se manifesta por dor e inchaço nos tornozelos (tendão de Aquiles) ou planta dos pés (fáscia plantar).
Alguns doentes também podem desenvolver dor na coluna vertebral e dactilite, que tipicamente se apresenta com “dedos em salsicha”.
O envolvimento extra-articular na artrite reactiva associa-se com várias manifestações que podem estar presentes quer na fase aguda da doença quer na crónica: conjuntivite, úlceras orais, febre, mal-estar geral, dor de cabeça, perda de peso, lesões cutâneas (por exemplo na palma e planta dos pés, na glande peniana) e alterações das unhas.
A Síndrome de Reiter diz respeito apenas ao conjunto de manifestações compostas por uretrite, conjuntivite e artrite.
O diagnóstico é essencialmente clínico e envolve:
- Presença de dor e inchaço de articulações normalmente nos membros inferiores, entesite, dactilite, dor na coluna vertebral ou manifestações extra-articulares já mencionadas anteriormente;
- Evidência de uma infecção extra-articular prévia (diarreia, infecção genital ou urinária);
- Ausência de outra causa mais provável para as manifestações
As radiografias das articulações afectadas podem ajudar a excluir outras causas de dor. Para o diagnóstico de artrite e entesite pode utilizar-se a ecografia e a ressonância magnética nuclear.
O tratamento da artrite reactiva passa pela utilização de agentes anti-inflamatórios e supressores do sistema imunitário em duas fases da doença: aguda e crónica. A maioria dos doentes vai ter uma doença autolimitada e vai precisar apenas de analgésicos e anti-inflamatórios não esteróides (como o ibuprofeno, naproxeno ou diclofenac) que são utilizados para reduzir a dor articular e o inchaço. Pode ser necessário utilizar regularmente doses elevadas por um período de até 2 semanas para ser poder avaliar a sua eficácia.
No caso de não haver melhoria pode haver necessidade de utilização de corticosteróides na forma de uma injecção na articulação, seguido ou não deste fármaco em comprimidos durante um curto período de tempo.
No caso de estas terapêuticas falharem, da doença ser grave, persistente ou recorrente, pode ser necessário recorrer a outros fármacos como a sulfassalazina, o metotrexato, a leflunomida ou a terapêutica biológica com agentes bloqueadores do factor de necrose tumoral (por exemplo: etanercept, infliximab, adalimumab) ou tocilizumab.
A duração média desta doença é de 3 a 5 meses. A maioria dos doentes melhora completamente sem lesão crónica da articulação ou têm manifestações muito ligeiras nos 6 a 12 meses após o início das manifestações, mas 15 a 20% podem ter uma apresentação mais crónica da doença. Noutros doentes a doença tem um curso intermitente.
Alguns doentes com artrite reactiva crónica podem mais tarde evoluir com manifestações características de outras espondilartropatias (por exemplo: espondilite anquilosante, artrite psoriática).
Artrite Psoriática
A Artrite Psoriática (AP) é uma artropatia inflamatória (periférica e / ou axial), que surge em doentes com Psoríase. Esta doença reumática pode revelar-se de várias formas, desde o envolvimento de apenas uma articulação, até ao atingimento de múltiplas articulações, no contexto de formas erosivas, progressivas e incapacitantes.
A AP pode ainda causar envolvimento ocular com conjuntivites e uveítes. Não costuma ter predomínio de género, de uma forma geral, embora o envolvimento axial seja mais frequente no sexo masculino, e o envolvimento poliarticular simétrico mais frequente no sexo feminino.
A AP causa, não apenas o inchaço nas articulações, como também nos tecidos circundantes, em particular tendões e ligamentos. Na AP pode haver vermelhidão nos dedos dos pés e das mãos e o inchaço ter aparência de uma “salsicha”. Qualquer dedo da mão ou do pé pode ser envolvido.
Outras características comuns da AP incluem a tendinite (inflamação dos tendões) e entesite (inflamação nos locais onde os tendões e os ligamentos se ligam aos ossos). Os exemplos mais comuns são a tendinite Aquiliana (porção posterior do calcanhar), a inflamação da fáscia plantar (região inferior do calcanhar), e a epicondilite vulgarmente conhecida por cotovelo de tenista.
A dor nas costas que surgem por inflamação das articulações da coluna caracterizam-se por serem piores à noite e de manhã, com uma rigidez (sensação de limitação do movimento) que vai diminuindo gradualmente à medida que a atividade do dia aumenta.
O diagnóstico de AP pode ser feito pelo médico de família que encaminhará o doente para o médico reumatologista e/ou dermatologista, para fazerem a adequada avaliação da doença e orientação no que respeita ao melhor tratamento das articulações e da pele.
Até ao momento, não há cura para a AP. Por isso o tratamento é projetado para minimizar a dor e a rigidez, tendo por objetivo aliviar as dores, prevenir o aparecimento de erosões das articulações afetadas e evitar a incapacidade motora.
O estabelecimento de um tratamento eficaz é altamente compensador para os doentes e para os médicos, na medida em que melhoram a qualidade de vida dos doentes, permitindo que tenham uma vida normal.
A AP pode ser uma doença crónica progressiva, afetando mais de 5 articulações em cerca de 40% dos doentes e provocando graves limitações funcionais em 11% dos doentes. Cerca de 50% dos doentes apresentam limitações nas atividades de vida diária.
Artrite Idiopática Juvenil
Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) é uma designação que inclui um grupo de doenças que têm em comum o facto de se acompanharam de inflamação/inchaço das articulações (artrite), de terem causa desconhecida (idiopática) e de surgirem na infância ou adolescência (juvenil).
As AIJs não são uma doença mas sim várias doenças, com sintomas, necessidades de acompanhamento, tratamento e prognósticos distintos.
São consideradas doenças raras na globalidade de doenças da infância. Apesar disso, as AIJs representam a principal causa de doença reumática crónica juvenil. Em termos de número, calcula-se que a cada 1000 crianças em idade escolar surja uma com AIJ ou, por outras palavras, que existam tantas crianças com AIJ como com Diabetes Mellitus Juvenil.
Não se conhece a causa da maioria das doenças designadas por AIJ, por isso se dizem idiopáticas. Pensa-se que fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos em várias das doenças do grupo.
Nas crianças pequenas, a detecção destes sintomas cabe obviamente aos pais e educadores. A inflamação das articulações pode ocorrer tão cedo como no primeiro ano de vida e as suas manifestações dependem das articulações envolvidas e da doença em questão.
Se a inflamação for na articulação da anca, joelho ou tornozelo, os pais poderão notar dificuldades na marcha e posições de defesa cada vez que a criança é solicitada a andar, ou a presença sistemática de choro ao mudar as fraldas, nas crianças que ainda não andam.
As articulações afectadas são normalmente dolorosas ao toque, podem estar inchadas e os seus movimentos estão limitados na amplitude, o que é facilmente visto se se tratar do joelho, dedos das mãos e pés ou tornozelos. Um sinal importante é a rigidez matinal – o facto da criança estar bastante pior de manhã, ao acordar, melhorando com os movimentos ao longo do dia.
Outras articulações como as têmporo-mandibulares, que permitem a mastigação, são locais mais difíceis de avaliar e também podem ser atingidas.
Não há nenhuma análise laboratorial ou exame que confirme ou exclua AIJ. O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado nos sintomas da criança e na observação realizada pelo reumatologista pediátrico. As análises servem para complementar a avaliação da resposta ao tratamento e avaliar possíveis efeitos adversos dos medicamentos.
Hoje em dia existem vários fármacos muito eficazes para tratar as AIJs. O tratamento varia consoante a forma de AIJ. O objectivo primário do tratamento é restaurar a função normal da criança e evitar as lesões articulares e as deformações que podem ser causadas pela inflamação.
Na idade pediátrica é fundamental evitar as lesões atuais ou futuras, permitindo o crescimento harmonioso da criança. Algumas complicações possíveis são:
- Deformações das articulações;
- O deficiente crescimento da mandíbula (micrognatismo);
- Dificuldades de mastigação (se a articulação têmporomandibular for atingida);
- Baixo peso e baixa estatura;
- Atrofia muscular
- Osteoporose
Quais são as causas da artrite reumatóide (AR)?
A causa da Artrite Reumatóide (AR) é desconhecida. Sabe-se, no entanto, que o sistema imunitário tem um papel importante na inflamação e na doença. O sistema imunitário é o nosso sistema de defesas contra agressões como vírus, bactérias e outras células estranhas ao organismo.
No caso da AR existe uma resposta errada do sistema imunitário, que reconhece as próprias células como estranhas e ataca-as causando uma resposta inflamatória nas articulações e outros órgãos.
São diversos os fatores de risco para o aparecimento da artrite reumatoide, dentre eles estão:
- Ser mulher, uma vez que a doença afeta três vezes mais mulheres que homens;
- Ter familiares próximos com artrite reumatoide. Mas esse fator não é absoluto. Existe apenas uma tendência maior de se ter a doença comparando-se com alguém que não tenha nenhum caso na família;
- Fumadores, mesmo que sejam apenas fumadores passivos.
- Obesidade
- Infeções
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico deve ser o mais precoce possível, com iniciação rápida do tratamento.Estudos científicos demonstram que no período inicial da doença há uma oportunidade única para influenciar o progresso da doença. O desafio para o médico é reconhecer os primeiros sintomas e encaminhar precocemente para o médico especialista, o reumatologista.
A história que o doente conta ao seu médico é importante e orienta-o na descoberta do diagnóstico. O médico irá perguntar pelo tipo de dor (na AR mais de manhã), se existe ou não febre baixa ou cansaço, como começou, se existe ou não uma causa conhecida, se tem ou não rigidez nas articulações de manhã e principalmente em que articulações se sente dor, edema (inchaço), calor ou rubor, ou ainda se existe limitação nos movimentos por causa da artrite.
Para além da história a avaliação das articulações, aspectos como a saúde geral, os reflexos e a força muscular poderão ser avaliados pelo médico. Outras manifestações podem ser avaliadas no exame objectivo que ajuda o médico na procura do diagnóstico.
Não existem análises ou exames que dêem 100% o diagnóstico de artrite reumatóide, mas alguns testes e exames podem ser úteis.
Critérios
Além do padrão característico de sintomas importantes, os médicos seguem critérios estabelecidos quando estão a avaliar uma pessoa com suspeita de artrite reumatoide. Normalmente, os médicos suspeitam que as pessoas têm artrite reumatoide se elas apresentam mais que uma articulação com inchaço definitivo no revestimento da articulação que não é causado por um outro distúrbio.
Os médicos diagnosticam as pessoas com artrite reumatóide se elas têm certas combinações dos seguintes critérios:
- Envolvimento das articulações que são mais típicas da artrite reumatoide;
- Sintomas que duraram pelo menos seis semanas;
- Níveis sanguíneos elevados de fator reumatóide, anticorpos contra peptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP), ou ambos;
- Níveis sanguíneos elevados de proteína C-reativa, elevada velocidade de hemossedimentação eritrocitária (VHE), ou ambos;
Exames
Exames de sangue
O mais pedidos habitualmente são:
- Velocidade de sedimentação e proteína C reativa (parâmetros analíticos que traduzem inflamação): na AR costumam estar elevadas, mas podem ser normais.
- Fator Reumatóide: Deve ser requisitado em doentes com suspeita de terem AR, ou seja, naqueles em que se encontrou artrite no exame objectivo. Este é positivo em 60-70% dos doentes (e 5% da população normal). Pode ser positivo em outras doenças pelo que se deve ter atenção à sua interpretação.
- Hemograma: anemia normocítica normocrómica e trombocitose (aumento das plaquetas) reativa são comuns na doença ativa.
- Anticorpo contra péptidos citrulinados (anti-CCP): Deve ser requisitado se suspeita de AR, se o doente é negativo para o fator reumatóide ou na eventualidade de se ponderar terapia de combinação. Este anticorpo é mais específico do que o fator reumatóide na AR e pode ser mais sensível na doença erosiva.
- Anticorpo antinuclear (ANA): pode ser positivo em cerca de 30% dos doentes com AR.
Radiografias
Radiografias das mãos e dos pés: Quando realizados no início da doença, podem ser normais se a doença tiver pouco tempo de evolução. Devem ser repetidos durante a monitorização da doença.
Ressonância magnética
A imagem por ressonância magnética (IRM), detecta alterações articulares numa fase anterior, mas não é normalmente necessária no início.
Exame do líquido articular
Os médicos podem inserir uma agulha na articulação para retirar uma amostra de líquido sinovial. O líquido é analisado para determinar se é consistente com as características da artrite reumatóide e para excluir outras doenças que causam sintomas semelhantes à AR.
Prognóstico
O desenvolvimento clínico típico da AR caracteriza-se por períodos de agravamento e remissões. A doença pode ser ligeira (20%) ou grave e progressiva e com má resposta à terapêutica (numa menor percentagem dos casos – 5%). O prognóstico é pior quando o diagnóstico e o tratamento são tardios. A adesão do doente à terapêutica é essencial para melhorar o prognóstico!
Os impactos que a Artrite Reumatóide pode ter no trabalho e vida social estão relacionados com a gravidade da doença e tempo de evolução e aparecem com alguma frequência. Algumas pessoas com AR têm uma mobilidade condicionada e dificuldades nas suas atividades da vida diária. A incapacidade para trabalhar pode ocorrer precocemente no curso da doença, especialmente numa pessoa com uma ocupação manual.
Podem também ocorrer complicações ortopédicas:
- Síndrome do túnel do carpo (adormecimento e perda de força nas mãos);
- Rotura dos tendões (particularmente extensores dos dedos ou polegar);
- Mielopatia cervical (geralmente em AR graves e de longa data);
- Osteoporose;
- Deformações das articulações com comprometimento do seu funcionamento.
Podem ocorrer igualmente complicações infecciosas tanto pela doença como pelos tratamentos.
A adaptação à doença pode ser difícil. É importante o apoio e o envolvimento de uma equipa multidisciplinar na definição e implementação de estratégias de como viver com artrite reumatóide. Esta equipa pode ser composta pelo médico, pelo doente, pela família e por outros profissionais de saúde como o fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, psiquiatra, enfermeiro, ortoprotésico, entre outros.
Artrite Reumatoide e Depressão
A depressão é o problema psiquiátrico mais frequentemente associado à artrite reumatóide, afectando negativamente o bem-estar psicológico e a qualidade de vida do doente.
As características da AR que favorecem a depressão são:
- Incapacidade;
- Dor crónica vivida com sentimentos de infelicidade e desmoralização;
- Evolução prolongada (associada a experiências de perda).
As dificuldades de adaptação do doente surgem quando o entristecimento normal, esperável quando se perde a saúde, dá lugar a uma tristeza permanente com redução de actividades, desinteresse e incapacidade para ter prazer e visão pessimista de si mesmo e do seu futuro.
Esta depressão é facilitada pelo deficiente controlo da dor, pela acumulação de outros acontecimentos de stress e pelo isolamento associado a suporte social escasso.
Gravidez e Artrite Reumatóide
Na maior parte das mulheres, a artrite reumatoide costuma melhorar durante a gravidez, apresentando alívio dos sintomas desde o primeiro trimestre de gestação, podendo durar até cerca de 6 semanas depois do parto.
No entanto, nalguns casos é importante o uso de medicamentos para controlar a doença, sendo necessário evitar remédios como aspirina e Leflunomida. Além disso, na maior parte das vezes, depois do nascimento do bebé a mulher pode passar por um agravamento da artrite, que dura em média cerca de 3 meses até estabilizar.
Geralmente, se a doença estiver bem controlada, as mulheres que sofrem de artrite reumatóide têm uma gravidez tranquila e com o mesmo risco de complicações que as mulheres saudáveis.
No entanto, quando a doença agrava no terceiro trimestre de gestação ou é necessário tomar medicamentos corticóides, existe um maior risco de o feto apresentar atraso do desenvolvimento, parto prematuro, hemorragias durante o parto e necessidade de parto por cesariana.
Antes de engravidar a mulher deve falar com o médico e avaliar a melhor forma de controlar a doença e ter uma gravidez saudável, sendo normalmente recomendado interromper o uso do medicamentos como Metotrexato, Leflunomida e de anti-inflamatórios.
Durante a gravidez, o tratamento é feito de acordo com os sintomas apresentados, podendo ser necessário usar medicamentos corticoides como a prednisolona, que em baixas doses consegue controlar a artrite e quase não é transmitida para o bebé.
No entanto, a utilização prolongada deste medicamento costuma aumentar o risco de infecções durante o parto, podendo ser necessário o uso de antibióticos ainda durante o trabalho de parto ou logo depois.
Após o nascimento do bebé é comum haver um agravamento da artrite reumatoide, sendo importante conversar com o médico para decidir a melhor forma de tratamento.
Se existir o desejo de amamentar, remédios como Metotrexato, Leflunomida, Ciclosporina e Aspirina devem ser evitados, pois passam para o bebé através do leite materno.
Além disso, é importante que a mulher receba apoio da família e do companheiro para ajudar nas tarefas com o bebé e superar a fase de crise da artrite de forma mais rápida e tranquila.
Artrite reumatóide tratamento
Após o diagnóstico, o reumatologista vai prescrever um plano de tratamento adaptado a cada situação clínica que pode englobar medicamentos, fisioterapia, produtos de apoio, entre outros. À medida que a doença vai progredindo pode ser necessário a reformulação do plano de tratamentos para dar resposta aos desafios que vão surgindo.
Apresentamos de seguida, os tratamentos mais frequentemente utilizados na artrite reumatóide.
Fisioterapia
Além dos exercícios, a medicina de reabilitação poderá ser útil, através das massagens e da aplicação de fontes de calor (infravermelhos, ondas curtas, ultra-sons, micro-ondas).
Desaconselha-se as trações e as manipulações, não porque estejam sempre contra-indicadas, mas porque raramente são bem prescritas e bem efetuadas, o que pode conduzir a lesões ósseas, neurológicas e vasculares graves. O desporto tem de ser criteriosamente selecionado.
Os mais úteis são sem dúvida a marcha e sobretudo a natação.
A fisioterapia deve ser indicada logo após o diagnóstico da AR. Auxilia a prevenir deformidades e a sua intervenção é necessária para o sucesso do tratamento.
A fisioterapia possui como objetivo melhorar e manter a qualidade de vida, e preservar a amplitude articular.
Os doentes devem ter a noção de como sentar e levantar da cama, como baixar para apanhar os objetos do chão, bem como a utilização de produto de apoio na marcha, como andarilhos, bengalas, muletas ou canadianas de modo a reduzir as lesões nas articulações.
Massagem
As massagens podem dar um contributo importante no tratamento do doente com AR graças aos seus benefícios:
- Ajuda a diminuir os hormona do stress e depressão;
- Alivia a tensão muscular;
- Melhora a circulação e reduz o inchaço e rigidez;
- Melhora a amplitude dos movimentos e as funções gerais das articulações
- Melhora o sono e função imunológica.
A massagem também pode ajudar a melhorar temporariamente a mobilidade das articulações e dos músculos atingidos pela artrite reumatóide.
Produtos de Apoio
Existem vários produtos de apoio e ajudas técnicas que podem ajudar a melhorar a mobilidade e a qualidade de vidas dos doentes com artrite reumatóide.
Com a progressão das deformações ao nível das articulações, pode ser difícil praticar algumas atividades simples, como abotoar uma camisa ou rodar uma maçaneta. Por isso, é importante fazer pequenas adaptações na casa e selecionar produtos de apoio para facilitar ao máximo a convivência do doente com a artrite reumatoide, a fim de que as dores não sejam tão frequentes e a as atividades menos debilitantes.
Adaptar a casa
Consoante as lesões provocadas nas articulações pela AR e a consequente limitação da mobilidade podem ser adotadas algumas medidas práticas que melhorem a mobilidade, a segurança e o conforto do doente em casa tais como:
- Utilizar as articulações maiores e mais fortes dos membros superiores para pegar em panelas ou outros objetos pesados, servir-se mais da palma das mãos do que dos dedos.
- Limpar a bancada da cozinha com esponja grande, movendo o ombro e o cotovelo em vez do pulso.
- Usar uma cadeira multifunções com altura regulável para fazer tarefas domésticas como passar a ferro ou cozinhar.
- Substituir os puxadores redondos (maçanetas) das portas por puxadores retos (manípulos) para facilitar a abertura das portas.
- Evitar o uso de tapetes para evitar quedas.
- Se o doente tiver dificuldade em transpor um degrau alto, devido a problemas articulares das ancas ou dos joelhos, pode diminuir-se a altura dos degraus das escadas, adicionando-lhes meios degraus.
- Um corrimão oferece maior segurança e facilidade a subir as escadas e dá mais equilíbrio ao descê-las.
- Alguns utensílios podem proporcionar pequenas mas significativas ajudas nas tarefas diárias, tais como talheres leves e com cabos mais largos, além de outros artigos feitos de forma personalizada por um ortoprotésico ou por um terapeuta ocupacional.
- Utilizar copo especial para facilitar beber o conteúdo.
- Utilizar pinça especial para apanhar objetos do chão.
Adaptar a casa de banho
Ao nível da casa de banho podem ser feitas as seguintes adaptações:
- Colocar um alteador de sanita com apoio de braços para facilitar o sentar e o levantar.
- Colocar barras de apoio na parede da banheira ou poliban
- Utilizar torneiras com sistema de manípulo para abrir e fechar mais facilmente, ou utilizar, um abre torneiras.
- Usar um degrau anti-derrapante e uma barra de apoio de banheira para entrar e sair mais facilmente da banheira.
- Utilizar uma cadeira de banho com apoio de costas e anti-derrapante no poliban.
- Em situações que exista limitação da mobilidade sobretudo ao nível dos membros inferiores e com o objetivo de facilitar o banho numa banheira, pode ser adequado a utilização de uma cadeira de banho rotativa ou um elevador eletrónico que ajuda a entrar e sair da banheira.
- Preferir sabonetes líquidos (em vez da versão em barra, que pode escorregar e cair no chão).
- Se existir dificuldade para escovar os doentes, utilizar uma escova elétrica.
- Usar escovas e pentes, com cabos especiais para facilitar o pentear.
- Utilizar uma máquina de barbear elétrica em vez de utilizar uma lamina manual.
Adaptar o quarto
No quarto podem fazer-se adaptações com o objetivo de melhorar a mobilidade, a segurança e o conforto do doente:
- Escolher uma cama articulada elétrica que facilite a entrada e a saída da cama e que permite o controlo da posição do estrado para proporcionar um melhor posicionamento e facilitar a posição de sentado para leitura ou ver televisão.
- Selecionar um colchão ortopédico que proporcione o melhor conforto e um correto posicionamento do corpo. Os colchões com espuma de alta resiliência como a espuma de viscoelástico garantem uma excelente comodidade e conforto.
- Hoje em dia é possível fazer-se camas articuladas e colchões ortopédicos por medida e adaptados a cada utilizador.
- Existe um produto de apoio para ajudar a levantar da cama.
Facilitar o Vestir
- Escolher roupa que seja de abotoar ou apertar à frente, de preferência com fechos de correr largos e com argolas, botões grandes ou utilizar velcros.
- Procurar agasalhos tipo capa, porque quando os movimentos dos ombros estão muito limitados é difícil enfiar a roupa pela cabeça.
- Selecionar roupa larga; torna-se mais confortável quando se tem de usar canadianas, bengalas ou cadeira de rodas.
- Usar uma ajuda para calçar meias ou collants ou para vestir casacos.
- Usar sapatos ortopédicos especiais sobretudo se existirem problemas nas articulações dos pés ou nos dedos dos pés.
Melhorar a mobilidade dentro e fora de casa
Alguns produtos de apoio que podem melhorar a mobilidade dentro e fora de casa:
- Assento ajuda a levantar de cadeiras ou sofás.
- Poltrona de repouso e relax com sistema eletrónico para ajudar a sentar e a levantar e para proporcionar um melhor conforto e posicionamento.
- Quando existir limitações no andar utilizar muletas ou canadianas, bengalas ou andarilhos.
- Em situações que pode existir grande limitação na mobilidade pode ser adequado a utilização de uma cadeira de rodas manual ou elétrica ou uma scooter de mobilidade para fazer deslocações maiores no exterior.
Ortóteses
Dependendo da articulação afetada e do grau de lesão, o médico pode prescrever a utilização de ortóteses para ajudar a reduzir a dor, melhorar a mobilidade, estabilizar a lesão e prevenir e corrigir deformidades:
- Ortóteses para a cabeça e coluna cervical
- Ortóteses para os membros superiores
- Ortóteses para os membros inferiores
- Bandas e cintas
Cirurgia
Quando a artrite reumatoide provoca deformações que diminuem a qualidade de vida da pessoa, o reumatologista em conjunto com ortopedista, poderão avaliar a necessidade de realizar uma cirurgia para corrigir as deformações. No entanto, isso vai depender do estado de saúde geral do doente e das suas atividades diárias.
Alimentação/dieta
Uma alimentação adequada pode ajudar a controlar as dores da artrite reumatóide. Deixamos algumas dicas de alimentos que podem ajudar nesse objetivo:
- Frutos vermelhos: têm propriedades anti-oxidantes e anti-inflamatórias. Alguns exemplos são a cereja, o morango, a romã e a goiaba.
- Abacate: é rico em luteína, substância que combate a ação de radicais livres e rico em vitamina E que tem efeito anti-inflamatório.
- Verduras verde escuro: brócolos, espinafres e couves são fontes de antioxidantes, como as vitaminas A, C e K. Por serem ricas em cálcio, também ajudam na proteção dos ossos.
- Azeite de oliva – rico em gorduras monoinsaturadas, contém compostos ativos que estão associados à redução dos danos nas articulações causados pela artrite reumatoide.
- Oleaginosas – como possuem gorduras de boa qualidade, elas ajudam na proteção das articulações. Uma a duas colheres de sopa por dia é o suficiente. Alguns exemplos de oleaginosas: amêndoas, nozes, pistacho, linhaça e chia.
- Cebola, alho e pimenta – a quercetina, antioxidante que atua no alívio das inflamações é encontrada no alho e na cebola. Já a pimenta, é uma ótima fonte de vitamina C.
- Peixes – o Ômega-3 atua nas células que regulam o sistema imunitário e têm uma forte ação anti-inflamatória. As melhores fontes são os peixes de águas frias, como atum, sardinha, cavalinha, truta e anchova.
Se existem bons alimentos para artrite reumatoide, também existem os que podem prejudicar, pois são capazes de piorar a inflamação causada pela doença. Veja quais são os alimentos que devem ser evitados:
- Sal e açúcar – quando consumidos em excesso, podem aumentar a intensidade da dor nas pessoas com AR.
- Gordura saturada – presente em produtos industrializados, carne vermelha e laticínios integrais, agravam o processo inflamatório da doença.
- Bebidas alcoólicas – o exagero no consumo pode prejudicar a recuperação, principalmente em doentes que fazem tratamento medicamentoso.
Exercícios físicos
Um dos pontos importantes na rotina dos doentes com AR é o plano de exercícios, que o doente pode efetuar diariamente em sua casa, após um duche quente. Para além de aliviarem as dores, os exercícios diminuem a rigidez matinal e aumentam a amplitude dos movimentos articulares.
Os exercícios prescritos pelo médico e ensinados por um fisioterapeuta devem, de início, ser efetuado num ginásio, mas depois devem ser feitos pela pessoa em sua casa. Os efeitos do exercício são: melhoria geral da condição física, flexibilidade, força e resistência. Mais atividade física no dia-a-dia leva a menos dores e inchaço nas articulações.
A execução dos exercícios deve ser lenta e progressiva, aumentando diariamente as repetições. Devem ser interrompidos, temporariamente, se causarem fadiga ou dores. Os exercícios efetuados corretamente são benéficos; quando realizados incorretamente e à pressa, são mais prejudiciais do que úteis.
O banho quente é muito importante, porque o calor é analgésico e relaxante muscular, facilitando assim a execução do plano de exercícios.
Desporto
O doente com AR pode praticar desporto. A natação, hidroginástica, a marcha e ginástica de manutenção são atividades ideais. Outras atividades podem ser praticadas mas devem ser discutidas com o Reumatologista.
O desporto pode estar contra-indicado em doentes com lesões das articulações das ancas e dos joelhos. Os desportos de contato como o râguebi, o judo e o futebol são pouco recomendáveis, mas em casos em que o controlo da doença é adequado podem ser considerados.
Dormir bem
O nosso sistema imunitário é influenciado pelo nosso ciclo do sono – e neste sentido, o doente com artrite reumatóide beneficia muito de uma noite bem dormida porque o organismo entra em equilíbrio e afasta possíveis problemas como o stress, gripes, constipações ou alterações na pressão arterial.
Uma boa higiene do sono também é importante para um controle adequado dos sintomas da AR. Entretanto, alguns doentes podem sentir dificuldades em dormir devido às dores, ficando com o sono desequilibrado. Nestas situações, o doente deve procurar estratégias para atingir um sono equilibrado e isso pode passar por pedir ajuda do médico que o ajudará a controlar melhor as dores.
Um bom colchão ortopédico, com espumas de alta qualidade como a espuma de viscoelástico e as espumas de alta resiliência, podem ajudar a obter um melhor posicionamento e a proporcionar um maior conforto. A escolha de uma almofada anatómica também pode ajudar a dormir melhor.
Controlo do peso
Manter um peso adequado é essencial para quem tem artrite reumatoide por diversos motivos. Inicialmente, o excesso de peso por si pode causar uma sobrecarga mecânica, e acelerar o processo de degeneração das articulações – contribuindo para o agravamento do quadro.
Medicamentos
Anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs)
Como por exemplo o ibuprofeno, diclofenac, naproxeno, têm indicação para o tratamento sintomático da inflamação na AR, contribuindo para aliviar os sinais e sintomas desta. Têm um rápido início de ação, mas não alteram a progressão da doença nem a incapacidade funcional a longo prazo e podem ter toxicidade importante.
A toma simultânea de mais do que um AINE não aumenta a eficácia e resulta em maior toxicidade. Pode ser necessário adicionar um fármaco inibidor da bomba de protões adequado (para proteção gástrica). Há diversos disponíveis, o problema é decidir qual preparação será melhor para que cada doente, visto que as respostas têm variação individual.
De um modo geral, os chamados inibidores da COX 2 (“coxibs”) têm menos efeitos gastrointestinais e os AINE’s clássicos menos efeitos cardiovasculares. Os AINEs podem interagir com outros medicamentos ou estarem contra-indicados no seu caso. Pelo que não se aconselha a toma sem prescrição médica.
Analgésicos
Como por exemplo o paracetamol, ou analgésicos compostos (paracetamol + tramadol, por exemplo) devem ser oferecidos a pessoas cujo controlo da dor não é adequado, para reduzir potencialmente a sua necessidade de tratamento a longo prazo com AINEs.
Fármacos ou medicamentos modificadores da doença
Os anglo-saxónicos chamam-lhes DMARD’s (Disease Modifying Antirheumatic Drugs), o que, traduzido, significa fármacos anti-reumáticos modificadores da doença. São a base da medicação na AR, pois são os medicamentos que tentam evitar a progressão ou o desenvolvimento da doença.
Fármacos ou medicamentos biotecnológicos
São a nova classe de medicamentos. Também são modificadores da doença e existem há cerca de 10 anos.
Estes medicamentos são tecnologicamente mais evoluídos e apresentam grandes melhorias no controlo da doença. Existem diversos tipos de administração, como por exemplo através de um soro ou até mesmo em caneta de auto-aplicação.
É a área de maior desenvolvimento e de maior impacto no tratamento da AR. Estes medicamentos são utilizados com regras apertadas, sendo apenas indicados para doentes cuja doença não se encontre controlada com os DMARD’s tradicionais, ou quando há intolerância ou efeitos secundários importantes com os DMARD’s tradicionais.
Pelas suas características, custos e efeitos adversos, são medicamentos que implicam um controlo apertado e uma utilização muito controlada.
As principais medicamentos desta categoria são:
- Etanercept (Enbrel®)
- Infliximab (Remicade®)
- Adalimumab (Humira®)
- Anakinra (Kineret®)
- Abatacept (Orencia®)
- Rituximab (Rituxan®)
Compressas frias ou quentes?
A aplicação de calor pode ajudar a relaxar os músculos doridos e reduzir a dor e o sofrimento. Tomar um banho quente é uma ótima maneira de contribuir para diminuir a dor e a rigidez. No entanto, devemos ter em atenção que numa articulação inflamada não se aplica calor (agravamento dos sintomas), mas sim o frio, que reduz o inchaço e a dor, por redução do fluxo sanguíneo.
Esta aplicação de gelo deve sempre ser protegida (toalha, pano) para evitar queimaduras, assim como não deve exceder mais do que 15 minutos, podendo ser repetido este procedimento com intervalos de 2 horas.
Tratamento natural/caseiro
A artrite reumatóide causa uma inflamação das articulações devido a uma alteração do sistema imunitário, que provoca muita dor e desconforto e que se não for tratada pode deixar os dedos e outras articulações deformadas. Por isso é muito importante realizar o tratamento indicado pelo médico, mas algumas formas de combater os sintomas naturalmente são:
Chá de urtiga
Um excelente remédio natural para artrite reumatoide é tomar diariamente o chá de urtiga porque esta planta medicinal possui propriedades diuréticas e anti-inflamatórias que ajudam a eliminar as impurezas do sangue e aumentam a imunidade, melhorando as dores e a inflamação causada pela artrite.
Chá de salgueiro
Este chá tem efeito anti-inflamatório.
Chá de Sálvia e alecrim
A sálvia ajuda a diminuir as dores e o alecrim tem uma ação contra as infecções que provocam inflamações nos músculos e nas articulações.
Chá de gengibre
O gengibre tem efeito anti-inflamatório.
Pomada de pimenta caiena
Esta pomada caseira estimula a circulação, e gera calor, com efeito analgésico.
Cura para artrite reumatóide
Sendo uma doença crónica, a artrite reumatoide não tem cura. Mas, quando eficazmente tratada, é possível viver de forma funcional com esta patologia.
Nos últimos anos, no entanto, houve uma melhoria substancial no tratamento desta doença. Por um lado, verificou-se uma melhoria nas estratégias de tratamento com uso eficaz dos medicamentos modificadores de doença já existentes; por outro, surgiram novos medicamentos.
Como prevenir a Artrite Reumatóide?
Não se sabe como prevenir a AR. O aparecimento desta doença resulta de uma interação complexa de múltiplos fatores genéticos, imunológicos e ambientais, cuja influência exata na origem da doença ainda está por determinar.
Sabe-se que o tabagismo aumenta o risco de desenvolver AR com anticorpos anti-CCP positivos em pessoas com suscetibilidade genética. Foi também verificado em estudos científicos um risco aumentado de doença em ex-fumadores sem hábitos há mais de 10 anos. Não sendo o único fator relacionado com a doença, aumenta, porém, o seu risco e gravidade.
Neste contexto, não iniciar hábitos tabágicos poderá ser uma forma de diminuir o risco de doença, não prevenindo o seu aparecimento na totalidade. Além disso, é de salientar que o tabaco constitui um reconhecido e importante fator de risco cardiovascular, cuja suspensão traz um grande benefício na prevenção de doenças cardiovasculares, já de si mais prevalentes em doentes com AR.
Embora não se previna a AR, o diagnóstico e tratamento precoces, adesão ao tratamento e a adoção de certas medidas não farmacológicas, são da maior importância para prevenção das suas complicações.
Benefícios: quais são os direitos dos doentes com AR?
Os doentes com deficiência ou doença crónica (desde que comprovada em Junta Médica) podem usufruir de uma série de benefícios em várias áreas:
- Comparticipação em medicamentos;
- Fiscalidade (IRS) – taxas moderadoras;
- Educação;
- Saúde;
- Pensões várias;
- Emprego;
- Transportes;
- Habitação.
A Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR) dispõe de apoio gratuito aos doentes que necessitem de saber os seus direitos.
Consulte aqui alguns despachos publicados em Diário da República
- Despacho 14123/09 – relativo ao novo regime de comparticipação do metotrexato (Ledertrexato, Fauldexato, Metotrexato) na categoria B quer em comprimidos quer injectável.
- Despacho 20510/2008 – relativo a dispensa gratuita de medicamentos, quando dispensados nos serviços farmacêuticos dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e prescritos em consultas especializadas no diagnóstico e tratamento da artrite reumatóide, da espondilite anquilosante, da artrite psoriática, da artrite idiopática juvenil poliarticular e da psoríase em placas, conforme descrita nos respectivos Resumos de Características do Medicamento (RCM).
- “Lei de Bases da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação da Pessoa com Deficiência”: Lei 35/2004, de 18 de Agosto ;
- Decreto Lei 129/2005, de 11 de Agosto – comparticipações de medicamentos.
Conclusão
A AR é um dos paradigmas das doenças reumáticas crónicas, sendo que a educação para a saúde é fundamental. Desta forma, se o doente não souber o que é a sua doença e o modo de a enfrentar, dificilmente aceitará de bom grado submeter-se a um tratamento que se vai prolongar ao longo de anos.
Para além de educar o doente, o médico e o enfermeiro devem preocupar-se em informar a família, sobretudo o cônjuge, sobre as limitações físicas potenciais, pois de outro modo, os familiares serão incapazes de compreender o doente e de o ajudar.
Muitos doentes beneficiam de apoio físico e psicológico para lidarem melhor com a doença.
Nos centros Mais que Cuidar vai encontrar uma gama completa de produtos e serviços que vão dar uma ajuda importante no apoio e na qualidade de vida do doente com Artrite Reumatóide tais como, cuidados de saúde ao domicilio (apoio domiciliário, fisioterapia, enfermagem) e produtos de apoio para comprar ou alugar.
Os nossos profissionais de saúde e mobilidade ajudarão a encontrar as melhores soluções para a sua situação clínica. Temos ao seu dispor uma linha de apoio de enfermagem 24h/dia 365 dias do ano.
Referências
- Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR)
- Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas
- Sociedade Portuguesa de Reumatologia
- Liga Europeia Contra o Reumatismo
- Living with Rheumatoid Arthritis
- Arthritis Foundation
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.