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Doença Bipolar: quais os tipos e o tratamento

Transtorno bipolar  doença psiquiatrica

As doenças mentais têm associados estigmas sociais muito marcados. A falta de conhecimento e as crenças que associam os transtornos mentais à loucura ou a falhas de carácter, levam muitas pessoas a não reconhecerem a doença mental como uma doença e a minimizarem o seu impacto.

Existem muitos tipos de doença mental e entre eles está a doença bipolar.

Estima-se que em 2017 cerca de 40 milhões de pessoas teriam a doença, que terá aumentado para cerca de 60 milhões neste momento, com maior incidência nas mulheres. Cerca de 2% dos europeus virão a ter esta patologia a um dado momento das suas vidas.

Em Portugal estima-se que 200 mil pessoas tenham a doença. Ocorrendo com igual frequência nos homens e nas mulheres para o tipo I, sendo mais frequente nas mulheres o tipo II.

Não há registo de qualquer relação entre a doença e o estrato socioeconómico, etnia ou local de residência,  parece ser prevalente entre os indivíduos que vivem sozinhos, estando entre as 20 principais causas de incapacidade no mundo.

O diagnóstico é difícil de fazer e muitas vezes acontece já muito depois dos estados iniciais da doença, embora, na grande maioria dos casos, haja um histórico familiar relevante. No entanto, o tratamento tem uma grande eficácia no controle dos sintomas.

Saiba mais detalhes sobre esta doença e como pode ser tratada, com a informação que reunimos para si neste guia. Ora veja!

O que é a doença bipolar?

Doença bipolar o que é

O transtorno bipolar, também conhecido como doença bipolar ou transtorno maníaco-depressivo, é uma doença mental que se carateriza por grandes oscilações de humor.

O doente apresenta estados emocionais extremos e intensos que ocorrem em momentos distintos e têm um grande impacto na sua atividade.

Estes momentos, ou episódios são categorizados em 4 tipos distintos: maníaco, normal, hipomaníaco e depressivo.

Em alguns destes momentos, o doente fica muito ativo, mas de uma forma desorganizada, improdutiva e eufórica, neste caso, trata-se de um episódio do tipo maníaco.

Irritação acentuada, excesso de energia, falta de sono, planos mirabolantes, crenças falsas ou alucinações, são alguns dos sintomas característicos desta fase da doença. Muitas vezes com resultados desastrosos para o paciente, que se envolve em situações embaraçosas ou impulsivas, das quais se arrepende posteriormente.

Quando o doente tem apenas sintomas mais ligeiros e não tem caraterísticas psicóticas como as alucinações, tem um episódio hipomaníaco.

Nos casos em que a oscilação de humor se manifesta por uma intensa quebra de energia, sentimentos de tristeza profunda e persistente, insónias, falta de apetite ou aumento súbito de apetite, fadiga e sentimento de impotência, estamos perante um episódio depressivo, que se manifesta como uma depressão.

Quais os tipos de Doença Bipolar?

Tipos de Doença Bipolar

Como a doença se caracteriza por diferentes estados de humor com diferentes graus de intensidade, é possível identificar dentro da patologia diferentes variações nos sintomas, que se conjugam de maneira diferente consoante o tipo.

Doença bipolar tipo I

Os episódios maníacos são mais comuns e mais intensos do que os depressivos, mas podem alternar entre si e duram pelo menos uma semana. Por vezes, os sintomas têm uma gravidade extrema e o doente tem que ser hospitalizado.

Doença bipolar tipo II

Ao contrário do tipo I, o tipo II inclui uma maioria de episódios depressivos que podem ser alternados com episódios maníacos, que neste caso são menos intensos que no tipo I.

Ciclotimia

Os episódios hipomaníacos e depressivos manifestam-se regularmente e prolongam-se pelo menos durante 2 anos nos adultos e 1 ano nas crianças e jovens. Embora os sintomas não sejam tão graves como nos tipos I e II, têm impacto na qualidade de vida do doente.

Ciclos rápidos

Designam-se por ciclos rápidos quando o doente vive pelo menos 4 ou mais episódios de qualquer tipo, maníacos, depressivos, mistos ou hipomaníacos, nos últimos 12 meses.

Ciclos ultrarrápidos

Os ciclos ultrarápidos caraterizam-se pela sua extrema rapidez, em que o doente pode ter estados de humor alternados mensais, semanais ou diários.

Estados mistos

Quando o doente tem simultaneamente episódios maníacos e depressivos.

Qual a diferença entre doença bipolar e depressão?

Diferença entre doença bipolar e depressão

A doença bipolar carateriza-se por alterações de humor drásticas e muito intensas constituídas por episódios maníacos, em que os indivíduos se sentem extremamente felizes, energizados e super ativos, em alternância com episódios depressivos, em que a tristeza profunda e a falta de energia são a tónica dominante.

A depressão é uma patologia que engloba a perda de energia, fadiga e pensamentos negativos associados a um sofrimento profundo, que perdura no tempo.

Doença bipolar: Causas e fatores de risco

Causas da doença bipolar

Até ao momento não se encontrou uma causa concreta para a doença. Pensa-se que o mais plausível é que resulta de vários fatores ou causas que atuam em conjunto.

Embora os fatores biológicos possam ter um papel importante, não menos importante é o tipo de personalidade e as situações mais stressantes na vida do doente, que contribuem igualmente para o aparecimento das crises.

Assim, podem ser identificados vários fatores desencadeantes da doença:

Fatores genéticos:

Cerca de 80 a 90% dos doentes com o transtorno bipolar têm um familiar com a doença. A probabilidade de desenvolver a doença é incrementada quando há histórico familiar.

Fatores biológicos:

Alguns doentes exibem mudanças neuroanatómicas que impactam a estrutura e a função cerebral.

Desequilíbrios na função química do cérebro:

Alterações químicas no funcionamento de alguns neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, parecem desencadear alterações de humor, influenciando o desenvolvimento da doença.

Problemas hormonais:

Desequilíbrios hormonais que afetam o hipotálamo, hipófise, suprarrenais e tiróide, podem contribuir para o desenvolvimento de crises da doença.

Fatores Psicossociais:

Situações de stress, eventos traumáticos, distúrbios de sono ou abuso de substâncias, podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Em algumas situações, os doentes com predisposição genética podem ser assintomáticos, até que um fator externo ative os distúrbios de humor.

As fases de maior risco de desenvolver a patologia são, o final da adolescência e o princípio da idade adulta, com cerca de metade dos casos a surgir antes dos 25 anos de idade.

Sinais e sintomas

Sinais e sintomas de doença bipolar

Os sintomas são diferentes caso o doente se encontre num episódio maníaco, ou num episódio depressivo.

Sintomas de um episódio maníaco:

  • Euforia ou exaltação
  • Excesso de energia
  • Comportamento nervoso
  • Aumento acentuado da atividade
  • Falar a um ritmo muito rápido sobre diferentes assuntos de seguida
  • Excesso de irritação ou sensibilidade
  • Falta de necessidade de dormir
  • Agitação
  • Cometer atos arriscados como gastar muito dinheiro de repente ou comportamentos sexuais de risco
  • Querer fazer muitas coisas ao mesmo tempo e de repente
  • Sentimentos de grandiosidade
  • Distração fácil
  • Falar mais do que o habitual de forma rápida e em tom alto

Sintomas de um episódio depressivo:

  • Falta de energia
  • Falta de interesse em atividades que eram agradáveis antes
  • Tristeza profunda
  • Atividade reduzida
  • Distúrbios de sono
  • Dificuldade de concentração
  • Sentimentos negativos de impotência e vazio
  • Cansaço
  • Problemas de memória
  • Alterações de apetite
  • Pensamentos suicidas

Como diagnosticar a doença bipolar?

Diagnóstico de doença bipolar

O diagnóstico é feito pelo médico psiquiatra, após um exame clínico para descartar outras doenças. Para aferir se o doente padece da doença, o médico faz um historial clínico aprofundado, tendo em consideração os antecedentes familiares, o tipo de personalidade do doente, os sintomas exibidos e a progressão dos mesmos.

O médico pode também aplicar um questionário sobre transtornos de humor para complementar o diagnóstico.

Tratamento

Tratamento da doença bipolar

Não é possível estabelecer uma terapêutica que possa curar a doença mas, com o tratamento adequado ao caso específico do doente e estabilizadores de humor que reduzem a ocorrência de recaídas, é possível controlar a doença, proporcionando uma maior qualidade de vida ao doente.

Em algumas situações mais extremas, a hospitalização torna-se necessária. Mas, o tratamento em geral acaba por ser complexo, já que tem que atuar com eficácia em sintomas muito diversos, como é o caso dos episódios maníacos e os depressivos.

O tratamento normalmente compreende a articulação entre os fármacos e a psicoterapia.

Os medicamentos mais usados são:

  • Estabilizadores de humor
  • Antipsicóticos
  •  Antidepressivos

Os medicamentos devem ser sempre prescritos pelo médico com doses ajustadas às necessidades do doente. Um dos medicamentos mais usados é o Lítio, que atua quer nos sintomas maníacos quer nos sintomas depressivos.

Os medicamentos anticonvulsivantes podem ser usados também, já que têm um efeito estabilizador no humor. Outros exemplos de estabilizadores do humor são a Lamotrigina e a Risperidona, entre outros.

Psicoterapia

Psicoterapia tratamento doença bipolat

A terapia tem um papel abrangente. Por um lado, ajuda o doente a manter-se fiel ao tratamento,  atuando também como um sistema de apoio e orientação para os doentes e para as suas famílias.

A terapia pode ser feita em grupo, com a participação da família, ou individualmente.

As terapias mais utilizadas são:

Terapia cognitivo-comportamental

Ajuda o doente a identificar padrões de comportamento, pensamentos, crenças e hábitos que estão na origem das suas dificuldades, facultando técnicas específicas, para alterar de forma positiva esses padrões e crenças.

Terapia familiar

Acompanha e entende o indivíduo no seu contexto relacional, focando a resolução de problemas no contexto familiar.

Terapia interpessoal e social

Esta terapia carateriza-se por ser de breve duração, apenas algumas semanas. Tem como fundamento o princípio de que, há uma relação dinâmica de impacto e influência mútua, entre as relações e circunstâncias da vida e os estados de humor.

Terapia de formação

A terapia de formação tem um propósito maioritariamente educativo. O objetivo principal é ensinar o doente a usar os medicamentos de acordo com a receita médica. Além disso, o doente aprende também a reconhecer os sintomas e como evitá-los. Por exemplo, a renunciar substâncias estimulantes como o álcool ou a cafeína.

A doença bipolar tem cura?

Não existe cura para a doença bipolar. Todavia, o tratamento pode ajudar o doente a regular os sintomas e a viver uma vida mais equilibrada, controlando a reincidência das crises.

Quais as complicações da doença bipolar?

Complicações da doença bipolar

Frequentemente os doentes bipolares desenvolvem outras doenças, como a ansiedade ou a automutilação. Podem também sofrer de abuso de substâncias tóxicas, como o álcool ou as drogas.

Outras complicações são o risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares e de morte por suicídio.

Há a considerar outro tipo de complicações do foro social, como o impacto nas relações familiares e sociais e a redução da capacidade para o trabalho.

Como podemos prevenir a doença bipolar?

Até ao momento não foi possível encontrar uma causa específica para esta patologia e por isso, também não existe uma fórmula preventiva.

Uma estratégia para mitigar a doença, é a intervenção precoce, o que exige uma atenção especial aos comportamentos e aos sintomas iniciais.

A toma consistente, de acordo com as especificações médicas, dos medicamentos também são uma forma de prevenir o desencadear de novas crises.

Conclusão

Doença bipolar em adultos

As doenças mentais são pouco abordadas no espaço da opinião pública, onde a informação é veiculada de forma confusa e pouco esclarecedora.

Geralmente não são consideradas doenças e os sintomas são desvalorizados. Sendo um dos fatores mais estigmatizantes, o facto de se considerar que são doenças incuráveis, para as quais não há solução.

A informação sobre a doença, como se manifesta e como pode ser tratada, é extremamente importante para derrubar o estigma e as ideias preconcebidas. Levando ao reconhecimento desta patologia como uma verdadeira doença,  possibilitando a ajuda aos doentes mais eficazmente, com tratamentos adequados e atempados para garantir um resultado mais positivo.

Outro aspeto importante, é a sensibilização do público para a doença, de uma forma humanizada e solidária. Para que os doentes em tratamento, se possam integrar socialmente em harmonia.

Segundo um estudo da Organização Mundial de Saúde, dois terços dos indivíduos com doença bipolar também sofrem de outras doenças, como a ansiedade. Sendo que, mais de um terço, apresenta sintomas de abuso de substâncias e menos de metade de todos os doentes recebem tratamento.

Um tratamento ajustado ao doente, com uma abordagem consistente e multifacetada, recorrendo a fármacos e à psicoterapia, faz toda a diferença para os doentes. É afinal a diferença entre uma vida funcional e integrada socialmente e crises consecutivas que têm um impacto devastador nas suas vidas.

Referências

*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.

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