Um desconforto na barriga e a sensação de pressão na zona abdominal podem ser um indício de uma hérnia umbilical, que embora aconteça mais frequentemente nas crianças, pode também afetar os adultos em qualquer idade.
Estima-se que pode afetar até 10% dos bebés recém-nascidos, sobretudo os que nascem prematuros ou com baixo peso, sendo mais visível quando eles choram. Estas hérnias resolvem-se por si só durante o primeiro ano de vida.
Só quando o bebé atinge os três anos de idade sem que a hérnia tenha encerrado, ou voltado naturalmente para dentro do abdómen, ou ainda quando a doença aparece na idade adulta, é que se torna necessário um procedimento cirúrgico.
Entre os adultos, a doença é mais frequente nas mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 70 anos.
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Confira a toda a informação sobre a hérnia umbilical neste guia completo que elaborámos para si.
O que é hérnia umbilical?
A hérnia umbilical resulta da fraqueza da parede abdominal junto à região do umbigo, entre o peito e as ancas, que provoca uma saliência, é, portanto designada também como hérnia do umbigo.
As camadas da parede junto ao umbigo não encerram completamente e as estruturas internas da zona, como gordura ou parte do intestino, provocam a saliência.
Para além da hérnia umbilical existem ainda outros tipos desta doença:
Hérnia inguinal
No homem, o canal inguinal funciona como uma passagem para o cordão espermático e os vasos sanguíneos que conduzem aos testículos. Nas mulheres, o canal inguinal contém o ligamento redondo que dá suporte ao útero.
Neste tipo de hérnia, o tecido adiposo ou uma parte do intestino penetra na virilha na parte superior da coxa interna. Este é o tipo mais comum de hérnia, e afeta com mais frequência os homens do que as mulheres.
Hérnia femural
O tecido adiposo ou parte do intestino invade a virilha no topo da parte interna da coxa. As hérnias femorais são muito menos comuns do que as hérnias inguinais e afetam principalmente as mulheres mais velhas.
Hérnia de hiato
Uma parte do estômago é deslocada para dentro da cavidade torácica através de uma lesão ou fraqueza no diafragma, o músculo que separa o peito do abdómen.
Outras hérnias menos comum são:
Hérnia incisional
Inchaço junto ao local de uma cicatriz abdominal de uma operação abdominal ou pélvica anterior.
Hérnia epigástrica
Tecido adiposo saliente desloca-se através dos músculos da zona abdominal entre o umbigo e a parte inferior do esterno. Pode ter origem congénita, ou pode desenvolver-se na idade adulta devido a levantamento de pesos excessivos, obesidade ou tosse crónica.
Hérnia espigeliana
O intestino desloca-se através do abdómen, ao lado do músculo abdominal, abaixo do umbigo.
Hérnia diafragmática
Os órgãos do abdómen movem-se para o peito através de uma abertura no diafragma.
Qual o tratamento da hérnia umbilical?
As hérnias umbilicais nas crianças tendem a fechar por si mesmas até a criança completar os 18 meses. Quando o encerramento não ocorre até aos 3 anos de idade, ou apresentar outros sintomas como, uma dimensão considerável, com um diâmetro superior a 1,5 cm e dor, a cirurgia pode ser o tratamento mais recomendado.
Nos adultos, a única forma de fazer um tratamento definitivo é através da cirurgia, o que evita também o aparecimento de outras complicações.
O uso de medicamentos, como o paracetamol, para atenuar a dor é também habitual.
A cirurgia possibilita o encerramento da zona afetada na parede abdominal, e colocar o conteúdo da hérnia dentro do abdómen novamente. É um procedimento rápido, com risco e internamento mínimos.
Com a utilização da laparoscopia, é possível fazer uma cirurgia pouco invasiva reduzindo assim, a probabilidade de complicações.
Assim, podem ser usados 3 métodos cirúrgicos, a escolha de qualquer um dos métodos vai depender do cirurgião, tendo em conta o contexto do doente:
Cirurgia aberta
No decorrer da cirurgia é feita uma incisão na zona do umbigo e o conteúdo da hérnia é recolocado na cavidade abdominal , sendo a abertura suturada posteriormente. Caso seja necessário, é usada uma rede de malha sintética que vai ajudar a fortalecer a parede abdominal.
Laparoscopia
O procedimento é semelhante ao método anterior, mas em vez da incisão maior ou corte no abdómen, são feitas incisões minúsculas na zona abdominal onde são inseridas ferramentas cirúrgicas que irão completar o procedimento.
Reparação robótica
Tal como na laparoscopia, são feitas pequenas incisões na zona abdominal, mas neste caso o cirurgião está sentado num painel de controle na sala de operações e opera os instrumentos cirúrgicos a partir do painel. A cirurgia robótica é usada tanto para a reposição da hérnia como para a reconstrução da parede abdominal.
A cirurgia tem um índice de sucesso elevado e uma recuperação estimada em 2 ou 3 semanas.
O período pós-operatório exige alguns cuidados, como o repouso durante alguns dias, retomando a atividade física apenas três semanas mais tarde, para evitar o aumento da pressão na zona abdominal.
Após a cirurgia, o reaparecimento da hérnia é raro.
Quais as causas da hérnia umbilical?
As causas variam consoante a patologia se desenvolve nos adultos ou nas crianças, mas o processo em geral resulta da combinação entre a fraqueza dos músculos da zona abdominal e o esforço. A doença pode desenvolver-se de forma rápida ou durante um logo período de tempo.
No caso dos adultos, a hérnia desenvolve-se quando há aumento da pressão na zona abdominal.
No caso dos bebés ou das crianças, a hérnia normalmente acontece quando os músculos abdominais que facilitam a passagem do cordão umbilical, não encerram completamente após o nascimento. A hérnia pode ser aparecer logo após o nascimento ou mais tarde.
As causas mais comuns para o desenvolvimento da hérnia umbilical são:
- Condição congénita que se inicia durante o desenvolvimento embrionário e está presente no nascimento
- Envelhecimento
- Danos provocados por lesões ou cirurgias prévias
- Tosse crónica ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)
- Exercício físico muito intenso ou levantamento de pesos elevados
- Gravidez, sobretudo em casos de múltiplas gravidezes
- Obstipação que leva a esforço na evacuação
- Obesidade ou excesso de peso
- Acumulação anormal de líquido no abdómen
Existem ainda outros fatores que podem aumentar o risco de desenvolver uma hérnia:
- História familiar da doença
- Existência de hérnias anteriores
- Cirurgia abdominal anterior
- Obstipação crónica
- Fibrose cística
- Tosse persistente
- Consumo de tabaco
- Nascimento prematuro ou com baixo peso
- Levantamento de objetos pesados que exigem esforço
- Exercício físico intenso
Qual o diagnóstico da hérnia do umbigo?
Para fazer o diagnóstico o médico começa por fazer um exame físico para verificar a existência da saliência e da pressão no abdómen.
Podem também ser feitos exames complementares de diagnóstico para confirmar, como radiografia, ecografia, tomografia axial computorizada ou mesmo análises ao sangue.
Quais os sintomas da hérnia umbilical?
A sintomatologia da doença depende muito da gravidade da mesma. No entanto, apresenta geralmente uma saliência de tecido mole junto ao umbigo. Nas crianças, a hérnia umbilical não provoca dor, mas nos adultos pode provocar grande desconforto e dor intensa.
O choro ou a tosse nas crianças tornam a saliência mais proeminente, acontecendo o inverso quando a criança está deitada e calma.
O problema agrava-se quando se dá o encarceramento do conteúdo da hérnia, em que não é possível inseri-lo novamente na cavidade abdominal.
Neste caso, o fluxo de sangue é reduzido no segmento do intestino afetado, o que provoca dor e pode desencadear uma infeção grave. Nesta situação, os sintomas incluem, para além da dor, náuseas, vómitos, febre e obstipação. A pele na zona afetada apresenta também uma tonalidade vermelha e inflamada.
Quando esta situação se desencadeia, é necessário efetuar uma cirurgia para evitar uma infeção fatal na zona.
Hérnia umbilical: quais as complicações?
A complicação mais comum é o estrangulamento da hérnia. Este processo acontece quando o conteúdo da hérnia não pode ser reintroduzido no abdómen, levando a que o mesmo fique privado de irrigação sanguínea, o que pode levar ao aparecimento de gangrena nestes tecidos, provocando uma infeção que pode ser fatal.
Nesta situação é necessário fazer uma intervenção cirúrgica urgente.
Pode também acontecer uma obstrução dos intestinos que impede a defecação, em que uma parte do intestino fica fora da parede abdominal.
Outros tipos de complicações podem surgir no pós-operatório. Estas complicações têm maior probabilidade de acontecerem em doentes com idade superior a 50 anos, com casos de hérnias anteriores e comorbidade de outras doenças, como problemas cardíacos.
Algumas complicações que podem surgir após a cirurgia são:
- Infeção
- Dormência no local onde foi feita a cirurgia
- Ressurgimento da hérnia
Alguns sintomas que surgem no pós-operatório revelam a necessidade de recorrer às urgências:
- Inchaço que apresenta a cor vermelha ou roxo
- Dor intensa na zona abdominal
- Náuseas ou vómitos
- Febre
- Impossibilidade de soltar gases ou de movimentos intestinais
Hérnia umbilical tem cura?
Não se pode dizer que haja uma cura definitiva para a hérnia umbilical, dado que mesmo depois de uma cirurgia ela pode voltar a aparecer, embora isso não seja frequente.
O tratamento cirúrgico nos casos mais graves e uma vigilância cuidadosa, são as medidas mais adequadas para a recuperação e para evitar complicações futuras.
Como prevenir a hérnia umbilical?
As hérnias infantis não se podem prevenir já que estão intimamente ligadas ao processo do nascimento.
Quanto às hérnias nos adultos, é possível adotar uma série de comportamentos que podem ajudar a prevenir o aparecimento da doença:
- Evitar o desenvolvimento da obstipação através uma alimentação rica em fibras e uma boa hidratação
- Não levantar pesos excessivos que exigem muito esforço
- Praticar exercícios físicos que ajudam a fortalecer a musculatura abdominal
- Evitar o excesso de peso ou quando existe obesidade procurar tratamento para ela
- Manter um trânsito intestinal regular e não reter o estímulo para evacuar os intestinos
- Pratica de posturas corretas e cuidados com a coluna vertebral
- Fazer uma revisão médica pelo menos uma vez por ano
A prática de exercício físico regular pode ajudar a fortalecer os músculos da zona abdominal onde ocorreu uma hérnia anterior, ao mesmo tempo que ajuda a perder peso e a redução das complicações e dos sintomas. Ajuda também a prevenir o aparecimento de hérnias no futuro.
Um estudo da Universidade de Houston de 2018, analisou os efeitos do exercício físico em indivíduos obesos que iam ser submetidos a cirurgia a uma hérnia. Os resultados mostraram que os doentes que realizaram os exercícios, tiveram menos complicações pós-operatórias.
No entanto, nem todos os exercícios físicos são aconselhados. O levantamento de pesos ou exercício que colocam pressão no abdómen, podem aumentar a pressão na zona da hérnia ou contribuir para o desenvolvimento da doença. O mesmo se aplica a exercícios que são feitos de forma errada ou sem supervisão adequada.
Neste sentido, é sempre importante verificar com o médico assistente ou fisioterapeuta, quais os exercícios mais adequados, quer numa situação de hérnia já existente, ou para evitar a doença.
Conclusão
A hérnia umbilical afeta sobretudo os bebés e ocorre quando a parede abdominal não encerra corretamente depois do nascimento e após o corte do cordão umbilical.
No entanto, pode afetar também os adultos em qualquer idade e em casos mais graves pode ser fatal se não for tratada.
A cirurgia é muitas vezes a solução mais eficaz para as hérnias que surgem na idade adulta, e é essencial em casos de complicações da doença.
As complicações mais comuns são a obstrução, quando uma parte do intestino fica presa fora da parede abdominal, ou no caso de estrangulamento, quando o conteúdo da hérnia fica preso sem irrigação sanguínea.
A prevenção tem um papel preponderante para evitar o desenvolvimento da doença na idade adulta. Uma alimentação equilibrada, exercício físico para evitar o desenvolvimento da obesidade e a obstipação, ou evitar o levantamento de pesos excessivos, são fatores determinantes na prevenção da doença.
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Referências:
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