Saiba tudo sobre a vacina contra a poliomielite, doença infecciosa e viral que pode causar paralisia infantil e também em adultos. Sabe o que é poliomielite, as causas e como é feita a transmissão do vírus da poliomielite?
A poliomielite é uma doença altamente infecciosa e viral e afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade. O vírus da pólio, geralmente é contraído pela ingestão de água contaminada, ataca o sistema nervoso e pode levar à paralisia.
Nas lojas de ortopedia e geriatria Mais que Cuidar existem serviços na área dos cuidados de saúde domiciliários, tais como a fisioterapia e a terapia da fala que podem dar um contributo importante na reabilitação de doentes com complicações e sequelas da poliomielite.
Além disso, pode encontrar aconselhamento profissional especializado na área dos produtos de apoio e ajudas técnicas como as ortóteses e produtos para melhorar a mobilidade tais como muletas, andarilhos, cadeiras de rodas manuais e elétricas.
Existe também o serviço de produtos por medida que possibilita uma melhor adaptação da ajuda técnica (como por exemplo uma cadeira de rodas), ao doente.
Conheça os tipos de poliomielite e os tratamentos possíveis para lidar com a doença neste artigo que elaboramos para si.
Poliomielite o que é?
A poliomielite também conhecida por pólio, é uma doença infecciosa e viral que atinge principalmente as crianças pequenas. O vírus da poliomielite é extremamente contagioso e invade o sistema nervoso podendo causar paralisia total numa questão de horas.
Os casos de poliomielite diminuíram mais de 99% desde 1988, de cerca de 350.000 casos em mais de 125 países endémicos, para 29 casos relatados em 2018, mundialmente.
Paralisia infantil
A Poliomielite, também chamada de paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infetar crianças e adultos através do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que ocorrem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais afetados.
Síndrome pós-pólio
A Síndrome pós-poliomielite (SPP), pode ser definida como uma alteração neurológica que produz um conjunto de manifestações clínicas que ocorre em pessoas que tiveram poliomielite paralítica aguda, geralmente, de 25 a 50 anos atrás.
Os sintomas da SPP podem ser: nova fraqueza que pode ser progressiva, fadiga, dor muscular e/ou articular e, menos frequentemente, nova atrofia muscular, disfagia, alterações do sono, intolerância ao frio e insuficiência respiratória.
Terapias Respiratórias: Conheça
Como é feita a transmissão do vírus da poliomielite?
A poliomielite pode ser transmitida:
- de pessoa para pessoa;
- Através de gotículas ou contato direto com secreções faríngeas;
- Através de água ou alimentos contaminados (menos frequente).
Tipos de poliomielite
Paralítica
A poliomielite paralítica surge em 1 caso a cada 1,000 doentes infetados com o poliovírus, e 50% dos casos apresentam os sinais clínicos de forma progressiva, partindo do quadro febril até a paralisia; os outros 50% apresentam-se de forma bifásica: a primeira fase de início não específico com duração de cerca de uma semana, um intervalo de três a cinco dias livres e uma segunda fase, novo quadro febril acompanhado de paralisia.
A forma paralítica aguda é classificada em três tipos: forma espinhal, forma bulbar e forma bulbo-espinhal, descritas a seguir.
Espinhal
- Inicia-se com quadro febril,
- cefaleias,
- náuseas,
- vómitos,
- irritabilidade,
- dor muscular à palpação,
- dor intensa ao tentar dobrar-se para a frente.
A paralisia muscular manifesta-se, geralmente no terceiro ou quarto dia, no entanto, a paralisia pode ocorrer no primeiro dia. Quanto mais cedo se instala a paralisia, pior o prognóstico.
A gravidade da paralisia é menor no último músculo atingido. A astenia muscular é progressiva, e inicia-se com tremor muscular e vai progredindo até a paralisia, que pode acelerar-se dentro de poucas horas, atingindo a forma muito grave. As paralisias musculares são flácidas, não apresentando alterações da sensibilidade e sinais piramidais.
Bulbar
Surge em doentes com paralisia ascendente de Landry, ou em caso febril, que apresenta paralisia de alguns músculos da cintura escapular. A progressão ocorre desde a manifestação indiscreta de insuficiência respiratória até ao aparecimento de convulsões e coma.
O termo “forma bulbar” é utilizado com alguma elasticidade para designar as alterações provocadas pelo vírus em diversas estruturas motoras situadas ao longo do tronco cerebral, incluindo o bulbo, a protuberância e o mesencéfalo.
Inicia-se de forma rápida com sinais bulbares:
- labilidade vasomotora,
- dificuldade de deglutição,
- respiração e/ou paralisia do nervo craniano, após o segundo ou terceiro dia depois do início dos sintomas (febre alta, cefaleias intensas, dor na nuca e em toda a região da coluna, mal estar intenso).
Bulbo espinhal
A pólio bulbo-espinhal é uma combinação das paralisias bulbar e espinhal.
Poliomielite abortiva
Também é conhecida como doença menor (trivial, discreta) e começa com um quadro clínico de início brusco apresentando sintomas como:
- febre baixa,
- mal-estar,
- cefaleias e náuseas,
- pode haver vómitos,
- diarreia,
- sensibilidade abdominal difusa,
- e dor de garganta.
O diagnóstico pode ser presumível quando há contato com um caso agudo nos últimos 15 dias, ou quando há casos de poliomielite no ambiente familiar e escolar. O diagnóstico definitivo só é possível em laboratório virológico.
O quadro clínico tem uma duração de 48 a 72 horas, com uma evolução totalmente benigna.
Forma Meníngea
É também chamada de forma não paralítica. O início é brusco como na forma abortiva, no entanto, todos os sinais são mais acentuados, como é o caso da febre elevada.
- A criança apresenta uma expressão facial angustiada e olhos brilhantes.
- Se mobilizada, queixa-se de dor, apresenta um misto de excitação e sonolência;
- quando sentada, adota a forma trípode para não estender os extensores da coluna e os ísquios tibiais.
Os sinais meníngeos podem durar de uma a duas semanas, porém a febre diminui entre o terceiro e o quinto dia, não deixando sequelas.
Causas da poliomielite
O agente da poliomielite é um vírus chamado poliovírus que é adquirido pela ingestão de substâncias contaminadas. O vírus entra pela boca e replica-se na faringe e no tubo digestivo, estando presente nas fezes ainda antes do início dos sintomas.
Após a contaminação pelo vírus, este passa para a corrente sanguínea e infecta as células do sistema nervoso, destruindo neurónios motores e, assim, causando as manifestações típicas da poliomielite.
A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do vírus da poliomielite.
Sinais e sintomas da poliomielite
Os sinais e sintomas da poliomielite variam consoante as formas clínicas, desde a ausência de sintomas até a manifestações neurológicas mais graves.
A poliomielite pode causar paralisia e até mesmo a morte, mas a maioria das pessoas infetadas não fica doente e não manifesta sintomas, deixando a doença passar despercebida.
Os sintomas mais frequentes são:
- Vómitos;
- Diarreia;
- Prisão de ventre;
- Febre;
- Mal-estar;
- Dor de cabeça;
- Dor de garganta e no corpo;
- Espasmos;
- Rigidez na nuca;
- Meningite.
Na poliomielite paralítica ocorre:
- Instalação súbita de deficiência motora, acompanhada de febre;
- Assimetria que atinge, sobretudo a musculatura dos membros, com mais frequência os inferiores;
- Flacidez muscular, com diminuição ou desaparecimento dos reflexos profundos na área paralisada;
- Persistência de paralisia residual (sequela) após 60 dias do início da doença.
Diagnóstico da poliomielite
O diagnóstico clínico da poliomielite permite uma boa orientação mas a confirmação é laboratorial, sendo possível isolar o poliovírus numa análise às fezes e detetar anticorpos contra o vírus no sangue.
Como tratar a poliomielite? Tem cura?
A poliomielite não tem cura e os medicamentos antivirais não alteram o curso da doença. No entanto, se os músculos da respiração forem debilitados, pode ser necessário a utilização de um ventilador artificial para a respiração.
O foco no tratamento da poliomielite é proporcionar conforto, acelerar a recuperação e evitar complicações. O repouso, o uso de analgésicos são úteis. Uma dieta equilibrada é igualmente importante no restabelecimento destes doentes.
Fisioterapia
A fisioterapia contribui de forma significativa para a vida dos doentes com poliomielite, promovendo uma melhoria na qualidade de vida desses doentes e permitindo que possam voltar a realizar as suas AVD’s.
Os benefícios da fisioterapia para crianças com poliomielite são:
- Melhorar o alongamento muscular e o fortalecimento muscular do membro afetado;
- Prevenir contraturas e deformidades;
- Melhorar o padrão postural;
- Reduzir a espasticidade e promover a independência na marcha
Produtos de apoio para a poliomielite
Os doentes com sequelas ou complicações de poliomielite podem apresentar grandes limitações na sua mobilidade e problemas respiratórios graves, pelo que é importante o apoio de um profissional de saúde especializado na avaliação e recomendação de produtos de apoio ou ajudas técnicas como o médico fisiatra, o ortopedista, o médico de família, o enfermeiro de reabilitação, o terapeuta ocupacional e o fisioterapeuta, entre outros.
Desta forma, os produtos de apoio que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida do doente com poliomielite são:
Ajudas no quarto, conforto e bem estar
Cuidados de Higiene e adaptação da casa de banho
- Barras de apoio para wc
- Alteador de sanita
- Cadeira de banho com rodas
- Cadeira e banco para duche
- Cadeira para banheira
- Cadeira sanitária
- Produtos para incontinência
Produtos para melhorar a mobilidade dentro e fora de casa
- Andarilho
- Cadeira de rodas de conforto e posicionamento
- Cadeira de rodas manual
- Cadeira de rodas elétrica
- Muletas e canadianas
- Scooter de mobilidade
Produtos de apoio nas transferências
Terapias respiratórias
Ortóteses
- Ortóteses para a cabeça, pescoço e tronco
- Coletes ortopédicos tipo Jewett
- Ortóteses para os membros inferiores
- Ortóteses para os membros superiores
- Bandas e cintas ortopédicas
Como prevenir a poliomielite?
A vacinação é o método principal de prevenção da doença e a vacina da poliomielite está incluída no calendário de imunizações das crianças.
Poliomielite vacinação (vacina contra pólio)
Existem dois tipos de vacinas, uma com poliovírus inativado (vacina de Salk), que é administrada em forma de injeção, e outra com poliovírus vivos (vacina de Sabin), de administração oral. A vacina inativada faz parte do calendário de vacinações e é administrada aos 2, 4 e 6 meses, em conjunto com outras vacinas, sendo feito um reforço entre os 5 e os 6 anos.
Em casos muito raros, a vacina viva pode provocar poliomielite, sobretudo em pessoas que têm um sistema imunitário deficiente. Por esse fato, a vacina viva não é administrada a estas pessoas ou às que tenham contato permanente com elas, porque o vírus vivo é eliminado pelas fezes durante determinado tempo após a vacinação.
Nos países industrializados não se recomenda vacinar pela primeira vez pessoas maiores de 18 anos, pois o risco de adquirir poliomielite nessas circunstâncias é extremamente baixo.
Os adultos que nunca tenham sido imunizados e que vão viajar para uma zona onde a poliomielite ainda representa um problema sanitário deverão ser vacinados.
Calendário de vacinas Portugal
Quais são as sequelas / complicações da poliomielite?
As complicações da poliomielite estão relacionadas com a infeção da medula e do cérebro pelo poliovírus, habitualmente correspondem a sequelas motoras e não tem cura. Assim, as principais sequelas da poliomielite são:
- Atrofia muscular;
- Paresia
- Paralisia dos músculos da fala e da deglutição– o que provoca acumulação de secreções na boca e na garganta;
- Hallux Valgus (joanetes): Tratamentos e Causas
- Pé equino (pé-torto) – Em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
- Crescimento diferente das pernas – O que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, levando ao desenvolvimento de escoliose;
- Osteoporose
- Infecção urinária
- Hipersensibilidade ao toque
- Problemas e dores nas articulações: Causas e Tratamentos
- Dificuldade em falar;
Poliomielite infantil vs adulto
Embora ocorra com maior frequência em crianças, a poliomielite também pode surgir em adultos que não foram imunizados. Por isso é muito importante ficar atento às medidas preventivas, como:
- Lavar sempre bem as mãos
- Ter cuidado com a preparação dos alimentos
- Beber água tratada.
Dúvidas frequentes sobre a Poliomielite [FAQ]
Como se transmite o vírus da poliomielite?
O vírus é transmitido de pessoa a pessoa, principalmente através da via fecal-oral. Pode também ser transmitido através das secreções faríngeas (por gotículas ou contacto direto). Mais raramente, pode transmitir-se através de alimentos ou mesmo por contato com superfícies contaminadas.
Qual o período de transmissão/contágio do vírus?
A transmissão da infeção ocorre, desde imediatamente antes do início dos sintomas, até 1 a 2 semanas depois do início da paralisia, no entanto, pode acontecer durante todo o período de excreção do vírus: nas secreções faríngeas durante cerca de 2 semanas e nas fezes durante cerca de 3 a 6 semanas.
O período de excreção do vírus pode variar entre 4 a 8 semanas, sendo mais prolongado nos doentes imunodeprimidos (até 5-7 anos).
Poliomielite tem cura?
Não existe cura para a poliomielite, por isso o foco do tratamento reside em diminuir a sensação de desconforto, acelerar a recuperação e garantir a qualidade de vida do doente.
A vacina para a poliomielite é perigosa?
Segundo a OMS, a vacina oral contra a paralisia infantil, ou poliomielite, pode ocasionar sequelas em 1 criança a cada 3,5 milhões de doses. Portanto, é indiscutível o benefício da vacina e tal como outras tantas vacinas, pode ter efeitos adversos mas não a devemos considerar perigosa.
A vacina da poliomielite contém mercúrio?
O tiomersal é um composto orgânico, que contém mercúrio, adicionado a algumas vacinas como conservante. É o conservante mais utilizado para vacinas que são fornecidas em frascos multidose. Não existe evidência que sugira que a quantidade de tiomersal utilizada nas vacinas represente um risco para a saúde.
Quem descobriu a vacina contra a poliomielite?
Jonas Edward Salk, microbiologista desenvolveu a primeira vacina com poliovírus inativo contra a poliomielite.
Albert Sabin microbiologista, em 1960 introduziu a vacina oral a partir do vírus vivo contra a poliomielite, que é utilizada até hoje, substituindo a vacina intramuscular com poliovírus inativo de Salk.
O que é a VOP?
A Vacina Oral Poliomielite (VOP) é uma vacina oral atenuada bivalente, ou seja, composta pelos vírus da pólio tipos 1 e 3, vivos, mas “enfraquecidos”. Contém ainda cloreto de magnésio, estreptomicina, eritromicina, polissorbato 80, L-arginina e água destilada. Via de aplicação: Oral.
O que é a VIP?
A Vacina Inativada Poliomielite (VIP) por ser inativada, não tem como causar a doença. É uma vacina trivalente e injetável, composta por partículas dos vírus da pólio tipos 1, 2 e 3. Contém ainda 2-fenoxietanol, polissorbato 80, formaldeído, meio Hanks 199, ácido clorídrico ou hidróxido de sódio. Pode conter traços de neomicina, estreptomicina e polimixina B, utilizados durante a produção. Via de aplicação: Intramuscular
Existe poliomielite em Portugal?
Não. Em Portugal não se verificam casos de poliomielite aguda por vírus selvagem desde 1987, estando a doença oficialmente eliminada desde 2002 (Certificação Europeia).
Portugal pode vir a ter novos casos de poliomielite?
Pode existir a importação de um caso confirmado de poliomielite de países onde ainda existe o vírus, nomeadamente no Afeganistão, no Paquistão e na Nigéria.
Como pode Portugal prevenir novos casos de poliomielite?
A vacinação é a melhor medida preventiva para reduzir o risco de circulação do vírus da poliomielite em Portugal.
Conclusão
A poliomielite é uma doença infectocontagiosa de origem viral aguda, sendo designada por “paralisia infantil” por ser conhecida inicialmente como uma doença de crianças.
A doença caracteriza-se por um quadro de paralisia flácida, permanente ou transitória, de início súbito podendo ou não conduzir à morte.
Não existe tratamento curativo para esta doença, apenas são aplicadas medidas sintomáticas.
A vacina é a única arma com eficácia claramente demonstrada no combate ao vírus da poliomielite e está incluída no Programa Nacional de Vacinação.
Nas lojas de ortopedia e geriatria Mais que Cuidar existem serviços na área dos cuidados de saúde domiciliários, tais como a fisioterapia e a terapia da fala que podem dar um contributo importante na reabilitação de doentes com complicações e sequelas da poliomielite.
Além disso, pode encontrar aconselhamento profissional especializado na área dos produtos de apoio e ajudas técnicas como as ortóteses e produtos para melhorar a mobilidade tais como muletas, andarilhos, cadeiras de rodas manuais e elétricas.
Existe também o serviço de produtos por medida que possibilita uma melhor adaptação da ajuda técnica (como por exemplo uma cadeira de rodas), ao doente.
Se a poliomielite não for erradicada, dentro de 10 anos poderemos ter 200.000 novos casos da doença anualmente no mundo. Apesar da doença ser endêmica em apenas três países, nenhuma criança estará a salvo se não eliminarmos a paralisia infantil.
Referências
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.