A poluição do ar junta-se à lista de fatores de risco para a doença de Alzheimer, de acordo com um estudo realizado pela University of California San Francisco. Os cientistas descobriram que entre os idosos americanos com déficit cognitivo, quanto maior a poluição do ar existente nas suas vizinhanças, maior a probabilidade da existência de placas amiloides, um indicador da doença, nos seus cérebros.
Este estudo adiciona a poluição provocada por carros, fábricas, centrais elétricas e fogos florestais aos conhecidos fatores de risco de demência como o tabagismo e a diabetes.
Nesta investigação, cujos resultados foram publicados no jornal científico JAMA Neurology, os cientistas analisaram ressonâncias magnéticas dos cérebros de mais de 18,000 de idosos com média de idades de 75 anos. Estes participantes tinham demência ou declínio cognitivo moderado e viviam em várias localidades americanas.
Os investigadores descobriram que os participantes que habitavam zonas mais poluídas apresentavam um aumento de 10% na probabilidade de encontrar placas amiloides, quando comparados com os participantes que viviam em zonas menos poluídas. Nem todos os participantes mostraram um resultado positivo para as placas amiloides, 40% dos indivíduos não apresentaram sinais de existência das placas, sugerindo a existência de outro tipo de demência.
A poluição do ar na vizinhança de cada participante foi estimada com dados da Environmental Protection Agency, que faz medições junto ao solo dos níveis de ozono e PM2.5, uma partícula atmosférica com diâmetro de menos de 2.5 micrómetros. Os investigadores dividiram as localizações em quartis de acordo com os níveis de concentração da PM2.5.
Os resultados mostraram que a probabilidade de uma ressonância magnética positiva para as placas aumentava progressivamente, à medida que as concentrações dos poluentes aumentavam, prevendo uma diferença de 10% de probabilidade entre as zonas mais e menos poluídas.
As exposições diárias a estes poluentes, mesmo a níveis considerados normais, podem contribuir para o desenvolvimento de uma resposta inflamatória crónica, que ao longo do tempo tem um impacto importante na saúde cerebral, contribuindo para o aparecimento das placas amiloides.
Uma crescente evidência científica, resultado de estudos em animais e estudos epidemiológicos, aponta a poluição do ar como um fator de risco significativo no desenvolvimento de demência e da doença de Alzheimer. Tendo já o jornal The Lancet, previamente incluído nos fatores de risco para a doença, o consumo excessivo de álcool, a poluição do ar e os traumatismos cerebrais.
Referências:
- Leonardo Iaccarino, Renaud La Joie, Orit H. Lesman-Segev et al. Association Between Ambient Air Pollution and Amyloid Positron Emission Tomography Positivity in Older Adults With Cognitive Impairment. JAMA Neurology, 2020 DOI: 10.1001/jamaneurol.2020.3962
- University of California – San Francisco. (2020, November 30). Forest fires, cars, power plants join list of risk factors for Alzheimer’s disease: Airborne pollution implicated in amyloid plaques, UCSF-led study shows. ScienceDaily. Retrieved November 30, 2020 from www.sciencedaily.com/releases/2020/11/201130113536.htm
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