A atividade física tem muitos benefícios para os idosos com demência.
O exercício físico é uma forma natural de reduzir os comportamentos mais desafiantes e complexos nas pessoas com demência.
A incorporação de exercício físico de baixo impacto na vida de uma pessoa com demência pode reduzir a dor, melhorar o sono, a força e a flexibilidade, reduzir o risco de queda, e aumentar a autoestima.
Todos estes benefícios funcionam em conjunto para reduzir a agitação e a insónia.
As atividades físicas e o exercício são excelentes formas, não medicamentosas, de melhorar o bem-estar e reduzir comportamentos mais difíceis de gerir em idosos com doença de Alzheimer ou demência.
O mais importante é encontrar atividades ou exercícios que sejam agradáveis e seguros para o nível de capacidade de cada idoso. Além disso, é uma excelente forma de aumentar o humor e o conforto do idoso.
Por isso, encorajar alguém com demência a manter-se ativo e fazer exercício para todos os níveis de capacidades, é de extrema importância.
Bem como verificar qual é a melhor quantidade de atividade em cada caso, os benefícios do exercício, e como manter os idosos em segurança enquanto estão ativos.
Como encorajar a atividade física em alguém com demência
Fazer com que alguém com demência seja ativo ou faça exercício pode nem sempre ser fácil, especialmente se não faz parte da sua rotina regular no presente ou no passado.
Pode ser útil não referir o exercício como exercício, mas apresenta-lo como apenas mais uma tarefa regular na rotina diária ou como uma atividade especial divertida como uma festa com dança.
É aconselhável que os idosos façam os movimentos ou exercícios acompanhados, porque muitas pessoas com demência têm dificuldade para iniciar atividades por conta própria e recordar sequências.
Fazer atividades ou exercícios em conjunto com alguém ou com um cuidador, permite demonstrar os movimentos, abrandar o ritmo conforme necessário e prestar assistência quando necessário.
Para o idoso ser capaz de imitar os movimentos e não ter a pressão de ter de se lembrar do que fazer torna a atividade física mais agradável para o próprio idoso.
Conduzir os idosos nos exercícios pode ser desafiante, mas pode ajudar a reduzir comportamentos mais agressivos e a melhorar os sintomas que geralmente surgem em idosos com demência ao final do dia, além de os ajudar a serem mais ativos também.
Que quantidade de exercício é recomendada?
Se um idoso é resistente ao exercício, é sempre melhor apresentar a situação como uma atividade normal e acompanhar sempre de perto os idosos para lhe dar segurança e os ajudar a completar os exercícios.
Começar devagar e repetir os movimentos conforme necessário, nunca esquecendo de aplicar muita paciência e ir sempre ajustando os diferentes passos ou movimentos conforme necessário.
A saúde, personalidade e capacidades cognitivas de cada pessoa são diferentes, por isso será necessário fazer algumas experiências para encontrar a quantidade e o tipo de atividade física que funciona bem para cada idoso.
Como objetivo geral, praticar a quantidade que ajuda os idosos a sentirem-se bem, tanto física como mentalmente. Numa perspetiva de começar devagar e o mais simples para o mais complexo e ir progredindo lentamente.
Qualquer quantidade de movimento é boa, mesmo que seja uma pequena quantidade. Não é aconselhável empurrar com demasiada força o idoso, porque não ajuda e pode causar lesões.
Por exemplo, algumas pessoas idosas podem preferir fazer algumas sessões de 10 minutos ao longo do dia. Outras podem gostar de fazer 30 minutos de uma só vez. E outras podem precisar de começar com apenas 2 minutos e acumular lentamente a partir daí.
Planear os exercícios para pessoas com demência
Uma boa compreensão do contexto de saúde e geral de uma pessoa com demência ajudará a planear as atividades apropriadas para cada pessoa.
O que significa conhecer o estilo de vida anterior da pessoa, história do trabalho, hobbies, interesses recreativos e sociais, experiência de viagens passadas e eventos de vida significativos.
Tentar não exagerar o estímulo da pessoa com demência. É importante ser-se seletivo com os passeios. Evitar multidões, movimentos constantes e ruídos, que muitas pessoas com demência consideram avassaladores.
Pode ser mais produtivo escrever um plano de cuidados de exercícios, sobretudo se diferentes pessoas estiverem a cuidar da pessoa idosa. Isto ajudará a garantir que os exercícios são consistentes e adequados às necessidades da pessoa com demência.
Uma outra abordagem, para os idosos com fraca mobilidade é utilizar capacidades que os idosos ainda possuem como barrar o pão ao pequeno almoço, lavar ou regar o jardim e varrer.
Estas são também formas em que a pessoa com demência pode contribuir para as suas próprias tarefas domésticas e sentir-se útil. Incentivar sempre que possível, os idosos a ter algo que seja da sua responsabilidade, por mais pequeno que seja.
Algumas das atividades ou exercícios físicos podem incluir movimentos que relaxam e dão prazer ao idoso.
Um idoso com demência pode apreciar um passeio ou caminhada, mesmo que não se lembre onde esteve. O importante é que o momento seja vivido de forma agradável, mesmo que a experiência possa ser rapidamente esquecida.
Os exercícios simples e sem pressa são as melhores opções. Dar o tempo e o espaço necessários para que a pessoa idosa possa fazer o máximo possível, concentrando-se numa coisa de cada vez.
As instruções devem ser comunicadas uma da cada vez e as atividades devem ser divididas em passos simples e manejáveis.
Benefícios dos exercícios físicos para a demência
O exercício físico regular é uma parte importante de um estilo de vida saudável e pode ajudar a manter o bem-estar.
A atividade física cria boas oportunidades aos idosos para socializarem com os outros, e pode ajudar a melhorar e manter a independência.
Isto é benéfico tanto para as pessoas com demência como para os seus cuidadores. O envolvimento em atividades físicas pode também melhorar a autoestima e o humor, o que por sua vez encoraja um maior envolvimento social que pode também contribuir para o bem-estar do idoso.
Os benefícios do exercício variam em função da pessoa. Mas em geral, ser ativo melhora a saúde e o bem-estar de muitas maneiras.
Uma pessoa com doença de Alzheimer ganha o mesmo tipo de benefícios com o exercício regular que qualquer outra pessoa, incluindo uma melhor aptidão cardiovascular, força e resistência.
É aconselhável falar sempre com o médico da pessoa idosa sobre o programa de exercício que vai começar ou antes de começar qualquer outro novo programa de exercício.
O exercício físico pode trazer muitos benefícios para a saúde dos idosos com demência, incluindo:
- Melhoria do estado de humor
- Melhorias no sono
- Probabilidade reduzida de obstipação
- Manutenção das capacidades motoras
- Redução do risco de quedas devido à melhoria da força e do equilíbrio
- Redução ou abrandamento do declínio mental associado à doença
- Memória melhorada
- Melhor comportamento, tal como redução da tendência para vaguear e agir agressivamente
- Melhor comunicação e competências sociais.
- Aumentar a calma para reduzir episódios de agitação
- Melhorar as capacidades físicas para as tarefas diárias
- Redução da depressão
- Melhorar a saúde do coração
- Ter um sentido de propósito e de realização enquanto se mantém o empenho e a mente e corpo ocupados
Quando é que o exercício não é apropriado?
É importante fazer exercício apenas tanto quanto a condição física do idoso no momento presente o permita. O excesso de exercício pode ser mau para a saúde e para o bem-estar geral.
Se o idoso sentir dor ou não se sentir bem enquanto participa nos exercícios, ou depois de aumentar os seus níveis de atividade física, deve parar de fazer os exercícios de imediato e procurar aconselhamento médico.
Dicas para exercícios físicos para idosos com demência
Antes de se iniciarem quaisquer exercícios é importante falar com o médico assistente da pessoa idosa e planear um check-up médico completo.
Outras condições de saúde, tais como artrite ou tensão arterial elevada, podem limitar os tipos de exercícios que a pessoa com demência pode realizar em segurança.
Um fisioterapeuta pode conceber um programa de exercícios que leve em conta a saúde e as capacidades em que a pessoa se encontra.
O ideal é começar lentamente. Por exemplo, talvez cinco minutos de exercício contínuo seja tudo o que a pessoa pode fazer no início.
Durante um período de alguns meses, ir adicionando um minuto extra de cada vez até a pessoa se poder exercitar confortavelmente durante 30 minutos.
De preferência ter alguém que demonstre os exercícios e pedir à pessoa idosa para seguir o exemplo. O tédio desgasta a motivação, por isso é importante misturar diferentes tipos de exercícios para manter a atividade interessante.
As sugestões para iniciar um programa de exercícios para uma pessoa com demência incluem:
Exercícios de baixo impacto
Caminhada
Um dos melhores exercícios é andar à volta da casa, do quintal, ou na rua durante qualquer quantidade de tempo, faz bem ao corpo e à mente.
Pode-se até combinar um passeio em conjunto com um cuidador e aproveitar para fazer algo como passear o cão ou ir à mercearia.
O exercício de ir da posição sentada para ficar de pé
Fortalece os músculos necessários para as atividades essenciais como a utilização da casa de banho.
Manter-se equilibrado numa posição de pé
Segurando um apoio quando necessário, melhora o equilíbrio e a postura, pode ser um exercício autónomo ou parte de uma atividade diária como lavar a louça.
Sentar-se sem apoio durante alguns minutos por dia
Com supervisão constante para evitar quedas, fortalece os músculos abdominais e das costas necessários para manter uma boa postura.
Esticar o corpo enquanto deitado na cama
Mover várias partes do corpo e esticar músculos rígidos, isto pode ser feito com assistência de um cuidador ou de forma independente
Exercícios de impacto moderado
Alongamentos ou exercícios de força
Fazer uma simples rotina de alongamento a partir de uma cadeira ou uma rotina de força e equilíbrio.
Tai chi
Rotinas de exercícios físicos que envolvem todo o corpo e que podem ser adaptadas para uma variedade de condições físicas ou uma rotina de tai chi na posição sentada.
Jardinagem
Algo simples como eliminar ervas daninhas ou cortar e aparar a relva são boas formas de exercício e pode dar uma sensação de realização.
Tarefas domésticas
As tarefas básicas podem ser um grande exercício, como dobrar a roupa, limpar o pó ou aspirar levemente. A maioria das pessoas com doença de Alzheimer pode continuar a realizar certos tipos de tarefas domésticas se forem supervisionadas.
Exercícios que não parecem exercicios
O exercício físico pode ser qualquer atividade física que aumente o ritmo cardíaco. Mas, algumas atividades não são sentidas como exercício estruturado.
Eis alguns exemplos:
Dançar
Esta é uma atividade divertida que não parece exercício e que pode ser feita ao ritmo próprio de cada um.
Tocar a música de dança preferida dos idosos em casa e fazer uma festa de dança privada na sala de estar, ou procurar eventos sociais em centros de idosos que incluam a dança.
Os clubes de idosos incluem frequentemente festas dançantes no seu calendário social. Se a pessoa com demência não souber dançar, danças simples podem ser aprendidas e apreciadas, desde que alguém possa assumir a liderança.
Aula de exercício
Alguns centros de idosos ou organizações de apoio a idosos oferecem aulas especificamente para pessoas com demência.
Exercício aquático
Permite exercitar o corpo todo e ajuda o idoso a dormir melhor.
Dicas para fazer exercícios nas melhores condições
Antes de exercitar o corpo é necessário garantir que se está nas melhores condições, assim podem ser aplicadas algumas estratégias como estas:
- Aquecer sempre os músculos antes de iniciar uma rotina de exercício, e arrefecer no final
- Começar com sessões mais curtas e ir aumentando lentamente
- Experimentar o exercício aquático como a hidroginástica, porque são mais suaves para as articulações e requerem menos equilíbrio
- Exercitar num ambiente seguro
- Evitar pisos escorregadios e má iluminação ou tapetes no chão
- Se houver dificuldade em manter o equilíbrio, fazer exercício junto a um carril ou objeto que se possa agarrar
- Se em qualquer altura o idoso se sentir mal, parar a atividade e procure o médico
- Selecionar atividades que o idoso gosta e manter a persistência
A segurança é a principal prioridade
A segurança do idoso deve ser uma prioridade máxima, independentemente do tipo de exercício que esteja a fazer.
Verificar sempre com o médico do idoso antes de se acrescentar ou alterar uma rotina de exercício, e controlar o nível de conforto da pessoa durante o exercício.
Se o idoso puder falar confortavelmente, é um sinal de que é seguro continuar os exercícios. Se idoso tiver dificuldade em falar ou respirar, descansar ou abrandar a atividade.
Encorajar o idoso a manter a hidratação antes, durante e depois do exercício, e fazer pausas conforme necessário.
O exercício é útil de muitas maneiras para os idosos com demência, mas a principal prioridade é garantir que se mantêm seguros antes, durante e depois das atividades físicas.
Algumas dicas de segurança incluem:
Antes de começar, verificar com o médico se o exercício é seguro para as condições físicas e cognitivas do idoso.
Monitorizar o nível de esforço, verificando com breves conversas. Se o idoso conseguir falar sem ficar com falta de ar, é porque o ritmo é confortável.
Se não conseguirem manter uma conversa porque estão a respirar com muita força, é melhor abrandar o ritmo. Garantir que os idosos consomem bastante água antes, durante e depois do exercício.
Para atividades fora de casa, certificar de que estão a usar identificação pessoal ou um localizador GPS, no caso de se perderem ou separarem de quem os acompanha.
Se os idosos ficarem tontos, fracos, ou sentirem dor, parar imediatamente e descansar. Falar com o médico para saber se o exercício no futuro será seguro.
O exercício pode ser útil para pessoas com demência, mas é importante que as atividades sejam seguras.
As sugestões para melhorar a segurança incluem:
Falar com o médico e fisioterapeuta da pessoa idosa sobre o exercício apropriado à medida que a demência avança.
Prevenir que se percam quando os exercícios são feitos fora de casa.
Utilizar máquinas de pesos em vez de halteres ou aparelhos que possam ser largados e cair em cima dos idosos.
Mantenha a conversa a fluir para controlar o quão envolvido e capaz o idoso está e abrandar se o idoso não conseguir falar sem ofegar.
Para atividades ao ar livre, certificar de que a pessoa idosa está protegida do sol e cobrir com roupa e chapéu e aplicar protetor solar em todas as áreas expostas da pele do idoso.
Se a pessoa idosa se queixar de sentir tonturas ou desmaios, ou disser que tem qualquer tipo de dor, parar de imediato a atividade.
Algumas pessoas com demência terão participado em exercícios de forma regular ao longo dos anos, por isso não será novidade para elas, enquanto outras poderão ter feitos muito pouco exercício.
Quanto mais novos forem os idosos com demência maior será a sua capacidade de realizar uma maior quantidade de atividade física.
As pessoas que não tenham participado em qualquer exercício físico regular durante algum tempo, ou aqueles com certos problemas de saúde, devem considerar a possibilidade de procurar aconselhamento médico.
Falar com um médico, fisioterapeuta ou profissional de saúde relevante antes de iniciar qualquer novo exercício ou atividade física, se a pessoa tiver alguma das seguintes condições:
- Problemas cardíacos
- Tensão arterial elevada
- Dores no peito inexplicáveis
- Tonturas ou desmaios
- Problemas ósseos ou articulares
- Problemas respiratórios
- Problemas de equilíbrio
- Quedas frequentes
Estas condições de saúde podem não impedir alguém de participar em exercício. Na realidade, muitas destas condições podem ser melhoradas através do exercício físico, mas é recomendável pedir primeiro o conselho médico.
É importante escolher atividades que sejam adequadas para a pessoa e que esta considere agradáveis.
O exercício pode ser feito individualmente, com supervisão de alguém ou num pequeno grupo. Algumas pessoas idosas poderão ter que experimentar algumas atividades diferentes para ver o que melhor lhes convém.
Conclusão
Manter a atividade física pode melhorar o bem-estar dos idosos com demência.
O exercício é uma excelente forma, e sem recurso a medicamentos, de elevar o humor e reduzir os comportamentos difíceis que podem surgir em pessoas com demência, como agitação, agressão, sono perturbado, entre outros.
É importante escolher atividades físicas que sejam agradáveis e seguras para o nível de capacidade da pessoa idosa.
Manter a atividade física pode melhorar o sono, a força, a flexibilidade e a circulação. O exercício é adicionalmente uma ótima forma de reduzir o risco de queda e pode reduzir a dor. Além disso, é uma excelente forma de aumentar o humor e a autoestima.
Encorajar pessoas com demência a fazer alguma atividade física pode muitas vezes ser difícil, especificamente se não tiverem feito qualquer exercício no passado.
Pode ser mais produtivo para estimular o idoso a fazer mais exercício, se não for referido como exercício, mas como apenas uma tarefa diária regular na sua rotina diária ou como um evento que é também um passatempo entusiasmante como uma festa.
Outro fator a considerar é que as pessoas com demência têm dificuldade em iniciar atividades por conta própria e em recordar sequências. Por isso, é recomendado fazer exercício acompanhado por um cuidador ou um familiar.
Desta forma, pode-se mostrar os movimentos, manter o ritmo a um mínimo e ajudar quando necessário.
Permitir que o idoso copie os movimentos de outra pessoa pode tornar o exercício físico numa atividade sem stress e mais agradável para o idoso em tratamento.
Ajudar os idosos num exercício, é uma excelente forma de minimizar comportamentos mais difíceis, suavizar alguns sintomas da demência e também a ajudar a que o idoso mexa o corpo, contribuindo assim para o seu bem-estar.
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Referências:
- Alzheimers UK
- Better Health
- DailyCaring
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