A pouco e pouco deixa de ouvir alguns sons do ambiente circundante.
Os anos passam e cada vez mais sons vão escapando da perceção, até que um dia se apercebe que os ouvidos já não são o que eram.
A perda progressiva da audição natural nos dois ouvidos ao longo da vida, que é decorrente do envelhecimento, tem um impacto muito grande na qualidade de vida dos idosos, acabando por ter consequências muito diversificadas.
Afeta não só a vida social e familiar, como pode também contribuir para a ocorrência de quedas e consequentes sequelas.
A progressiva dificuldade para ouvir bem vai-se desenvolvendo à medida que vamos envelhecendo.
Cerca de 11% das pessoas entre os 44 e os 54 anos já mostram alguns sinais de alguma perda auditiva.
Entre os 55 e os 65 anos a percentagem aumenta para cerca de 25%, alcançando cerca de 50% na população com mais de 70 anos.
Causas para perda de audição
As causas para o desenvolvimento de surdez com o avançar da idade são múltiplas. A hereditariedade e a exposição prolongada a ruídos intensos, podem ser alguns dos fatores que mais contribuem, mas na verdade outras causas podem ser apontadas:
- Utilização em excesso de antibióticos
- Grande utilização de aspirina
- Diabetes
- Hipertensão
- Exposição a metais ou substâncias tóxicas
- Trauma físico
- Consumo de tabaco
Consequências da perda de audição
Com a crescente falta de audição surgem outras complicações, como a ocorrência de zumbidos, vertigens e desequilíbrio.
As frequências mais altas de som, as que rondam os 2000 Hz, são as primeiras a deixarem de ser ouvidas.
Mas, com o passar dos anos, mesmo as frequências de som mais baixas, como as que estão associadas à fala humana acabam por se perder.
Na fala humana as vogais têm geralmente frequências médias e baixas de som, mas as consoantes, por outro lado, têm uma frequência mais alta.
Este fator leva a que muitos idosos consigam ouvir a falar, mas não entendem o que está a ser dito, porque não conseguem já alcançar o som das consoantes.
Como a deficiência auditiva progressiva nos idosos prejudica o aparelho vestibular, que é a zona responsável dentro do ouvido, pelo equilíbrio e pelo controle da postura corporal, a probabilidade de ocorrerem quedas aumenta.
Esta situação é agravada pelo declínio cognitivo que também ocorre com o envelhecimento e que por sua vez se agrava devido à perda de audição.
Assim, estamos perante um sistema em círculo, em que a surdez progressiva reduz a capacidade cognitiva e dificulta a execução de funções do dia a dia, como a manutenção do equilíbrio e o caminhar.
De acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos, a cada dez decibéis que não são ouvidos pelos idosos, a probabilidade de queda aumenta 1,4 vezes.
Mesmo quando a perda auditiva é leve e não muito acentuada, a probabilidade de queda pode aumentar até 3 vezes mais, quando comparado com uma audição normal.
Esta probabilidade de queda aumentada acontece porque a surdez implica uma perceção do ambiente circundante menos eficaz, o que potencializa grandemente a ocorrência de acidentes e quedas.
Consequências das quedas
As quedas são um verdadeiro problema de saúde que afeta os idosos, sendo responsáveis por uma grande parte dos internamentos hospitalares das pessoas de idade.
Muitas das quedas causam fraturas que exigem tratamento cirúrgico, havendo riscos associados à realização da cirurgia.
Além do risco de desenvolvimento de complicações cardíacas, podem ocorrer também infeções, bloqueio da artéria pulmonar, ou mesmo a morte.
Outra função que é muitas vezes afetada por uma queda é a mobilidade. Os idosos passam a necessitar de apoio nas atividades da sua vida diária, dado que as quedas podem causar algum tipo de incapacidade, quer esta seja temporária ou permanente.
Conclusão
Não existe propriamente um tratamento que possa prevenir ou curar a surdez provocada pelo envelhecimento.
Além disso, a maior parte dos idosos demora muito tempo para procurar a ajuda do médico para a sua audição, dado que o processo tem um início muito lento e subtil.
Por esta razão, a maioria das pessoas de idade que sente a perda da capacidade de ouvir, acaba por encarar o processo como um facto inevitável e sem solução.
No entanto, quando a doença não é tratada adequadamente e os seus efeitos minimizados, a situação pode levar a um isolamento social acentuado e progressivo, gerando situações de angústia e depressão que podem ser mais graves ainda se existirem outras limitações como a falta de visão ou dificuldade para andar.
Nestes casos, um Serviço de Apoio Domiciliário pode fazer toda a diferença na qualidade de vida do idoso, ajudando-o a estabelecer uma ligação com o que o rodeia, potenciando assim uma maior qualidade de vida.
Juntos Cuidamos Melhor!
Referências:
- Journal Aging Health
- US National Library of Medicine
- National Institutes of Health
*Atenção: O Blog Mais que Cuidar é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com saúde e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.