Um teste ao sangue recente apresentou um grande potencial para diferenciar pessoas portadoras e não portadoras da doença de Alzheimer.
Apontando também para a possibilidade de detetar a doença em pessoas com comprovado risco genético de a desenvolver até 20 anos antes de o declínio cognitivo se manifestar.
Ao longo do tempo o diagnóstico desta doença tem-se baseado sobretudo na caraterização das placas amiloides e nos emaranhados da proteína tau no cérebro, esta caraterização é feita sobretudo depois do paciente morrer.
Um teste simples, barato e rápido ao sangue para deteção destas placas e emaranhados poderá ter um impacto profundo no tratamento da doença.
De acordo com um extenso estudo internacional cujos resultados foram apresentados na Conferência da Associação Internacional de Alzheimer e publicados no Journal of the American Medical Association, fazer a medição dos níveis de proteína tau (phospho-tau217) através da amostra de sangue, poderá ajudar a encontrar indicadores sensíveis e rigorosos da existência de placas e emaranhados neurofibrilares da proteína tau em indivíduos vivos.
Os investigadores da Universidade de Lund analisaram a proteína tau através de uma amostra de sangue de 1,402 participantes de vários estudos sobre a doença realizados na Suécia, Arizona e Colômbia. Apenas uma parte dos participantes sofriam de declínio cognitivo, os restantes eram participantes saudáveis.
As amostras do Arizona incluíram 81 indivíduos incluídos num programa de doação de cérebros que foram clinicamente seguidos no Banner Sun Health Research Institute, onde providenciaram amostras de sangue nos seus últimos dias de vida e foram objeto de análises neuropatológicas após a sua morte.
Na Suécia foram 699 participantes que facultaram fluido cerebrospinal, biomarcadores sanguíneos e imagiologia cerebral. E por último na Colômbia, foram analisados 522 participantes com e sem marcadores para a doença de Alzheimer.
Nos três grupos de participantes a análise ao sangue teve uma precisão entre os 89% e os 98% na deteção da proteína tau, comparando entre os participantes detentores e não detentores da doença.
Nos últimos dois anos os investigadores alcançaram progressos consideráveis no desenvolvimento de testes sanguíneos à substância amilóide, apresentando informação pertinente para a identificação de marcadores do mal de Alzheimer.
Embora ainda haja um caminho a percorrer até o teste estar disponível para usar clinicamente, a análise à proteína tau a partir de uma simples amostra sanguínea que apresenta detalhada informação sobre as placas senis e os emaranhados neurofibrilares, pode facilitar o avanço na investigação e no cuidado prestado aos doentes.
O Alzheimer é uma patologia debilitante e incurável com caráter progressivo e neurodegenerativo, com um quadro de deterioração cognitiva e da memória a curto prazo e com uma variedade de sintomas e alterações comportamentais que tendem a agravar ao longo do tempo.
Portugal ocupa o 4º lugar na Europa com mais casos da doença por mil habitantes.
Para saber mais sobre a doença, os sintomas e o tratamento pode consultar o artigo sobre Alzheimer na Mais que Cuidar.
Referências:
- Discriminative Accuracy of Plasma Phospho-tau217 for Alzheimer Disease vs Other Neurodegenerative Disorders. JAMA, 2020
- Lund University. (2020, July 29). New blood test shows great promise in the diagnosis of Alzheimer’s disease. ScienceDaily. Retrieved August 10, 2020 from www.sciencedaily.com/releases/2020/07/200729114404.htm
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